Modelo desabafa no Facebook sobre fome e outros absurdos da profissão
A cearense Délleny Mourão pesava 50kg e tinha 89 centímetros de quadril, mas teve o contrato cancelado por estar “fora das medidas”
atualizado
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Os padrões surreais que a indústria da moda exige das modelos para que caibam em roupas de silhuetas inacreditáveis não são novidade para ninguém. Tanto que vez ou outra alguém publica um desabafo desesperado nas redes sociais. Agora, foi a vez da modelo brasileira Délleny Mourão jogar a real sobre a indústria no Facebook.
O texto foi publicado por Délleny na última segunda-feira (10/12), com o título “Por que eu não quero mais ser modelo”. Ela conta que deixou Fortaleza, sua cidade natal, para morar em um apartamento com várias meninas em São Paulo, mas sempre teve dificuldade em “entrar nas medidas.”
Tanto que, recentemente, o diretor da sua agência – que ela não revela qual é -, propôs que ela passasse alguns meses no Ceará, para parar de acumular dívidas em São Paulo e perder peso antes de uma viagem a Milão ou Los Angeles a trabalho.
“Todos os dias me matava em exercícios e, com uma alimentação pobre, fiquei doente, anêmica”, conta no texto.
Completei 20 anos em agosto e não consegui comemorar pois estava muito deprimida, sabia que essa idade era demais para a moda. Então, como já sentia, recebi um e-mail avisando sobre o cancelamento (do contrato). Fiquei quase dois meses sem sair de casa, estava muito deprimida.
Délleny Mourão
Délleny diz que pesava em torno de 50 kg e que o quadril oscilava entre 89 e 91 centímetros, quando as modelos devem se manter entre 87 e 88. O contrato dizia que a modelo tinha obrigação de se manter nas medidas ou poderia ser demitida.
No desabafo, a ex-modelo ainda faz uma série de denúncias, como a de um booker (profissional da agência) oferecendo laxante para meninas emagrecerem, modelos com compulsão por comida ou indo a supermercados apenas para degustar amostras grátis, além de modelos sendo castigadas por produtores de moda por estarem “gordas”, desmaiarem de fome e de insultos racistas por parte de estilistas.
Ela ainda diz que dividia o apartamento com 22 meninos e apenas um banheiro. A pressão criava um ambiente hostil em casa. “Modelos são alienadas, mas a culpa jamais será delas, e sim de todo o sistema nojento, antiprofissional e desumano que é o mundo da moda, que usa persuasão e manipulação prometendo um mundo de glamour”, alerta. “Não é de hoje que a moda é uma mentira. Onde poderosos estão ali apenas para lucrar e estão pouco se lixando se modelo está passando fome para entrar na sua roupa”, alerta.