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“Queria formar com Negro Drama desde antes do vestibular”, diz médico

Em entrevista ao Metrópoles, jovem negro que formou em medicina ao som de Racionais MCs lembra das dificuldades da família

atualizado

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Foto mostra Deyvisson Luís Maia, jovem negro que se formou em medicina ao som de Negro Drama
1 de 1 Foto mostra Deyvisson Luís Maia, jovem negro que se formou em medicina ao som de Negro Drama - Foto: Reprodução/Instagram

A cena viralizou nas redes sociais. Sob muitos aplausos e ao som da música Negro Drama, dos Racionais MCs, o jovem Deyvisson Luís Maia, de 23 anos, subiu ao palco para se formar como médico na Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), de Salvador (BA).

 

Após a cerimônia, realizada na último dia 18, Deyvisson se tornou uma celebridade entre seu grupo de conhecidos, graças a repercussão que o vídeo teve, com cerca de 10 milhões de visualizações no TikTok. Ele conversou com o Metrópoles neste sábado (27/1) saindo de uma formatura de medicina de outra colega. “Um monte de gente parando para tirar foto comigo, achei uma doideira, parece até que sou famoso”, comenta.

Negro Drama, a música de uma vida

Ele ao menos é famoso o bastante para ter chamado atenção de Mano Brown, vocalista dos Racionais, que repostou seu vídeo. “Me emocionei de ver aquilo, é um cara que admiro muito, tenho o maior respeito. Pô, o Mano Brown sabe que eu existo!”, comemorou.

“Eu sabia que ia me formar ao som de ‘Negro Drama’ desde antes de entrar na faculdade. Essa cena está visualizada na minha cabeça há dez anos por que essa música representa tudo que eu passei, que minha família passou, para eu chegar ali”, conta o médico.

Deyvisson, que é fã de rap, garante que sabe cantar a letra da música toda. “Todas as vezes que ouço Negro Drama, penso em minha família, em minha avó que foi analfabeta até os 64 anos, foi mãe solteira e que em nenhum momento deixou que eu me descuidasse dos estudos. Essa felicidade é por eles”, resume.

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Exemplos de vida

O caminho não foi fácil também para ele. Em uma fase do curso, Deyvisson fazia seis vezes em um único dia o trajeto entre Candeias, cidade a 50 km de Salvador, onde ele mora, e a capital, onde estudava. Ainda assim, para o jovem médico sua vida foi “de rei” perto da luta de sua família.

“Minha avó ficou separada de três de seus irmãos por 15 anos. Minha bisavó teve que dar os filhos dela para que eles não morressem de fome. Minha mãe é professora e trabalha em três turnos, há anos, para ajudar a sustentar a casa, junto com meu pai, que é motorista. O esforço deles não me dá o direito de reclamar”, diz.

Dayvisson agora está fazendo residência médica para se especializar em ortopedia e diz que espera que o seu exemplo e o de sua família ajudem mais jovens que vieram de ambientes de dificuldade, como o dele, a sonhar alto, como ele fez.

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