A americana Tannaz Ameli, 64 anos, do estado de Minnesota, foi considerada curada do câncer terminal após passar por um transplante duplo de pulmão em julho de 2022. A idosa é a segunda pessoa a ser submetida a um procedimento desse tipo.
Antes dela, o transplante duplo de pulmão só havia sido realizado em outro paciente com a doença em estágio quatro. O finalizador de concreto Albert Khoury, de 54 anos, passou pela cirurgia em setembro de 2021 e também foi considerado livre do câncer.
Os dois foram tratados por médicos do Northwestern Memorial Hospital, em Chicago, e nenhum dos dois precisou de terapia complementar após os procedimentos.
Técnica pioneira
No transplante duplo de pulmão, ambos os órgãos são removidos do receptor, um de cada vez, e substituídos pelos do doador. A cirurgia é destinada a pacientes que não apresentam metástase – ou seja, aqueles em que as células cancerígenas se concentram apenas no órgão doente.
De acordo com os pesquisadores, a remoção de apenas um dos pulmões aumenta as chances de células cancerígenas passarem do pulmão antigo para o novo, formando um segundo câncer.
“Esta técnica inovadora envolve colocar o paciente em by-pass completo do coração e pulmão, retirando delicadamente os dois pulmões afetados pelo câncer simultaneamente junto com os gânglios linfáticos, lavando as vias aéreas e a cavidade torácica para limpar o câncer e, em seguida, colocando os novos órgãos para dentro”, explica o médico Ankit Bharat, chefe de cirurgia torácica e diretor do Northwestern Medicine Canning Thoracic Institute.
Tannaz, uma enfermeira aposentada, foi diagnosticada com câncer de pulmão em estágio quatro após desenvolver tosse crônica no final de 2021.
“Implorei aos meus médicos em Minnesota que considerassem um transplante de pulmão, mas eles não concordaram. Felizmente, meu marido se recusou a desistir e pressionou por uma segunda opinião. Quando vim para a Northwestern Medicine, a primeira coisa que o doutor Bharat me disse foi: ‘Acho que podemos deixá-lo livre do câncer’, e ele cumpriu a promessa”, disse Tannaz, em entrevista à agência de notícias do hospital.

O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 13% de todos os casos novos são nos órgãosGetty Images

No fim do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis no mundoGetty Images

O tabagismo é a principal causa. Cerca de 85% dos casos diagnosticados estão associados ao consumo de derivados de tabacoGetty Images

A mortalidade entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maiorGetty Images

A exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e história familiar de câncer de pulmão também favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncerGetty Images

Outros fatores de risco são: exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos, água potável contendo arsênico, altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes e ex-fumantesGetty Images

Os sintomas geralmente não ocorrem até que o câncer esteja avançado. Porém, pessoas no estágio inicial da doença já podem apresentar tosse persistente, escarro com sangue, dor no peito, pneumonia recorrente, cansaço extremo, rouquidão persistente, piora da falta de ar, diminuição do apetite e dificuldade em engolirGetty Images

O diagnóstico do câncer no pulmão é feito com a avaliação dos sinais e sintomas apresentados, o histórico de saúde familiar e o resultado de exames específicos, como a radiografia do tórax, tomografia computadorizada e biópsia do tecido pulmonarGetty Images

Para aqueles com doença localizada no pulmão e nos linfonodos, o tratamento é feito com radioterapia e quimioterapia ao mesmo tempoGetty Images

Em pacientes que apresentam metástases a distância, o tratamento é com quimioterapia ou, em casos selecionados, com medicação baseada em terapia-alvoGetty Images

A cirurgia, quando possível, consiste na retirada do tumor com uma margem de segurança, além da remoção dos linfonodos próximos ao pulmão e localizados no mediastino. É o tratamento de escolha por proporcionar melhores resultados e controle da doença Getty Images
Albert Khoury foi o primeiro paciente a ser submetido à técnica, em setembro de 2021, em uma operação de sete horas. Ele trabalhava como finalizador de concreto em Chicago quando foi diagnosticado com câncer no início de 2020, após sofrer com dores nas costas, espirros constantes e tosse com sangue.
A doença evoluiu rapidamente do estágio um para o quatro durante a pandemia.
Como os cuidados paliativos estavam sendo considerados e o tumor estava concentrado nos pulmões, os cirurgiões da Northwestern Medicine decidiram incluí-lo na lista de candidatos para transplante. Khoury respondeu bem ao procedimento e, 18 meses depois, ainda não apresentou sinais de um novo câncer.
“Minha vida passou de zero a 100. Você não viu esse sorriso no meu rosto por mais de um ano, mas agora não consigo parar de sorrir. Minha equipe médica nunca desistiu de mim”, disse Khoury.
Incidência
Estima-se que o câncer de pulmão seja o terceiro tipo mais comum entre os homens brasileiros e o quarto em mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Mundialmente, ele é o que mais mata homens e o segundo entre mulheres.
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