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Emissário da propina negociaria cargos fantasmas na Câmara Legislativa

Conversas flagradas pela Drácon no celular de Alexandre Cerqueira sugerem que ex-assessor cobrava comissão sobre salários de indicados

atualizado

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Suzano Almeida/ Metrópoles
Alexandre braga Cerqueira
1 de 1 Alexandre braga Cerqueira - Foto: Suzano Almeida/ Metrópoles

O material apreendido na Operação Drácon começa a desenrolar um complexo novelo que vai além da suposta cobrança de propina em troca da liberação de emendas parlamentares. Conversas de WhatsApp flagradas no celular de Alexandre Braga Cerqueira indicam que o ex-secretário executivo da Terceira Secretaria da Câmara Legislativa negociava cargos para funcionários fantasmas. E cobrava comissão sobre os valores recebidos.

Os investigadores do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) e da Polícia Civil encontraram 354 arquivos de conversas de WhatsApp, feitas entre 2013 e 2016, no celular de Cerqueira. Os diálogos do homem apontado como suposto emissário da propina no esquema da Drácon chamaram a atenção. Em um dos trechos, de 19 de setembro de 2013, é cobrado um valor que seria parte do salário de R$ 10.620,59 de uma servidora comissionada, identificada nos contatos do smartphone como “Viviane — Prima”.

 

Cerqueira diz estar preocupado, pois uma pessoa identificada como “o cara” precisava receber o dinheiro. Viviane responde que está fora da Casa, “atendendo clientes, fazendo entrevistas e testes para empregos”, apesar de o nome dela constar, na época, nos quadros funcionais da CLDF. “Dá um jeitinho aí pro cara não ficar bravo”, cobra Alexandre Cerqueira.

Um ponto curioso reforça a tese de que “Viviane — Prima” era uma funcionária fantasma. Semanalmente, Cerqueira alertava a mulher que não se esquecesse de ir à Câmara Legislativa para bater o ponto de frequência dos servidores.

Os diálogos ainda mostram uma relação próxima entre os dois. Em um dos trechos, a mulher avisa que os pais dela estavam “mandando beijos e desejando feliz aniversário” ao ex-servidor.

Datas coincidentes
Segundo relato de servidores ouvidos pelo Metrópoles sob a condição de anonimato, “Viviane — Prima” é Viviane Amorim Ferreira da Cruz. A mulher foi lotada por alguns meses entre 2013 e 2014 no gabinete do então deputado distrital Aylton Gomes (PR). Gomes, réu na Operação Caixa de Pandora, era um dos padrinhos que Cerqueira teve na Câmara Legislativa nas duas décadas em que o agora ex-assessor atuou na Casa.

De acordo com o Diário da Câmara Legislativa, Viviane foi exonerada em ato publicado em 5 de fevereiro de 2014. Coincidentemente, as conversas de Cerqueira com ela duraram até março de 2014. A partir de então, não houve mais registros no telefone apreendido pelo MPDFT e pela Polícia Civil.

DCL/Reprodução

 

Outra nomeação
As mensagens de WhatsApp de Cerqueira que estão em poder das autoridades revelam outras conversas sobre nomeações de servidores. Um deles é Alexandre Ferreira Bispo de Oliveira, que foi nomeado para exercer cargo de assessor da Mesa Diretora em 10 de fevereiro de 2015.

Em 4 de janeiro deste ano, Cerqueira pede a Oliveira que “assine o restante da folha de dezembro”, já que o comissionado passa “boa parte do tempo viajando”. O servidor está lotado na estrutura da Terceira Secretaria, sob comando de Bispo Renato Andrade (PR). O parlamentar é um dos cinco distritais denunciados pelo MPDFT por corrupção passiva, como parte da Drácon. Bispo Renato Andrade também tinha laços com Alexandre Cerqueira, que acabou exonerado dias após o início da operação, em agosto.

Outro lado
Procurado pelo Metrópoles para falar sobre as supostas negociações de cargos feitas por Cerqueira, Bispo Renato Andrade informou desconhecer a prática. O parlamentar disse não poder responder por conversas de terceiros. “Quanto ao servidor Alexandre Ferreira Bispo, o mesmo está lotado na estrutura da Câmara Legislativa e, portanto, não frequenta diariamente o gabinete parlamentar.  A equipe do deputado é composta de pessoas que trabalham interna e externamente”, afirmou o distrital, por meio de assessoria.

Já a defesa de Alexandre Cerqueira negou que Viviane seja parente do ex-secretário executivo, apesar de ela constar nos contatos do celular dele como “Prima”. De acordo com o advogado Marcelo Moura, o tema é “estranho à denúncia da Operação Drácon”.

Moura destacou, porém, que tanto Viviane da Cruz quanto Alexandre Oliveira “exerceram ou exercem de forma efetiva cargos na CLDF”. A reportagem não conseguiu localizar Viviane ou Oliveira para que eles comentassem o assunto.

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