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Homem de sorte, D’Alessandro trocou a paixão colorada por seu primeiro amor

Foram 13 anos entre a saída do River Plate e o regresso, uma vida inteira para um jogador de futebol. Numa época em que atletas já não têm mais escudos e bandeiras, Andrés D’Alessandro é um homem de sorte

atualizado

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Kacio Vianna/Metrópoles
Jogador D’Alessandro
1 de 1 Jogador D’Alessandro - Foto: Kacio Vianna/Metrópoles

Andrés D’Alessandro já está em Buenos Aires. Foi tudo rápido demais. Num dia, ele anunciava que estava deixando o Internacional de Porto Alegre e, no outro, se apresentava ao River Plate, voltando ao time de sua predileção bem em tempo da Libertas-2016.

Revelado pelo River no início da década de 2000, D’Alessandro rodou pela Europa, entre o alemão Wolfsburg (que vivia uma bolha de crescimento) e o espanhol Zaragoza, com uma passagem pelo inglês Portsmouth. Nada muito empolgante, a rigor, e ele foi perdendo a vez tanto no mercado europeu quanto no selecionado argentino. Mesmo naqueles últimos anos antes do surgimento de um certo Lionel Messi, D’Alessandro tinha que cavar espaço entre gente do naipe de Javier Saviola, Burrito Ortega e Marcello Gallardo – que, aliás, será seu treinador agora no River e cumpriu importante papel nesse retorno.

Foram 13 anos entre a saída do River Plate e o regresso. Treze anos é uma vida inteira para um jogador de futebol.

Em Porto Alegre, D’Ale se encontrou. Ali morou e jogou por sete anos. Marcou 76 gols em 341 partidas. Nada mal para um meia. Venceu a Libertadores de 2010, quando foi eleito o Melhor Futebolista da América do Sul. E mais a Recopa Sul-Americana de 2011 e mais seis estaduais e mais sei lá quantas vitórias em Gre-Nais. Na saideira, última quarta-feira (3/2), horas depois de anunciar às lágrimas que deixaria o clube, ajudou o Inter a vencer o São José nos pênaltis e conquistar a Recopa Gaúcha-2016.

Ricardo Duarte/ Inter
D’Alessandro se despede do Internacional em jogo da Recopa Gaúcha.

O adorado bronquinha
Bueno, os números são fartos e as conquistas são várias. Mas há algo que escapa da matemática e da estatística. Algo que é difícil precisar e impossível quantificar. Algo que contagia as arquibancadas. Algo que, nós do futebol, usualmente tentamos definir (em vão) como raça, amor e paixão.

E olha… Muita gente não gosta de D’Alessandro dentro de campo. Bronquinha, irritadiço, catimbeiro e mandão. Sabe apitar mais que o senhor juiz. É mais chato que o Fred do Fluminense. Mas, tudo bem, eu só digo isso aqui para ti porque D’Alessandro nunca jogou pelo meu time. Pergunte a um colorado, pergunte à rapaziada do River Plate. O sujeito é adorado por ambas as torcidas.

D’Alessandro, 35 anos em abril, não é mais nenhum menino e tomou a decisão que julgou acertada na hora que lhe pareceu oportuna. Seu contrato com o Internacional venceria logo mais, lançando jogador e clube naquela constrangedora situação de ter que renovar com um ídolo que está se aproximando do final de carreira e tem o valor de mercado encolhendo ferozmente.

Saindo agora, e não mais tarde, ele sai por cima e deixa as melhores lembranças. E vai morar perto dos pais e da família, em Buenos Aires, sua terra natal, numa das cidades mais bacanas da América do Sul, defendendo um clube histórico e uma torcida apaixonada. Sabendo que conseguiu vencer a tola rusga regional de brasileiros e argentinos, sabendo que deixou do lado de cá uma outra torcida igualmente apaixonada.

Numa época em que jogador de futebol já não tem mais escudos e bandeiras, Andrés D’Alessandro é um homem de sorte.

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