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Com narrativa feminista, minissérie “Godless” recicla faroeste

Se antes as personagens mulheres eram apenas mocinhas à espera do salvamento, agora elas são obrigadas a achar uma saída para seus problemas

atualizado

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Netflix/Divulgação
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1 de 1 godless 5 - Foto: Netflix/Divulgação

O faroeste é, talvez, o gênero do cinema mais difícil de ser atualizado. Um dos principais símbolos da era de ouro de Hollywood, foi responsável por levar às telonas as principais benesses de ser um norte-americano, ainda que diante de um ambiente de difícil sobrevivência. Porém, em “Godless”, tudo que é velho se torna novo justamente por retrabalhar essas questões atendendo às demandas dos dias atuais.

Na minissérie original da Netflix, escrita por Scott Frank (“Logan”), a principal mudança está no papel da mulher na trama. Se antes as personagens femininas ficavam relegadas à condição de mocinhas à espera do salvamento de homens-heróis, agora elas são obrigadas a encontrarem sozinhas uma saída para seus problemas – ainda que continuem amando e esperando esses tais salvadores.

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Com trama centrada em La Belle, uma cidade em que quase todos os homens morreram em um acidente de trabalho, as mulheres se veem obrigadas a lidarem com as adversidades do cotidiano e a se armarem contra bandidos que ameaçam ser implacáveis na destruição da vila.

Vale a pena prestar atenção em duas personagens na minissérie. Mary Agnes (Merritt Wever), respeitada senhora de La Belle que começa a sentir atração por outras mulheres e passa a vestir roupas masculinas – e, mesmo assim, continua sendo a principal voz da razão na região – e Alice Fletcher (Michelle Dockery, conhecida por “Downton Abbey”), uma viúva extremamente forte e independente.

Para além da trama feminista, a série conta com outros pontos altos. Como não podia deixar de faltar, há toda uma história de vingança entre o bandido cruel e temido contra o homem que errou, mas também quer deixar para trás toda a vida de maldades. Essa história está muito bem amarrada, com belas atuações por parte de Jeff Daniels (“A Rosa Púrpura do Cairo) e Jack O’Connell (“Invencível”).

Por fim, o tradicional cenário do meio-oeste estadunidense, que conta com pequenas casas de madeira e muitos planos abertos de terrenos áridos, se destaca pelo arranjo artístico e pela fotografia. A essência do faroeste se mantém viva como era antes, ainda que completamente reciclada.

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