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Motociclista de Brasília ganha prêmio após rodar 300 mil milhas

Piloto desde os 13 anos, Tião Borges completou o percurso viajando pelo Brasil a bordo da lendária Harley-Davidson

atualizado

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JP Rodrigues/ Especial para o Metropoles
Brasília (DF), 23/10/2018  – Evento: Tião Borges, 54 anos de idade, que pilota motocicletas desde   aos 13 anos –  Local 206 Asa Norte  Foto: JP Rodrigues/Especial para Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), 23/10/2018 – Evento: Tião Borges, 54 anos de idade, que pilota motocicletas desde aos 13 anos – Local 206 Asa Norte Foto: JP Rodrigues/Especial para Metrópoles - Foto: JP Rodrigues/ Especial para o Metropoles

No dia 22 de novembro de 2018, a filial brasiliense da Harley-Davidson estava em festa. Pela primeira vez na história, um brasileiro recebeu o prêmio pelas 300 mil milhas (482.803 quilômetros) rodadas em motos da lendária fábrica de motocicletas. O troféu e o patch vieram depois de a sede da empresa americana, em Milwaukee, no estado de Wisconsin, confirmar os dados. O premiado é o mineiro, radicado em Brasília, Tião Borges, 54 anos.

Dono de três Harleys, incluindo uma Flathead, moto de museu, a história dele com motocicletas começou com apenas 13 anos, em Paracatu. Agora aposentado, o ciclista apaixonado pegou “emprestada” a versão motorizada da própria bicicleta do tio e sentiu, pela primeira vez, a sensação ímpar de pilotar. “Quem não quer andar em duas rodas sem precisar cansar as pernas, né?”, brinca.

A primeira moto de Tião foi uma Monark Sachs de 49 cilindradas. Depois, passou por muitas outras até o final dos anos 1980, quando trocou uma Ninja pela primeira Harley-Davidson, a Flathead, de 1940.

“O povo queria me internar, era horrível andar de Harley naquela época. Não tinha revendedor no Brasil, então era impossível encontrar peça. Nós íamos fazendo adaptações, montando como dava. O aro da Harley sempre foi 16, mas não tinha pneu de moto desse tamanho aqui. O jeito era usar o de jipe, por exemplo. O pistão era de Fusca, o carburador adaptava o do Alpha Romeu. Daí veio a cultura de customização”, lembra Tião. O motor da Flathead, por exemplo, chegou desmontado, em um tambor, que ele tem tatuado no braço direito.

E pilotar também não era fácil, não só para as Harleys. Durante uma viagem, era quase certo que, em algum ponto, a motocicleta ia quebrar. Essa instabilidade criava a necessidade de saber alguma coisa de mecânica e conversar com outros pilotos que guiavam motos parecidas. Em uma época pré- internet e sem a facilidade de encontrar as peças originais, era complicado ser motociclista. “Hoje está bom, se você entra na concessionária a moto está prontinha lá, só falta o dinheiro”, conta.

Expert em montar e desmontar, muitas motos já passaram pelas mãos de Tião. Ele customiza e melhora as máquinas antes de revendê-las. Além da moto original, já teve uma PanShovel, DeLuxe, Electra, BlackLine, Chopper importada HD 883 customizada, Sportster 1200 e Softail Slim. As motocicletas são caras (algumas custaram o mesmo que um apartamento), e o esquema sempre funcionou por meio de trocas: um carro mais uma moto por uma Harley, por exemplo.

O motoqueiro não tem nenhum amor pelas quatro rodas: é dono de um Accord 1996, que fica parado com a bateria desconectada, e só é ligado quando necessário.

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Foi também no mundo das motos que Tião conheceu Alice. “Me apaixonei primeiro pela Harley dele, era muito linda”, lembra a bancária aposentada. Juntos há 22 anos e noivos há 11, os dois, juntos, têm sete motocicletas. Ela foi da diretoria do Harley Owners Group Brasília Chapter, representando as Ladies of Harley; faz parte do Moto Grupo Ladies of the Road; e é a principal incentivadora das aventuras do motoqueiro. “A gente escreve a nossa história no asfalto”, diz.

Explorando as estradas brasileiras
As 300 mil milhas de Tião foram trilhadas dentro do Brasil. Fã da estrada (o pai era caminhoneiro e antes de andar de moto rodou muito na boleia), poucas no país ainda não foram percorridas por ele. Já passou alguns apuros, claro, mas nada que o dissuadisse de “tomar um café ali em Recife” de vez em quando, ou dar um pulo em Curitiba se tiver vontade.

“Adoro estrada, e gosto de andar dentro do Brasil. Tem tanto lugar incrível aqui, estradas fantásticas. As pessoas têm medo porque dizem que não tem suporte, e se quebrar você está ferrado. Mas quem diz isso, nunca quebrou. Hoje em dia, se alguma coisa estraga, é fácil de resolver. E se eu pegar minha moto e for daqui até Cristalina, já volto outra pessoa”, conta.

Inscrito no Harley Owners Group (HOG – grupo dos donos de Harley), o “harleyro” nunca tinha pensado em inscrever os quilômetros percorridos na plataforma, até Alice dar a ideia. Ele tem um verdadeiro arquivo em casa, e guarda todos os documentos das motos que teve até hoje. Quando conseguiu enviar todos os comprovantes para a matriz da Harley, nos Estados Unidos, recebeu um aviso de que era o primeiro a alcançar as 300 milhas rodadas no Brasil.

“Hoje já tem muito mais, mandamos os dados no começo do ano. De lá pra cá, já rodei bastante. Acho muito legal esse prêmio. Se alguém me dissesse em 1990, quando eu estava parado perto de João Pinheiro, que a história das motos ia me render toda uma história e chegaria nesta homenagem, não acreditaria”, conta o harleyro. Desde o prêmio, Tião já comprou outra Harley e o hodômetro segue girando.

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