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Maria Antônia passou pela transição de gênero aos 57: “Realizada”

A paulistana diz que apoio dos filhos e suporte da equipe médica foram fundamentais no processo

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Maria Antônia após transição
1 de 1 Maria Antônia após transição - Foto: Maria Antônia/ Imagem cedida ao Metrópoles

Colocar um vestido, passar um batom e sair de casa se sentindo confiante em relação à aparência era um desejo antigo de Maria Antônia, de 60 anos. A moradora do interior do Rio Grande do Sul começou a realizá-lo apenas há três anos, quando iniciou o processo de transição de gênero com terapia hormonal associado a cirurgias.

A redesignação sexual na maturidade vem se tornando mais comum. Pessoas que na adolescência e no início da vida adulta nem sequer pensavam na possibilidade – seja pelas limitações da medicina ou pelo medo de sofrer preconceito -, encontram agora um cenário mais favorável.

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Hoje a paulistana se sente realizada em poder expressar sua essência através da imagem que conquistou
Maria Antônia chama atenção para a importância de as pessoas trans procurarem equipes especializadas no assunto
Ela contou com o apoio dos filhos no processo
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Para Maria Antônia, a transição começa por um processo de descoberta interior "'que não acontece do dia para a noite"

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Hoje a paulistana se sente realizada em poder expressar sua essência através da imagem que conquistou

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Maria Antônia chama atenção para a importância de as pessoas trans procurarem equipes especializadas no assunto

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Ela contou com o apoio dos filhos no processo

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Mãe de dois filhos adultos e ex-funcionária pública federal, Maria Antônia conta que o universo feminino já lhe chamava atenção na infância. Sua primeira recordação é de quando tinha 10 anos de idade. “Sempre que meus pais saíam de casa, colocava vestidos e me sentia maravilhosa”, recorda.

O fascínio aumentou no convívio com as mulheres da família e, anos depois, com a descoberta de Roberta Close, modelo trans brasileira que se tornou ícone de beleza nas décadas de 1980 e 1990. “Ela abriu as portas para a gente e cada uma de nós, pessoas trans, estamos abrindo portas para outras”, afirma.

Momento certo

Maria Antônia, no entanto, discorda de que tenha adiado sua felicidade ao decidir fazer sua redesignação  sexual apenas na maturidade. Conta que a decisão veio no momento certo. “Nunca é tarde para fazer a transição. O que importa não é a idade, mas o momento que você se encontra. É um processo de descoberta interior que não acontece do dia para a noite”, afirma.

O processo de transição de gênero de Maria Antônia incluiu suporte hormonal e cirurgias –  entre elas a de rejuvenescimento facial, feminização facial e lipoescultura facial.

Os procedimentos foram realizados pelos médicos José Martins Júnior e Cláudio Eduardo Pereira Souza, da clínica Transgender Center, em Blumenau, Santa Catarina. Especializada em transição de gênero, a clínica, recentemente, completou sua 500ª cirurgia do tipo.

Apoio da família

Uma das preocupações de Maria Antônia logo no início da transição física foi sobre como os filhos reagiriam à mudança. Em uma live com o cirurgião José Martins Júnior, ela se emocionou ao lembrar que os dois perguntaram apenas se ela estava segura da decisão e se isso a faria feliz.

O primeiro passo para a transição sexual foi dado em 2018, quando consultou um psiquiatra. Em seguida, iniciou o tratamento hormonal com uma endocrinologista.

No caso dela, a terapia hormonal não foi suficiente para minimizar a disforia, o mal estar que sentia em relação ao próprio corpo – e o passo seguinte foi procurar uma equipe de cirurgiões.

“Inicialmente, eu imaginava que os hormônios fariam as coisas mudarem automaticamente. Eu via diferença, mas, era tudo muito lento. Depois que tomei a decisão, eu tinha pressa e queria sair na rua”, recorda.

Depois da primeira cirurgia, ela conta que se emocionou ao olhar no espelho: “Quando me vi, pensei agora estou vendo uma Maria’. Foi uma alegria sem tamanho”, lembra.

Maria Antônia se diz realizada hoje, certa de que expressa a sua essência. No entanto, ela lembra que ainda há muito preconceito no Brasil – o país é o que mais mata pessoas trans – e apela para que a sociedade tenha mais respeito como escolhas que são individuais.

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