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Google Trends pode ajudar na identificação de surtos e epidemias

Estudo brasileiro aponta uma relação entre o aumento de pesquisas na internet sobre febre amarela e dengue com alta de casos

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O Google Trends, ferramenta que permite acompanhar os assuntos mais pesquisados na plataforma de buscas da internet por período e local, pode ser um importante aliado na identificação precoce e na definição de estratégias para o enfrentamento de surtos e epidemias de doenças.

Um estudo conduzido pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP), em São Paulo, encontrou relação entre o aumento no número de buscas na internet sobre febre amarela e dengue e o crescimento real de casos. Mostrou ainda que a intensificação das pesquisas na rede aconteceu duas semanas antes do registro oficial da alta de infecções.

Conduzido por Vitor Ulisses Monnaka, aluno de Medicina da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, e pelo pediatra Carlos Augusto Cardim de Oliveira, professor de Epidemiologia Clínica e Medicina Baseada em Evidências, o levantamento considerou buscas do termo “febre amarela” e dados dos boletins epidemiológicos do estado de São Paulo para a doença no período de 1º de janeiro de 2017 a 19 de maio de 2018. Para dengue, o prazo totalizou 52 semanas epidemiológicas, entre 31 de dezembro de 2017 e 30 de março de 2019.

O método estatístico empregado para estabelecer a associação foi o chamado Coeficiente de Correlação de Pearson, que mede a correlação entre as duas variáveis – procura pelas palavras-chave e casos registrados das doenças.

Metodologia
Pela metodologia, quanto mais perto de 1 estiver o valor do coeficiente, maior a associação entre as variáveis. A epidemia de dengue foi determinada a partir da semana 50, quando ocorreram 798 casos, e o coeficiente foi de 0,91. Para febre amarela, foram identificados dois episódios de epidemia: a primeira na semana 11 e outra na semana 50, e o coeficiente foi de 0,86.

“Os valores de coeficiente de correlação são bastante expressivos”, afirma o médico Carlos Augusto Cardim de Oliveira, coautor do estudo. Ou seja, a associação entre as buscas no Google e o aumento de casos é forte nesses casos.

“Quando estamos doentes, é natural pesquisarmos na internet certos sintomas antes mesmo de procurarmos um médico. Essa pesquisa mostra que a tendência de aumento de número de casos pode ser notada duas semanas antes do registro oficial”, explica Vitor Ulisses Monnaka, autor do estudo.

Para os pesquisadores, o estudo evidencia a importância da análise de dados de busca na internet para a vigilância epidemiológica, especialmente em estados com sistemas de monitoramento menos eficazes. “Mais importante que saber o número de casos é planejar as ações de maneira antecipada”, corrobora Monnaka. Ele ainda afirma que é possível recorrer ao Google Trends para monitorar reações adversas de medicamentos, entre outras coisas. (Fonte: Agência Einstein)

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