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Acusado de liderar Máfia das Próteses está preso em batalhão da PM

Detido desde 1º de setembro, o médico Johnny Wesley tem registro ativo na OAB e, por isso, ocupa vaga em alojamento especial

atualizado

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Michael Melo/ Metrópoles
Operação Mister Hyde
1 de 1 Operação Mister Hyde - Foto: Michael Melo/ Metrópoles

A Justiça negou habeas corpus para o médico apontado como líder da Máfia das Próteses. Preso desde 1º de setembro, quando foi deflagrada a Operação Mr. Hyde, Johnny Wesley está detido em um alojamento especial do 19º Batalhão da Polícia Militar, próximo ao Complexo Penitenciário da Papuda.

Formado em direito e com registro profissional ativo na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o médico tem direito à chamada Sala de Estado Maior — local destinado a advogados presos que aguardam julgamento. Como o DF não possui essa instalação específica, prevista no Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94), o batalhão acaba sendo responsável pela custódia desses presos.

O médico e advogado conseguiu o benefício em 8 de setembro, uma semana após ser detido. Antes, ele já havia passado pela carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE) e pelo Centro de Detenção Provisória (CDP).

A reportagem procurou a OAB-DF para questionar se há a possibilidade de Johnny Wesley perder o registro na entidade. Por meio da assessoria de imprensa, a Ordem afirmou que não existe denúncia ou procedimento formalizado contra o médico atualmente. “Se a OAB for provocada, tomará as medidas cabíveis”, afirmou. O advogado de defesa de Johnny Wesley também foi procurado, mas a reportagem não obteve retorno.

Detento tranquilo
De acordo com fontes ouvidas pelo Metrópoles, Johnny Wesley divide o alojamento com outros quatro presos, todos advogados e com a prerrogativa de ocupar o espaço. Introspectivo e de poucas palavras, o médico ficou conhecido no batalhão por ser um detento tranquilo, que não faz exigências ou dá qualquer tipo de trabalho. “Ele come a mesma comida que todos os presos e usa a mesma roupa determinada para cada um dos internos”, afirmou a fonte.

Se na cadeia ele é discreto, o histórico acadêmico de Johnny Wesley chama a atenção dos investigadores. Além das graduações em direito e medicina — esta última pela Universidade Federal de Goiás, onde se formou em 1993 —, ele tem outros diplomas. Especialista pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia e pela Fundação Hospitalar do Distrito Federal, é neurocirurgião com doutorado pela Universidade de Brasília (UnB), concluído em 2005.

Líder do grupo e réu
Em 23 de setembro, Johnny Wesley se tornou réu, ao lado de outros 16 acusados de integrar a Máfia das Próteses. Todos foram denunciados pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) por organização criminosa. A pena é de três a oito anos de prisão e multa. Johnny Wesley, entretanto, pode ter a punição agravada porque é acusado de ser um dos mentores do esquema. A denúncia é apenas a primeira etapa da apresentação de uma série de crimes que o MPDFT pretende fazer à Justiça.

Serão oferecidas ainda muitas denúncias pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos, lesão corporal e crime contra a saúde. Mas os fatos serão individualizados, de acordo com a atuação de cada um

Maurício Miranda, titular da Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-Vida)

O esquema
Segundo investigadores da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), Johnny Wesley é sócio oculto da TM Medical, empresa que fornecia próteses superfaturadas pagas por planos de saúde. Muitos pacientes eram mutilados para que integrantes da organização criminosa pudessem usar os materiais da TM Medical em cirurgias desnecessárias.

Ao menos 200 pacientes foram vítimas do grupo somente em 2016.

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