Os bistrôs parienses têm um charme por si só. Eles são simples, esteticamente falando, mas carregam boa dose de harmonia entre instalações físicas e cardápio. Os menus são feitos com ingredientes frescos, preços honestos e sabor agradável. Quando foi criado em 1990, o Café Savana pretendia trazer essa proposta e atmosfera para a cidade.
Talvez durante alguns anos, o Savana tenha cumprido esse papel. Porém, o mundo dos bistrôs mudou. A gastronomia desses lugares teve ajustes naturais com todo o avanço e descobertas da culinária mundial.
O Café Savana mudou pouco. De cara e de cardápio. Isso não é necessariamente ruim, considerando que você regula sua expectativa em relação ao lugar, comida e proposta. Sempre vou lá sabendo que não vou a um restaurante Michelin. Mas, minimamente, qualquer casa tem de cumprir preceitos básicos como boa execução e atendimento. Por isso, a análise que faço agora já inclui essas perspectivas.

CheesecakeBárbara Cortez/Metrópoles

CheesecakeBárbara Cortez/Metrópoles

File à parmegiana, creme de milho e arrozBárbara Cortez/Metrópoles

Filé à parmegiana, creme de milho e arrozBárbara Cortez/Metrópoles

Salpicão é o ponto alto do restauranteBárbara Cortez/Metrópoles

Legumes na manteiga ou no azeite acompanham bem Bárbara Cortez/Metrópoles
Quando quentinhas, as quiches e as tortas, todas feitas na própria cozinha, são saborosas, bem temperadas e equilibradas de ingredientes do recheio e “ovos batidos”. O salpicão e a salada tropical são de babar, uma delícia no sabor e na aparência. Já a saladinha servida no almoço executivo precisa de mais esmero e atenção. Os ingredientes não precisam vir de maneira tão desleixada.
No cardápio, muitas opções. O Savana tem almoço executivo. Das vezes que fui, confesso que não gostei de quase nada. No filé à parmegiana, o molho de tomate estava bem ácido e o creme de milho, doce. Outra vez, comi nhoque frio com o mesmo molho de elevada acidez e a massa de batata, além de grande, estava sem sabor e foi servida antes de estar, pelo menos, al dente. No polpettone, ausência de tempero, de alguma erva ou especiaria.
Prefiro pedir os pratos do cardápio normal. O filé com molho de tamarindo e pimenta rosa (R$ 49,90 – com dois acompanhamentos), sem dúvida, é destaque. Combina super bem com o mix de legumes, cozidos al dente,passados na manteiga ou no azeite, e o salpicão. O peito de frango com emmental e parma também cai bem ao paladar. Usualmente, esta parte da ave é mais seca, mas ganha camada de sabor com queijo e presunto. Tiraria apenas o molho ácido de tomate que vem embaixo do frango.
Agora, o filé a poivre (R$ 48,00) está longe de seguir a receita original, seu molho é puro creme de leite. Tanto é que a cor do molho não é escura. Um horror, de sair correndo. O cheesecake segue a mesma linha. A massa é grossa; o recheio, pesado e denso, parecendo um bloco de queijo. A geleia já fica disposta e descansa em cima da camada de queijo até a cor passar pro recheio. Uma sensação bem desagradável.
O café precisa de reforma, dar uma atualizada no visual. Ao longo de sua história, o espaço mudou de cara uma vez. É engraçado, pois a disposição do balcão não permite que você consiga ver quem está por lá. Há uma necessidade, no meu ponto de vista de arquiteta, de deixar o ambiente mais fluido e leve.
Ao longo de 27 anos, o Savana é um grande herói da resistência. O café-bistrô passou incólume por sete diferentes presidentes da República e está lá firme e forte. Resistência não só por existir, mas por saber que a vida gay e cultural da cidade já o teve como um dos principais pontos de encontro e de partida para festas e boates.
O Savana serve para um lanche e um papo despretensioso com uma taça de vinho ou cerveja gelada. Não espere mais do que isso.
Cortês sim; omissa, não.
Devo ir?
Sim.
Ponto alto:
As saladas.
Ponto fraco:
O molho de tomate.
Savana Café
Na 116 Norte, Bloco A, loja 4. Telefone: (61) 3347-9403