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Drag queen Chandelly Kidman alegra crianças com câncer em hospital

A artista encarna uma super-heroína e usa seus golpes mais mortais: bate cabelo e faz “vrá” com o leque, para combater o baixo astral

atualizado

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Kelson Fontinele / Divulgação
Chandelly Kidman
1 de 1 Chandelly Kidman - Foto: Kelson Fontinele / Divulgação

Meu primeiro encontro cara a cara com uma super-heroína de verdade deu-se em um cenário improvável: um hospital de Teresina. A drag queen Chandelly Kidman combate o baixo astral no setor infantil da oncologia de um centro de saúde da capital do Piauí.

Como toda heroína, Chandelly descobriu seus superpoderes de uma forma dolorosa. Quando sua avó foi diagnosticada com câncer, há um ano, isso a abateu de tal forma que ela não conseguiu acompanhar de perto o tratamento.

Felizmente, a avó de Chandelly curou-se completamente. Isso a fez pensar naquelas mulheres e crianças que continuaram ali nas filas e salas de espera do hospital. Assim, encontrou seu Alfred – o mentor e treinador que faz o Batman existir. O verdadeiro nome dele, nesse caso, é Silvana. A moça foi quem lhe explicou a necessidade daquelas crianças e como os superpoderes da nossa heroína poderiam ser usados para o bem.

Kelson Fontinele / Divulgação

O primeiro combate de Chandelly contra o baixo astral diante de todas as crianças e pais da sala infantil foi um sucesso. Ela usou os seus golpes mais mortais: bateu cabelo e fez “vrá” com o leque. Até usou uma estratégia desleal: traficou bombons escondidos para distribuir para as crianças enquanto as enfermeiras não estavam olhando. Essa foi uma atitude audaciosa.

Ao sair do hospital, nossa heroína estava arrasada. As imagens daquela batalha, as criaturinhas ligadas a aparelhos e soros, ficaram em sua cabeça durante semanas. Nossa heroína resolveu desistir dos encontros

Esse mundo de super-heróis não era para ela. Foi nesse momento que Silvana, mais uma vez, entrou em cena. Ela lhe disse que o resultado da sua ação havia sido excelente. Chandelly havia feito muitas crianças voltarem a ter vitalidade, outras até receberam melhor o pesado tratamento da quimioterapia. A nossa heroína entendeu que grandes poderes vêm com grandes responsabilidades e decidiu aceitar o pesado destino de uma super-mulher.

Desde então, há um ano, uma vez por mês a super Chandelly Kidman vai à ala infantil da oncologia do hospital para apresentar seu show. Leva um mês para ela criar, junto com sua equipe, toda a apresentação, que inclui: piadas, histórias, espetáculos de dança e até um look específico para cada dia.

Nossa heroína até desenvolveu uma arma poderosa para combater seus inimigos, uma pistola mágica que faz mashup de músicas da Xuxa com as das divas pop internacionais, como Katty Perry e Beyoncé (as favoritas entre as meninas de lá).

Chandelly me contou duas das batalhas mais difíceis que ela enfrentou. Uma foi para salvar uma garotinha de 7 anos que há 5 faz tratamento contra leucemia. A drag estava assustada em se aproximar de uma criança em situação tão delicada, naquele ambiente mais difícil do que uma Gothan City sob o domínio do Coringa. Ao se aproximar dela, a garotinha lhe olhou nos olhos e disse:

– Tia, eu quero fazer um “vrá”!

Chandelly então lhe deu seu leque e ela ficou fazendo “vrá” diante das enfermeiras e na cara da sua doença. A batalha daquele dia estava ganha. O outro desafio enfrentado pela nossa heroína foi num dia que ela preparou uma surpresa que seu arqui-inimigo jamais estaria preparado para enfrentar.

Kelson Fontinele / Divulgação

Após o show, como de costume, as crianças pediram para tirar fotos com sua peruca. Naquele dia, quando tirou o acessório, nossa heroína estava de cabeça raspada igual às crianças. Foi um momento único de encontro e identificação. Essa batalha foi épica e deve ganhar uma edição especial quando sair o quadrinho nas bancas.

Infelizmente, meu papo com a heroína — que muito em breve deve compor a Liga da Justiça ou os X-Men (os dois grupos já estão em negociação com ela) — teve que ser interrompido. Uma chamada urgente a fez sair voando. Algumas balinhas que sempre estão escondidas no seu bolso ficaram para trás.

Antes de voar, Chandelly confidenciou-me que pretende lançar uma história em quadrinhos com as suas aventuras. Tudo para que as crianças ainda fiquem felizes quando ela não estiver por ali. Em pouco tempo ela começará a busca por meios de viabilizar essa publicação, que será distribuída gratuitamente

(PS: há uma teoria de que a identidade secreta da nossa heroína é a do bailarino Dackson Mikael, mas nunca foi comprovado. Até o momento dessa publicação, Dackson não se pronunciou a respeito.)

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