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“Sobrevivi graças aos amigos e à música”, afirma Gaivota Naves

Artista brasiliense conta como superou acidente e morte do namorado em 2017 e fala sobre a nova fase – na carreira e na vida pessoal

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Jacqueline Lisboa/Esp. Metropoles
Brasília (DF), 10/07/2019. Entrevista com a cantora Gaivota Naves. Foto: Jacqueline Lisboa/Esp. Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), 10/07/2019. Entrevista com a cantora Gaivota Naves. Foto: Jacqueline Lisboa/Esp. Metrópoles - Foto: Jacqueline Lisboa/Esp. Metropoles

Gaivota Naves foi batizada com nome de pássaro, mas há dois anos e meio descobriu que tinha uma verdadeira fênix dentro de si. Como a ave mitológica, ela viveu uma sequência de acontecimentos dolorosos e teve de superá-los para inaugurar uma nova fase em sua vida. Renasceu, em uma “Gaivota dois ponto zero”, como brinca a artista brasiliense.

Em 2017, ela sobreviveu a uma experiência de quase morte e precisou se recuperar enquanto atravessava um delicado momento de luto.

Na época, a compositora e vocalista trabalhava em um disco autoral com o músico Pedro Souto. Em uma tarde, após um dia inteiro trabalhando no projeto, sofreu um acidente voltando para casa. Um carro descontrolado invadiu a pista na contramão e lhe acertou em cheio.

Apesar de ter fraturado 80% dos ossos da face e sofrido um traumatismo craniano, Gaivota teve sorte. Na opinião de todos os médicos, sobreviver sem sequelas graves àquelas circunstâncias era improvável, para não dizer um milagre.

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Depois do acidente, Gaivota passou por três cirurgias de reconstrução da face. Ela ainda aguarda a próxima, marcada para janeiro de 2020. “Já tive quatro rostos”, brinca.

A descoberta de que a vida poderia ser breve veio acompanhada de um senso de urgência. Como resultado, Gaivota terminou o namoro que mantinha à distância e declarou-se para Pedro, por quem estava apaixonada. Ele correspondeu a investida e os dois começaram a namorar.

A relação ajudou Gaivota a atravessar os primeiros meses de recuperação, manter a cabeça erguida e alcançar uma melhora rápida o suficiente para deixar os médicos boquiabertos: menos de dois meses depois do acidente, ela estava de volta aos palcos. E com a voz mais potente que nunca.

Com Pedro, Gaivota teve uma relação intensa, mas breve. Em maio daquele ano, sem explicação aparente, Pedro desmaiou em seus braços. Foi levado às pressas para o hospital, diagnosticado com um aneurisma e faleceu dias depois. Um baque para Gaivota e para a cena musical de Brasília.

É justamente ao contar essa parte da história que o humor e a risada frouxa que alterna com sotaque meio brasiliense, meio sergipano, pedem licença. “Não desejo isso pra ninguém, é desesperador. Pedro era um menino, de 23 anos, supersaudável: andava de skate, de bicicleta, não era sedentário nem usava drogas. Se eu não tivesse uma noção de que tinha sobrevivido por algum motivo, certamente teria tentado algo horrível contra a minha vida”.

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“Se não fosse o acidente, se eu não tivesse a certeza de que tinha sobrevivido por algum motivo, não teria suportado a morte de Pedro. Foi muito difícil aceitar”, lembra Gaivota

Do luto ao recomeço, os amigos foram seus maiores aliados. Eles criaram uma verdadeira rede de apoio para ajudar a artista a superar a fase difícil e também para unir os amigos que estavam abalados com a partida do músico.

“Pessoas que não eram próximas começaram a se unir. Eles tiveram uma importância muito grande.  Eu não teria sobrevivido sem esse suporte” 

Gaivota Naves

A música se transformou em religião. “Eu relaxo quando eu tô cantando. Antes de entrar no palco, eu tô desesperada, fico insegura, tenho isso em mim. Mas quando tô lá em cima parece que me conecto com Deus, com meu propósito na terra”.

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Nova fase

Com o relato, nada mais natural que a fase pós-trauma desse boas-vindas, também, a vários projetos na música.  Atualmente, ela está à frente de duas iniciativas paralelas – as bandas Joe Silhueta e Rios Voadores – e se prepara para participações em importantes festivais no próximo mês: CoMA, na capital federal, e o Bananada, em Goiânia.

Em meio à agenda apertada, Gaivota busca tempo para iniciar também um projeto solo e passar mais tempo ao lado do novo amor, o músico Lucas Gemelli, da banda brasiliense O Tarot. Uma relação que segundo a artista “trouxe frescor pra vida corrida”.

“Ele também é músico e faz uns trabalhos de social media, como eu. A gente já acorda pilhado, fazendo um monte de coisa. Temos uma troca incrível”, relata.

A decisão de dar mais uma chance para a vida amorosa veio acompanhada de uma série de questionamentos, que foram superados com diálogo e muita parceria. “Tá sendo muito doido, é um processo que ainda está acontecendo. De ‘re-sensibilizar’. Perceber que sou capaz de me apaixonar novamente. Eu achava que não seria mais possível sentir afeto, ter uma outra paixão e isso tem acontecido muito naturalmente… É um alívio”.

Reprodução/Instagram
Gaivota Naves e o músico Lucas Gemelli, seu atual companheiro
Aprendizado

Gaivota reconstruiu o rosto quase 100%. Ele é praticamente o mesmo, com poucos detalhes que remetem ao acidente. Os cabelos mudaram, de tamanho e de cor. Mas a maior transformação, no entanto, é invisível aos olhos. “Aprendi a aceitar o curso da vida, que algumas coisas são mesmo efêmeras e isso é bom”.

As feridas – e sequelas causadas pelo acidente – ainda estão cicatrizando, mas segundo a artista, funcionam como um lembrete diário: é preciso empreender tempo, saúde e energia com pessoas e escolhas que fazem bem.

“Já que estou aqui, vou estar aqui. Levando a vida, olhando pro céu, compreendendo as minhas limitações, sendo paciente com a minha ansiedade e generosa comigo ”.

Gaivota Naves

Jacqueline Lisboa/Esp. Metropoles

Parte da fase de superação é descrita nos versos de Cinzas, faixa de sua autoria que integra o álbum Era Sinestroika, da banda Rios Voadores: “Acorda muda em sua nudez, repete para o espelho outra vez, quando tudo irá acabar, Paga suas contas do mês e se diverte com a embriaguez de quem não tem pra onde voltar… mais”.

Segundo a autora, a canção faz referência ao período de autodestruição, que também fez parte do seu luto. Um período breve e do qual ela não sente saudade. “Me afundei no álcool, bebi muito, tomei remédio. Entrei em uma de sair toda noite, cercada de gente com a energia negativa. Faz parte. A gente só não pode permanecer ali”.

Apesar de ter renascido e vivido uma experiência pessoal tão impactante, Gaivota não se considera um exemplo de superação e limita-se a elencar o que aprendeu durante o processo.

“Estar junto, ter consciência de que a gente não tá só no mundo. Pedir ajuda quando precisar. Entender que a gente merece amor, sucesso, dinheiro, prosperidade e bonança. Porque a vida é incrível, mesmo que às vezes não pareça ser. E que vale a pena a gente fazer o que ama e colocar amor nas coisas. Porque se a gente for embora, ficam só os livros, as fotos, os textos e os discos”.

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