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Guia completo para entender o processo de produção de uma vacina

Ao menos 110 iniciativas de imunização contra o coronavírus estão em desenvolvimento, mas, afinal, como podemos dosar as expectativas?

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1 de 1 vacina_cancer - Foto: Getty Images

A corrida para o lançamento de uma vacina capaz de proteger a população mundial da Covid-19 está acelerada. Ao menos 110 iniciativas de métodos de imunização estão em desenvolvimento atualmente, seis delas, mais avançadas. Pesquisadores da Universidade de Oxford e da empresa de biotecnologia norte-americana Moderna estão em fase de testes em voluntários humanos e falam na comercialização ainda em 2020. Mas, afinal, em meio a anúncios espetaculosos sobre um possível método de imunização, como dosar as expectativas?

Pesquisadora no Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Instituto Butantan, Luciana Cezar de Cerqueira Leite trabalha há mais de 20 anos no desenvolvimento de vacinas e demonstra entusiasmo com a rapidez com que o conhecimento sobre o Sars-CoV-2 está sendo produzido. “No começo do ano, não tinha nada e agora já temos um monte de informações e coisas acontecendo muito rápido. Isso era uma preocupação para quem desenvolvia vacinas e é uma fonte de alegria ver que está sendo mais rápido”.

Vacinas demoram em média uma década para serem fabricadas. A produção acelerada de uma alternativa capaz de deter a Covid-19 se explica porque existiram outras epidemias de coronavírus, entre elas a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), em 2002, e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), em 2012. Parte dos estudos feitos para lidar com versões anteriores do coronavírus serviram de ponto de partida para o momento atual.  “Nessa pandemia, a gente teve o benefício de saber um pouco sobre o coronavírus de uma forma geral e o que é possível fazer para combatê-lo”, explica a especialista.

No entanto, desenvolver uma vacina é um caminho longo e caro — não isento de percalços –, que exige pesquisas sobre o vírus, sobre a capacidade de imunização e a garantia de segurança à saúde dos que serão imunizados. Entenda as etapas básicas que envolvem a produção de uma vacina:

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As fases de testes em humanos são as mais dispendiosas. A Etapa 3, com grande volume de voluntários em uma área endêmica, é a mais cara. É quando os pesquisadores precisam de recursos de várias fontes para que os testes sejam realizados. Em um cenário otimista, a cientista acredita que até o final deste ano ou início de 2021 saberemos quais são as imunizações que, de fato, vão funcionar para que, então, seja iniciada a fabricação em larga escala.

Pressa pela cura
No caso da pandemia provocada pelo novo coronavírus, a pressa para que haja uma vacina disponível no mercado fez com que os laboratórios anunciassem possuir capacidade de produção antes mesmo dos resultados dos testes clínicos.

“Em geral, as pessoas só investem no aumento de escala de produção depois que você sabe que a vacina vai ser aprovada, senão você pode perder dinheiro. Nesse caso, todos os lugares do mundo estão investindo para aumentar essa capacidade. O próximo grande gargalo será saber a capacidade de produção das vacinas”.

E quando as coisas podem complicar para o Brasil. Usando como exemplo a Moderna, Luciana lembra que a empresa comunicou a produção de 1 bilhão de doses até 2021 e sua imunização completa deverá ser feita com mais de uma dose. “O Brasil tem 200 milhões de habitantes. Nós vamos precisar de 400 milhões a 600 milhões de vacinas para atender todo mundo”.

Imunização
Com o início dos testes em humanos em março, Luciana garante que ainda é cedo para saber por quanto tempo as vacinas vão conseguir oferecer proteção para a população. “Algumas têm um tipo de resposta imunológica que induz uma memória maior ou menor. Pode ser de um, cinco ou dez anos. Isso a gente só vai saber com o passar do tempo, observando as respostas (no organismo) dos indivíduos.

Uma das respostas que precisa vir da fase de ensaios em humanos é justamente se a vacina para a Covid-19 terá proteção razoável no curto prazo. A pesquisadora do Butantan lembra que se a resposta imunológica cair, há a possibilidade de doses de reforço.

Vacina brasileira
O Instituto Butantan trabalhava em uma vacina para a esquistossomose e agora vai adaptar a metodologia para o coronavírus Sars-Cov-2. “A gente trabalha com esse sistema há algum tempo, então temos uma parte das ferramentas desenvolvidas, agora falta adaptar para o coronavírus”, conta a Luciana.

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