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Aprenda uma técnica simples para ser mais amado e evitar tretas

Neste Setembro Amarelo, o método de Comunicação Não-Violenta é uma importante ferramenta para ter relações mais saudáveis

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arte sobre conversa
1 de 1 arte sobre conversa - Foto: Getty Images

Ao contrário do que defende a máxima popular, além do que você diz, o que o outro escuta também é sua responsabilidade. Embora seja impossível prever o que acontece no “infinito particular” de alguém, preocupar-se com a maneira como essa mensagem pode ser recebida e colocar-se no lugar de quem escuta é fundamental para estabelecer conexões mais saudáveis.

Essa é uma das premissas da Comunicação Não-Violenta (CNV), prática desenvolvida pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg. Não importa sua vivência, círculo de amizades ou profissão: você certamente vai se beneficiar dela para ter relacionamentos melhores. Ao estimular a compaixão e a empatia — e reduzir conflitos —, a abordagem propõe uma forma pacífica e conciliadora de se relacionar e se comunicar.

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Neste mês, a campanha Setembro Amarelo traz um novo significado sobre saúde mental em meio ao mundo que ainda enfrenta uma pandemia de dimensões globais: o agir salva vidas. O lema lança luz sobre a responsabilidade que o ser humano deve ter consigo e com os outros, e vai muito além de disponibilizar a sua caixa de mensagens para ouvir alguém em sofrimento mental.

“Precisamos entender que existe uma ética em se relacionar com o mundo dos outros”, adianta Bruno Nogueira, psicólogo do Centro de Atendimento e Estudos Psicológicos da Universidade de Brasília (CAEP/UnB). Neste cenário de incertezas pandêmico, falar em bem-estar psicológico é questão de saúde.

Autoconhecimento e respeito

Uma forma estratégica de promover cuidado com o outro e respeitar os próprios sentimentos é ter atenção especial à forma que você se comunica de forma verbal ou gestual — um importante pilar da forma de expressão humana.

“A comunicação constitui nossa história, narrativa, memórias, emoções, discursos, sonhos e, sobretudo, nossa identidade”, defende Nogueira. Esconder-se por trás de expressões como “esse é o meu jeito, nada vai me mudar”, é uma forma simplista de não assumir responsabilidade pelos atos com relação ao sentimento alheio.

No universo das redes sociais, essa preocupação é ainda mais acentuada. Por trás de um usuário fechado, ou um perfil fake, milhares de mensagens de ódio são deixadas nas caixas de mensagens ou nos comentários de publicações alheias. “Especialmente na internet, nunca se teve tanta necessidade de praticar a comunicação não-violenta”, acredita o psicólogo Marcelo Santos, clínico e professor do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

“Esse tipo de preocupação é uma forma inteligente de evitar adoecimentos mentais causados por práticas como bullying, assédio moral e outras formas de subjugar ou machucar o outro. Como eu me expresso pode ter resultados diretos na saúde mental de alguém”, ressalta.

Jovem casal brigando
Tenha atenção à forma – verbal ou gestual – com a qual você se comunica
Como colocar em prática

Em suma, a abordagem é um grande chamado à empatia: tentar observar a vivência alheia e, nesse exercício, encontrar formas de enxergar além do que para nós é óbvio. Antes de sair dizendo o que pensa, pondere se aquilo não é um tipo de julgamento. Por exemplo, no caso de alguém com depressão, acontece muito de a outra pessoa falar “mas isso é bobeira” ou “isso é falta de…. (adicione aqui algum conselho que não foi pedido)”.

Para tirar as orientações do papel, a abordagem exige treino e aprimoramento constante, e segue quatro passos básicos, como explica o psicólogo da UnB, Bruno Nogueira:

1. Observação (Ouvir)

Comece a observar como se sente ao pensar sobre certa situação. Veja como essas relações afetam seu bem-estar, e separe o momento de observar do de avaliação, criando uma chance maior de ouvir a mensagem que quer que seja transmitida. Munido também dessa percepção própria, parta para o passo seguinte.

2. Sentimento (Indagar)

Esta é a etapa da classificação dos sentimentos. Isso demanda uma integração entre os processos emocionais e racionais: invista o tempo necessário para conseguir nomear as sensações que cada experiência causa em você, e o sentimento que quer transmitir na comunicação. Troque um ‘eu acho’ por ‘eu me sinto’, por exemplo.

  • Tenha repertório

Uma ferramenta para facilitar essa comunicação é também aumentar seu repertório em termos de expressão dos sentimentos. “As nossas emoções têm uma base biológica e, de acordo com alguns especialistas, se apresentam em cinco sentimentos básicos: raiva, tristeza, alegria, nojo, medo e, para alguns, amor”, explica o psicólogo.

Cada uma com sua função, essas emoções básicas desenvolvem sentimentos secundários, como carinho, pertencimento, segurança, alívio, frustração, exaustão, desânimo, preocupação, pessimismo e irritabilidade. Saber identificar e nomeá-las é uma forma de cuidar bem dessa experiência emocional e criar um processo de acolhimento consigo e com o outro, de acordo com o profissional.

“É necessário quebrar paradigmas e fazer um ato revolucionário com as nossas emoções. Para criar conexões saudáveis, deve haver uma disponibilidade e um esforço para mudança, disponibilidade para errar e melhorar nossas relações”, justifica.

3. Necessidade (compreender)

A etapa seguinte é sobre identificar o que cada sentimento causa em você, especialmente em termos de demanda. Quais são as minhas necessidades que não estão sendo atendidas, e os sentimentos que elas geram quando estão sendo atendidas, e quando não? Quando alguém expressa seus desejos com consciência, as chances deles serem atendidos aumentam.

4. Pedido (argumentar)

Após perceber todos esses aspectos que envolvem a demanda que você tem a fazer, parta para um pedido consciente. O que pode ser feito com relação a esses sentimentos? É fundamental expressar o pedido de forma clara, positiva e consciente, garantindo que a mensagem enviada será a mesma recebida.

Um exemplo, para colocar em prática: João, quando você fala alto comigo na escola (observação), eu me sinto muito mal e inferior (sentimento), porque preciso sentir que sou respeitado e que meus colegas querem me ajudar a me desenvolver (necessidades). Você poderia não gritar comigo perto dos outros, e me chamar no particular, por favor? (pedido).

pai dia dos pais crianças
Evitar as comparações ao educar as crianças é uma forma de estimular a inteligência emocional
Armadilhas da comunicação

A convivência em sociedade também apresenta alguns vícios prejudiciais em termos de saúde mental. Entre eles, a comunicação baseada no julgamento é uma forma de classificar e dicotomizar as pessoas com base em atos e comportamentos, que são observados apenas sob um recorte externo.

“Esse tipo de visão provoca ressentimento, fragiliza a nossa autoestima e a do outro, estimula o medo e vergonha dentro das comunicações”, alerta Nogueira.

Os juízos de valor, no entanto, não são o único modelo que aliena. A comparação é uma prática comum desde a infância e não leva em consideração as particularidades e vivências que moldam a identidade de cada um, criando estereótipos e generalizações superficiais e que resultam em sentimentos negativos.

Dia do Abraço
Comunicação não-violenta fortalece laços afetivos
Por que investir

Investir na CNV pode resultar, principalmente, no fortalecimento dos laços emocionais e de respeito mútuo. Na visão dos especialistas, o caminho da expressão da vulnerabilidade sempre culmina na construção da intimidade. Também é um tipo de comunicação preventiva, que diminui as chances do desenvolvimento de depressão, ansiedade e outros adoecimentos psíquicos.

“Existem vários estudos que comprovam a eficácia da aplicação da CNV nas escolas para melhorar o processo de aprendizagem e, nos espaços corporativos, para aumentar a produtividade e tornar o ambiente de trabalho mais saudável. Na relação conjugal, há mais intimidade e conexão sexual”, enumera o psicólogo Bruno Nogueira.

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