Regretting Motherhood, de Orna Donath, traz polêmica sobre maternidade
A socióloga israelense reuniu depoimentos de mães que se arrependem de ter tido filhos. O livro alimentou uma enorme discussão
atualizado
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Tente perguntar a uma mãe se ela se arrepende de ter tido filhos. Você receberá olhares de julgamento de todos ao redor. Pois a socióloga israelense Orna Donath, de 40 anos, ousou. Com as respostas para essa questão, ela publicou o livro Regretting Motherhood (Arrependendo-se da maternidade, em tradução livre) e de repente se viu no centro de uma polêmica mundial.
Donath defende que, mesmo que as mulheres acreditem que a maternidade é uma livre escolha, a pressão social para que elas tomem essa decisão é enorme. O resultado é que muitas, embora amem seus filhos, voltariam atrás se pudessem depois que enfrentam o desafio de ser mãe.
“Certamente isso não afeta a maioria das mulheres, mas é mais comum do que pensamos. Na Alemanha fizeram recentemente uma pesquisa em que 8% das mulheres diziam se arrepender. Mesmo que fossem apenas as 23 mulheres que entrevistei, já valeria o debate social”, disse a socióloga em entrevista ao jornal El País.
Donath ainda vai além e questiona o instinto materno e propõe que cuidar, alimentar e dar carinho a um bebê podem não ter nenhuma relação com instinto.
Ela diz que não necessariamente essa sensação de arrependimento muda ao longo da vida. Entre os depoimentos no seu livro, há o de avós que ainda hoje dizem que teriam trilhado outra vida, se pudessem.
O problema é que não há um roteiro alternativo. As pessoas não conseguem imaginar outras opções porque a imaginação está tomada por um discurso único, segundo o qual para ser feliz é preciso ter filhos. Eu não digo que a vida sem filhos será perfeita. Pode ser uma vida difícil, mas suficientemente boa.
Orna Donath, socióloga