É muito cedo para a Justiça baixar armas
Curioso: caberá a um governo do PT salvar a democracia ameaçada
atualizado
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Agora, parece fácil recomendar mais contenção aos ministros do Supremo Tribunal Federal, elogiar os que só falam nos autos de processos, e advertir os que costumam se exceder.
Mas, se não fossem eles, em que situação estaria o país? Bolsonaro tentou golpear a democracia ao longo dos seus 4 anos de governo. Contava com o apoio ou omissão das Forças Armadas.
A maior parte da classe política fingiu não ver. Parte da mídia, também. O mercado financeiro, idem. Deitado em berço que nunca foi esplêndido, o país caminhava ao encontro do seu destino.
Foi o Supremo Tribunal Federal, e o Tribunal Superior Eleitoral, que resistiram ao que estava à vista de todos. Chegou-se ao ponto de quartéis virarem incubadoras de terroristas.
Fracassou o golpe tentado em 8 de janeiro último. A prisão de mais de mil vândalos pode ter abrandado o ímpeto dos que queriam destruir a democracia, pondo em seu lugar uma ditadura.
Mas talvez o verbo certo seja esse mesmo: abrandar. Ou qualquer outro dos seus parentes: acalmar, amansar, amortecer, aplacar, atenuar, conter. (Salve a riqueza da língua portuguesa!)
Se existiu um dia, a direita civilizada resume-se, hoje, a um grupo pequeno de liberais e conservadores à moda antiga. A extrema-direita cooptou os que se diziam liberais e conservadores.
Talvez nunca mais a Praça dos Três Poderes, em Brasília, assista a um espetáculo de horror semelhante ao que ocorreu, mas não significa que a violência não se repetirá em outras partes do país.
O bolsonarismo pode estar com seus dias contados diante da inconsistência e da frouxidão do seu líder; a extrema-direita está viva, forte e em marcha. É cedo para a Justiça baixar armas.