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Stalker: até onde a “brincadeira” é considerada saudável?

Entenda o que é a prática e como ela pode ser nociva para a saúde e se tornar crime

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1 de 1 stalker, stalking - Foto: iStock

Parte do vocabulário dos jovens, a prática do stalker se tornou, nos últimos anos, um hábito comum para os adeptos das redes sociais e da internet. A palavra, que vem do inglês, significa perseguir. Na web, remete àquela pessoa que tem o costume de pesquisar e descobrir, nas redes, informações de alguém pelo qual você tenha interesse.

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Prática comum, especialistas alertam sobre o risco de passar alguma parte do dia “bisbilhotando” a vida alheia. O vício é tanto que jovens brasileiros afirmam matar a curiosidade de alguns perfis pelo menos uma vez ao dia. “Criar perfil falso pra stalkear é para os fracos, eu stalkeio com o meu mesmo e sem nem seguir, vai fazer o que? Chorar?”, ironizou uma usuária no Twitter.

A hábito é recorrente, principalmente, por quem acaba de terminar um relacionamento. “A curiosidade de saber o que a outra pessoa está fazendo, com quem está fazendo e onde está fazendo não é nada saudável, além de se tornar prejudicial para a saúde psíquica/emocional de quem tem esse comportamento”, explica a psicóloga Patrícia Zerlottini. “É normal que isso aconteça, mas é preciso evitar que se torne um hábito”, alerta a especialista.

“Dá para considerar saudável aquela olhada por curiosidade, que acontece de forma esporádica. O que não é comum é fazer dessa ação um comportamento diário, no qual a pessoa vive em função dessas perseguições”, ressalta. Zerlottini ainda pontua sobre a necessidade de observar prováveis desvios nesse hábito para que ele não se transforme em assédio e seja tipificado como crime de stalking.

O que diferencia o saudável do criminoso?

Quando se torna um hábito e a pessoa extrapola os limites do “olhar”, a atitude pode ser considerada criminosa. Nesses casos, o stalking configura o sentido real do que a palavra significa: uma verdadeira perseguição, quando a vida privada e o direito de liberdade da vítima são perturbados por ações do perseguidor – o que pode se transformar em assédio, agressão, ameaça, violência e até fatalidade.

Trata-se uma violência quando a perseguição é reiterada e insistente, com condutas repetitivas que incomodam a vítima e lhe causam transtornos no seu dia a dia, podendo gerar, inclusive, abalo emocional ou psicológico”, explica a advogada e especialista em direito penal Hanna Gomes.

Essa perseguição pode vir de repetitivas ligações e mensagens nas redes sociais; com o aparecimento de perfis falsos que sempre te seguem, mesmo quando são bloqueados; perguntas desconfortáveis e insistentes… As formas são distintas, e o método pode variar.

O stalker, normalmente, é uma pessoa que não se identifica, porém, deixa claro saber informações pessoais, como seu endereço, onde trabalha, onde estuda e sua rotina.

Quando sai do ambiente virtual, a vítima é perseguida, seguida e observada de perto pelo criminoso. Em alguns casos, o stalker é uma pessoa próxima e, em grande maioria, um ex-companheiro que não se conforma com o término do relacionamento.

“Persegue-se por ciúme, por controle, por gênero, por possessividade. O crime de perseguição está muito relacionado ao sentimento de posse, controle e abusividade nos relacionamentos. É preciso lembrar, no entanto, que ele não se configura apenas em casos de violência doméstica, também acontece em relações trabalhistas, relações de consumo em casos de prestação de serviços, em casos de cobranças e de vingança”, exemplifica a especialista.

Stalking: crime no Brasil desde abril deste ano

Muitas pessoas são alvo desse tipo de situação e, em alguns casos, não sabem o que fazer, caso da influencer digital Rê Meirelles. Em um vídeo publicado em sua conta no Instagram, a influenciadora relatou um caso de perseguição que partiu de um suposto fã. Ao perceber que as mensagens que ele mandava eram ignoradas, o criminoso conseguiu o contato de Meirelles e passou a perturbá-la.

“Ele descobriu meu telefone, meu endereço e começou a aparecer nos lugares em que eu vou. A primeira vez foi na porta da minha casa. Eu tomei um susto. A polícia já está envolvida, eu já tenho um advogado criminalista no caso e medida protetiva contra ele. Ou seja, ele não pode chegar perto de mim, mas mesmo assim ele tenta”, disse, no vídeo.

Confira o relato completo:

O que fazer nessas situações?

Desde abril deste ano, o stalking é considerado crime no Brasil. A Lei 14.132, de 2021 prevê pena de reclusão de seis meses a dois anos e multa para esse tipo de conduta que pode ser tipificada como crime. Em Brasília, dados obtidos pelo Metrópoles revelaram que cinco mulheres são alvos dessa perseguição por dia.

“A pessoa que se perceber vítima de uma perseguição precisa coletar o maior número de provas possíveis, como testemunhas, imagens de câmeras, prints de mensagens e ligações, registros do constrangimento e levar ao conhecimento das autoridades policias para o registro de um Boletim de Ocorrência. Caso se verifique que os fatos acontecem em contexto de violência doméstica contra a mulher, deve também requerer medidas protetivas de urgência”, indica Hanna.

Livre-se desse hábito

Mesmo que seja inofensivo para a outra pessoa, a prática pode ser nociva à saúde mental de quem stalkeia. Para se livrar deste hábito, passe um período longe das redes sociais e se monitore quanto à vontade de bisbilhotar alguém. A internet nem sempre mostra a realidade e o que ela representa, portanto, não leve publicações e postagens como verdade absoluta. Foque em si mesmo e no mundo real. Ler um livro ou assistir a uma série ou filme podem ser boas distrações quando bate aquela tentação.

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