metropoles.com

Descubra três desenhos animados para começar a ver ainda hoje

BoJack Horseman, Rick and Morty e Trollhunters reúnem qualidade e humor inventivo

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução
rick and morty
1 de 1 rick and morty - Foto: Reprodução

Alucinação, histeria, sonhos, deslocamento do mundo real. Assim são as coisas no mundo da animação e dos quadrinhos. O desenho permite que a imaginação voe para onde quiser. E não é à toa que estas duas mídias começam (em sua forma moderna) meio que juntas: quadrinhos alucinados como Krazy Kat e O Pequeno Nemo são publicados ainda em 1905. O mago dos quadrinhos Winsor McCay já fazia desenhos animados em 1914. Walt Disney começa a chutar as portas já em 1920.

É por isso que, mesmo sendo professor de cinema e quadrinhos, a animação me interessa em grande medida, após ter percebido que uma coisa com certeza conflui na outra. Confesso: nesses últimos tempos, estou mais ocupado com a televisão. Perdão, grandes cineastas asiáticos. Desculpe-me, nova geração de brilhantes quadrinistas brasileiros. Meu negócio agora é ver desenho animado.

Gostaria de indicar três séries animadas ótimas, todas com bom senso de humor, referências fora do comum, forte pé no mundo do sonho e roteiros muito bem sacados. Todas disponíveis no Netflix, o que torna tudo mais fácil.

BoJack Horseman
Lançada em 2014, “BoJack” é uma espécie de sitcom, só que virada do avesso. É fácil imaginá-la com atores reais (live action), em situações cômicas e dramáticas (na tradição da teledramaturgia americana), funcionando em tramas coerentes. Porém, toda esta encenação é revestida de uma película de absurdo. Humanos convivem com animais, que mantêm suas características, mas agem como… Humanos.

O protagonista é o personagem-título, um cavalo de meia idade que viveu a glória hollywoodiana nos anos 1990 ao estrelar uma sitcom tosca estilo “Full House” e nunca mais conseguiu nenhum papel relevante. BoJack é um alcoólatra que sacrificou família e amigos para chegar aonde está. Agora quer publicar uma autobiografia. Cercado de personagens histriônicos do mundo da TV e do cinema, ele vive situações terrivelmente depressivas e trágicas em tom de humor obscuro.

Rick and Morty
Esta série não se utiliza de sutilezas melancólicas. Aqui o negócio é furioso, sendo ao mesmo tempo agressivo, profundamente imaginativo e deliciosamente satírico. Espécie de paródia de “De Volta Para o Futuro”, Rick and Morty foi ao ar em 2013 pela divisão Adult Swim do Cartoon Network (laboratório para as experiências mais loucas do canal).

Reprodução

 

Aos poucos foi ganhando culto ao contar a história de uma família ordinária estilo “Family Guy” que tem entre seus membros um ponto fora da curva: o avô Rick — cientista maluco que leva o neto Morty (um garoto idealista e abobalhado) para aventuras intergalácticas e interdimensionais.

Rick é um sociopata extremamente egoísta e a dinâmica com Morty por si só é hilária. Tudo se passa à beira de um teatro do absurdo, mas se baseando em preceitos da ciência moderna como a mecânica quântica, teorias do multiverso e viagens no tempo.

Com esta fórmula, a série vai longe ao desafiar convenções existenciais e morais, fazendo o espectador ter que lidar com paradoxos indecifráveis e maluquices incompreensíveis. Douglas Adams, o autor de “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, teria amado

Trollhunters
O seriado foi idealizado por Guillermo Del Toro, o criativo e fantasioso diretor mexicano de filmes como “O Labirinto do Fauno” e “Círculo de Fogo”.

“Trollhunters” traz à tona mais uma vez o fascínio de Del Toro com a fantasia dos mitos europeus. A primeira temporada estreou no final de 2016 com enorme sucesso, e conta a história de um adolescente completamente ordinário (e seus amigos) que recebe uma irrecusável missão de um mundo paralelo de trolls, duendes, mutantes e diabretes.

Narrativamente mais convencional que as outras duas (é também mais infanto-juvenil), o seriado ganha força a cada episódio, com uma trama intrincada (chega a lembrar “Breaking Bad”), que cresce em proporção e complexidade, além de contar com personagens extremamente bem escritos e carismáticos.

A animação estilo Pixar (neste caso, Dreamworks) não é o meu estilo favorito, mas não compromete essa jornada heróica. Clássico, mas bem afiado.

Compartilhar notícia