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Fla-Flu no Mané Garrincha (ou dois times em busca de uma casa)

Flamengo e Fluminense estão em litígio aberto com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro desde o início do ano passado

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1 de 1 fla - Foto: Flamengo/Twitter/Reprodução

Hoje tem Flamengo e Fluminense no Estádio Mané Garrincha. Partida marcada para logo mais às 19h30, assim que o sol descer um bocadinho. Bacana demais para o torcedor de Brasília que pode pagar para ver o clássico mais charmoso do Rio de Janeiro. O preço dos ingressos varia entre R$ 60 e R$ 360.

Até a tarde de sexta-feira, haviam sido vendido 20 mil bilhetes. Bom espetáculo para os amigos que forem ao Mané. Boa sorte para ambas as equipes. Etc e tal.

Isso dito, agora vamos lá… Por que raios um Flamengo x Fluminense, valendo pela quinta rodada do Campeonato Carioca-2016, precisa ser aqui em Brasília? A resposta mais imediata e mais simples: porque os Rolling Stones tocaram ontem à noite no Maracanã e, a esta altura, o estádio está um caos de sujeira e cheio de equipamentos montados para todos os lados. Foi mal. Não dá pra receber um jogo de futebol nas próximas horas.

Verdade. Mas essa é apenas metade da história. A outra metade é que as empresas por trás do chamado Consórcio Maracanã, como já foi dito aqui na coluna “Tiro de Meta” no episódio de ontem, não parecem muito dispostas a cumprir com o contrato fechado com Flamengo e Fluminense. Tanto que já pensam em passar as chaves da casa para a municipalidade, antecipando-se ao toque de recolher nas praças desportivas cariocas para as Olimpíadas.

Ora, as Olimpíadas serão disputadas apenas em agosto. Sério mesmo que precisam fechar o Maraca todo este final de fevereiro e mais todo março, todo abril, todo maio, todo junho e todo julho?

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A Primeira Liga e a necessidade urgente de ruptura
Por que raios Flamengo e Fluminense estão aqui em Brasília neste domingo? Chegamos então à resposta mais complexa. Não envolve concertos internacionais e nem esporte de alto rendimento, não. Envolve simplesmente política.

Flamengo e Fluminense estão em litígio aberto com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro desde o início do ano passado. Uma questão que se aprofundou quando Fla e Flu foram convidados para participar da Primeira Liga com times de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A primeira reação dos dirigentes rubro-negros e tricolores foi a de aceitar o convite da Liga e colocar seus juvenis para disputar o Carioca. E a primeira reação da Federação do Rio de Janeiro, por sua vez, foi tentar barrar na justiça a realização do novo campeonato.

Não deu. A Primeira Liga está rolando, apertando mais ainda o calendário já inchado. E os times cariocas recuaram, não mandaram aspirantes a campo pelo estadual. Mas agora Flamengo e Fluminense são oficialmente times de segunda classe no Rio de Janeiro. Assim: uma manobra de bastidores colocou no regulamento da competição que todos os mandos de clássicos ficam com as equipes mais bem colocadas no ano anterior. Por acaso, essas equipes são Vasco da Gama e Botafogo, campeão e vice, ambas tocadas por dirigentes simpáticos aos mandatários da Federação.

Esse tipo de pensamento leva a uma escalada de ações extra-campo que prejudica os próprios clubes e – diretamente – expõe seus torcedores. Como nos episódios de destempero e violência em torno do Vasco x Flamengo disputado em São Januário no domingo passado.

Fora o prejuízo técnico de o clube manter um elenco de jogadores viajando, em vez de treinando. Esta semana, o Flamengo esteve em Cariacica, Espírito Santo, para jogar na noite de quarta-feira, agora passa por Brasília e daqui segue para Macaé, Rio de Janeiro. O treinador Muricy Ramalho já falou abertamente sobre esse excesso de viagens. E o mesmo acontece com o Fluminense, claro, justamente num momento em que o questionado Eduardo Batista começa a encaixar suas principais peças (tipo Fred e Diego Souza) e precisa apresentar resultado ligeirinho para salvar o próprio emprego.

Flamengo e Fluminense exilados de sua cidade é uma cena assaz emblemática por demonstrar a falência da estrutura política e administrativa do futebol brasileiro. E demonstra também como os vícios e as contradições dessa estrutura influenciam diretamente no trabalho de uma equipe, influenciam diretamente nos noventa minutos da partida que você – leitor e torcedor – está a sustentar ao pagar (caro) por seu ingresso.

Que a Primeira Liga sirva para algo além de um punhado de jogos e algumas retaliações pessoais entre dirigentes. Que sirva como embrião para uma ruptura definitiva dos clubes, para a reinvenção do nosso futebol. Já está ficando tarde.

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