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Quem não assinaria o passaporte para o inferno para salvar a mãe?

A história de uma filha que, desesperada, assinou uma dívida de R$ 47 mil com um hospital para salvar a vida da mãe

atualizado

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1 de 1 hospital - Foto: iStock

Em uma tarde qualquer, na sala de audiência de uma vara cível do Distrito Federal, entra Kátia. Um ano antes, sua mãe havia sido internada com fortes dores no peito em um hospital do entorno do DF que não dispõe de leito de UTI.

Kátia conseguiu uma ambulância para trazê-la a Brasília. Nem ela, nem o motorista sabiam direito para qual hospital se dirigir. O motorista da ambulância resolveu então tocar para um hospital particular da capital “porque lá os doutores são melhores”.

Ao desembarcar da ambulância, a senhora teve uma parada cardíaca e, nas primeiras horas neste hospital, outras dez, como confirmou o médico chefe do setor do hospital em testemunho colhido na audiência.

Kátia, óbvio, desesperou-se. Não só pela vida da mãe que lhe escorria pelos dedos, mas por saber que não tinham dinheiro para pagar aquele hospital.

Mesmo assim, assinou o termo de responsabilidade pelo pagamento das despesas – e quem não assinaria o passaporte para o inferno para salvar a mãe?

Às 8h do dia seguinte, a filha já esperava na porta da Defensoria Pública para tentar um leito particular via SUS. O tal do “médico regulador” só liberou o leito cinco dias depois, sem cobertura dos dias de internação anteriores à autorização.

Resultado: Kátia tem agora uma conta para pagar de R$ 47 mil. É ré em uma ação de cobrança e esta é a sua audiência. Deu muito azar em nascer pobre e em um país sem saúde pública. Mas deu muita sorte nesse dia com a mãe – os médicos ouvidos foram unânimes em dizer que ela se salvou única e exclusivamente por ter conseguido chegar nesse hospital específico e começar a ter as paradas cardíacas ali na porta.

Bendito motorista de ambulância.

Pensei depois que Kátia talvez tenha dado uma outra sorte também: a juíza do caso já tinha ouvido falar em estado de necessidade.

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