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Aluna diz que está nua e professor oferece meio ponto para ela abrir câmera

O caso aconteceu durante uma aula virtual da Faculdade de Direito de Franca, em São Paulo. Os dois dizem que não foi caso de assédio

atualizado

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Professor oferece ponto para aluna abrir câmera após ela falar que está nua
1 de 1 Professor oferece ponto para aluna abrir câmera após ela falar que está nua - Foto: Reprodução

Um professor de direito penal, identificado como William Tristão, ofereceu meio ponto extra para uma aluna ligar a câmera após ela afirmar que estava sem roupa, na última segunda-feira (28/9). O caso aconteceu durante uma aula virtual da Faculdade de Direito de Franca, em São Paulo.

Em algum momento da aula, o professor pede para a estudante abrir o vídeo. A estudante se recusa e justifica que está sem roupa porque ia tomar banho. “Não posso abrir”, diz. Em seguida, o docente brinca: “Meio ponto para você abrir a câmera”.

Tristão insiste com mais veemência: “Abre a câmera aí”. Após a estudante manter a recusa, o professor continua: “Sério que você me falou isso no meio da aula?”, questionou.

“Meio ponto”, avisa o professor. “Obrigada”, diz a aluna, que entendeu que havia ganhado ponto extra. “Não, (o meio ponto) é para você abrir a câmera. Acha que eu vou te dar meio ponto para você abrir o áudio e vir me chatear?”, pergunta Tristão.

A universitária, então, nega e diz que “abrir a câmera não vale” a pontuação, e que ela pode estudar para conseguir a nota. Ao portal local GCN, o docente diz conhecer a família da aluna e que o caso não passou de uma “brincadeira”.

“Em nenhum momento houve assédio. A própria aluna me ligou e disse que não se sentiu assediada. Ela falou o mesmo para o vice-diretor. Eu já a conhecia, os nossos pais trabalharam juntos e existia um contato anterior. Nós temos uma amizade”, explicou Tristão.

A universitária negou o assédio e afirmou que quer evitar interpretações erradas sobre o caso. “A situação foi distorcida e não mostrou toda a situação. Não quis e não quero me identificar pois estou sendo exposta. Eu sou a ‘ofendida’ e ninguém escuta o que eu falo. Parece que só querem aparecer e prejudicar tanto a mim quanto a faculdade e o professor”, afirmou.

Diretório Acadêmico

Em nota, o Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito de Franca repudiou as atitudes do professor. Confira na íntegra:

“O Diretório Acadêmico 28 de março vem repudiar os atos de assédio moral e sexual denunciados pelos alunos da Faculdade de Direito de Franca. Reiteramos, como uma pauta já expressa, que todo e qualquer tipo de abuso agravado pela manipulação através das relações de poder instituídas na academia são absolutamente inaceitáveis. Tais práticas, apesar do tom de brincadeira, ferem não apenas a ética das relações educacionais, mas o próprio processo de construção científica e a responsabilidade das instituições na formação de recursos humanos”.

O diretório protocolou ainda um ofício requerendo a abertura de uma sindicância para avaliar a conduta do professor. A direção da faculdade afirmou que vai apurar o que aconteceu e ouvir todos os lados envolvidos.

Caso seja constatado qualquer tipo de assédio ou desrespeito, o professor poderá sofrer punições que vão desde o afastamento até a exclusão.

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