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ONG lança guia que ensina a mandar nudes de maneira mais segura

Coding Rights organizou o Safer Nudes – Guia Sensual de Segurança Digital, um zine gratuito com instruções para se proteger de ataques, como o revenge porn

atualizado

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Segurança digital não é papo de hackers e nerds. É do interesse de qualquer pessoa que use a internet. Especialmente de quem opta por dividir a intimidade nas redes sociais. O Coding Rights, um Think-and-Do tank criado para promover o entendimento e contribuir para a proteção e promoção de Direitos Humanos no mundo digital, elaborou o zine Safer Nudes – Guia Sensual de Segurança Digital, com dicas para quem quiser mandar nudes sem riscos de se expor além do planejado. O guia traz questões sobre o direito à privacidade e também sobre o direito de decidir sobre o próprio corpo e a própria imagem.

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A publicação foi lançada durante o Internet Governance Forum (IGF), em João Pessoa, e em breve será disponibilizada uma versão online. É possível baixar os PDFs (lado 1  lado 2) e imprimir seu próprio zine. O guia foi produzido pelo grupo formado por mulheres de várias áreas da tecnologia, com diversas nacionalidades, unidas para quebrar o estereótipo de que tecnologia é uma área masculina.

“Fazer e mandar nudes é um direito e também pode ser uma prática de resistência prazerosa contra o machismo, o conservadorismo, o racismo e a heteronormatividade. Publicá-los ou não deve ser uma escolha exclusivamente sua, no exercício do seu direito à privacidade. Por isso, aqui estão algumas estratégias e ferramentas que podem nos ajudar a espalhar nossos nudes por aí de forma um pouco mais segura”, escreveram no projeto.

Se este guia te fez parar o trabalho pra mandar uns nudes, lembre-se destas dicas:

  • Autocurtição: é você quem diz o que vale e o que não vale. Sinta-se totalmente confortável e sexy.
  • Animinize: caso os nudes sejam destinados a alguém que você não conheça totalmente, é bom tomar cuidado para não mostrar seu rosto, tatuagens, marcas de nascença, cicatrizes, móveis da sua casa. Existem programas como Obscuracam e Photo Exif Editor que ajudam a esconder detalhes.
  • Use canais “seguros” na hora de compartilhar: nenhuma rede social tem mecanismos inteligentes de defesa. Por isso, evite mandar nudes por SMS, iMessage, Whatsapp, Telegram, Facebook (pelo amor das deusas), Tinder, Happn ou qualquer outro aplicativo de chat que vá mostrar seu número ou deixar o arquivo ser facilmente salvo por quem recebê-lo.
  • Desconfie e use senhas fortes: use palavras longas, em línguas diferentes, com números e alternância entre caixa alta e baixa no bloqueio de tela e, se possível, criptografe seu telefone (Android e iPhone). Não forneça sua senha a ninguém e sempre desconfie se alguém, que você não conhece, pedir o seu celular emprestado. Uma pessoa mal-intencionada pode roubar tuas fotos e instalar apps que te “espiam”.
  • Delete ou esconda bem: aceitar a efemeridade da vida e apagar tudo imediatamente depois de usar é a forma mais segura de evitar surpresas. Mas guardar os nudes em uma pasta criptografada no seu computador também é uma boa opção. Lembre-se de que seu celular pode criar backups das suas fotos em vários lugares e é sempre importante checar cada recôndito. Um aplicativo que ajuda a apagar os traços de seus arquivos é o Ccleaner, disponível para Android, Windows e Mac OS.
  • Exposta na timeline: ter seus nudes publicados pode não ser necessariamente ruim, desde que isso seja uma decisão sua. Se é você quem publica e banca essa atitude, ninguém deveria poder usar isso contra você. Mas, infelizmente, ainda não chegamos lá. A Constituição Federal assegura os direito da personalidade. Entre eles, os direitos à privacidade, imagem, honra e dignidade. Neste sentido, legislações mais específicas como o Código Penal (crimes contra a honra), a Lei Maria da Penha (violência psicológica) e o Marco Civil da Internet podem te ajudar. Você pode respirar fundo e recorrer à justiça para tentar retirar o conteúdo da rede e ser indenizada pelos danos sofridos.

 

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