Lula apanhou quando era investigado pela Lava Jato; apanhou quando foi preso e condenado; apanhou porque o Supremo Tribunal Federal mandou soltá-lo; apanhou quando anunciou que seria candidato a presidente; apanhou durante a campanha; e apanhou porque se elegeu. Que mais?

Apanhou porque prometera montar um governo que incorporasse as forças políticas que o apoiaram e não dava pinta de que o faria. Apanhou depois de fazer o que prometera porque não seria tão amplo assim, e nem daria certo. Apanhou porque – quem sabe? – talvez pudesse ter evitado o golpe de 8 de janeiro, e não o fez.

Então seguiu apanhando – ora porque tratou mal o presidente do Banco Central e cobrou juros mais baixos; ora porque duvidou do plano do PCC para sequestrar Sérgio Moro, ora porque iria à China justamente agora quando ela reforça seus laços com a Rússia; ora porque sabotava a nova regra fiscal do ministro Fernando Haddad.

Depois de defenderem o presidente do Banco Central, tão maltratado por Lula, os empresários começaram a reclamar dos juros altos, e seguem reclamando. O agronegócio desembarcou na China com apetite para expandir suas atividades. E, ontem, Lula aprovou o tal do arcabouço fiscal do ministro da Fazenda.

Oi! Mas Lula não havia se rendido às pressões da esquerda do PT, essa, sim, declaradamente contrária ao plano de Haddad? Não estaria disposto a gastar o que pudesse e o que não pudesse para satisfazer as necessidades dos brasileiros mais pobres que garantiram sua vitória sobre Bolsonaro? E, agora, o que se dirá?

De saída, é simples. Dir-se-á que, de fato, se adotado para valer, o plano de Haddad poderá até dar bons resultados, mas acontece que talvez não seja. Porque Lula é antes de tudo uma metamorfose ambulante – hoje diz uma coisa, amanhã outra. Portanto, não é confiável. Mais adiante poderá mudar de posição.

Sem falar que ele não tem votos no Congresso para aprovar o que Haddad propõe, e dificilmente terá um dia. Pau no Lula, pois. Joga pedra nele. Ele foi feito para apanhar.