OMS reforça recomendação sobre uso de máscaras na prevenção da Covid
Diretora técnica da OMS, Maria Van Kerkhove, foi questionada sobre resultados de um novo estudo que sugere a ineficácia das máscaras
atualizado

A diretora técnica da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, rebateu, nesta quarta-feira (22/2), as informações apresentadas por um estudo que afirma que usar máscaras “provavelmente faz pouca ou nenhuma diferença” na proteção contra a Covid-19.
Durante coletiva de imprensa realizada em Genebra, na Suíça, a infectologista foi questionada sobre os resultados da metanálise feita pelo Cochrane Library. Maria afirmou que o uso de máscaras bem ajustadas ao rosto continua sendo uma das estratégias da OMS para reduzir a disseminação do coronavírus.
“O uso da máscara continua sendo uma das recomendações porque sabemos que são eficazes para a prevenção da doença, mas elas não funcionam sozinhas”, afirma a diretora da OMS ao lembrar de outras ferramentas vitais para acabar com a pandemia, como a vacinação.
A recomendação da OMS é que a população deve continuar a usar a máscara em locais com aglomeração, fechados ou pouco ventilados. Os indivíduos com suspeita de Covid-19 ou com o diagnóstico confirmado também devem usar o item quando estiverem próximos a outras pessoas.
A orientação também se destina àqueles que tiveram contato com infectados e às pessoas mais vulneráveis à infecção do coronavírus quando estiverem em público.

Apesar da flexibilização das regras para uso de máscaras e da queda de casos de Covid registrados no Brasil, ainda não é hora de abrir mão dos cuidados para conter o vírus, principalmente com tantas variantes em circulação Kilito Chan/ Getty Images

Segundo estudo divulgado em dezembro de 2021 pelo Instituto Max Planck, na Alemanha, a máscara funciona como um escudo contra a Covid e ajuda a conter surtos de outros vírus que podem apresentar potencial epidêmico, como a H3N2 RUNSTUDIO/ Getty Images

Segundo a revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), quando uma pessoa infectada utiliza máscara como a PFF2 e uma pessoa saudável que esteja próxima a ela também utilize uma PFF2, a chance de contágio seria de apenas 0,1%. No entanto, nem todas as máscaras de proteção apresentam a mesma eficácia Boy_Anupong/ Getty Images

Segundo pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que avaliaram 227 diferentes máscaras e cujo estudo foi publicado na revista Aerosol Science and Technology, a filtração da PFF2 (também conhecida como N95) impede a passagem de 98% de partículas de 60 a 300 nm. Por isso, a PFF2 é a máscara de proteção mais indicada Don MacKinnon/Getty Images

Ainda segundo o estudo, que analisou a capacidade dos acessórios de impedir que o vírus seja respirado ou expelido, as máscaras cirúrgicas ficaram em segundo lugar no quesito proteção. Isso porque elas apresentaram 89% de capacidade de filtragem Kilito Chan/ Getty Images

Um pouco mais resistente do que a máscara cirúrgica, a PFF1 é forrada com um filtro que repele os micro-organismos. Contudo, o custo-benefício do produto pode não ser tão interessante, já que ele é descartável e seu preço não é dos mais baratos Grace Cary/ Getty Images

As famosas máscaras de algodão, no entanto, apresentaram a menor eficácia contra a retenção das partículas, cerca de 20% e 60%. Isso porque o tecido utilizado para a confecção da peça deixa mais espaço entre os fios e diminui a proteção contra o vírus Ganlaya Tieghom / EyeEm/ Getty Images

Contudo, ainda segundo os pesquisadores, apesar da eficácia que as máscaras apresentam, de nada servirá se não forem utilizadas corretamente. Ajustar a máscara ao rosto, evitando brechas no contato do acessório com nariz, queixo e bochechas e realizar trocas da peça durante o dia é essencial para garantir a proteção contra a Covid e qualquer outro vírus hiphotos35/ Getty Images
Metanálise é questionada
O novo estudo em questão foi publicado em 30 de janeiro, na Cochrane Library, um instituto conhecido por fazer revisões de estudos já publicados. Ele foi feito a partir da análise de 78 ensaios clínicos randomizados que analisaram o impacto das medidas físicas de mitigação da doença, incluindo o uso de máscara.
As pesquisas envolveram aproximadamente meio milhão de pessoas de todo o mundo. Algumas delas foram feitas antes da pandemia, para avaliar o impacto do uso de máscaras por profissionais da saúde na prevenção da gripe e de outras doenças respiratórias.
O artigo foi usado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em um ofício enviado à Anvisa em 13 de fevereiro sugerindo que a agência acabasse com a obrigatoriedade do uso da máscara nos aeroportos e aviões.
O documento, assinado pelo presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo, causou revolta na comunidade científica por contrariar uma série de estudos feitos em todo o mundo que comprovam a eficácia das máscaras para conter a transmissão do vírus expelido por pessoas doentes e as recomendações de órgãos importantes como a OMS e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
Além disso, os autores da revisão do Cochrane Library são conhecidos por defender a imunidade de rebanho e o “isolamento vertical”, duas teorias derrubadas ainda no início da pandemia por não terem e eficácia comprovada e colocarem a população em risco.
Em resposta ao CFM, a Anvisa afirmou pauta suas decisões a partir das melhores evidências científicas e que o uso correto da máscara é um ato de proteção individual e coletiva.
Os autores da revisão reconhecem limitações na análise, incluindo a metodologia usada nos estudos avaliados, a baixa adesão do uso das máscaras por muitas populações e o uso inconsistente ou incorreto do item de proteção, o que interfere nos resultados sobre a eficiência.
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