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Covid: estudo identifica público que pode precisar de 3ª dose da vacina

Pesquisa aponta queda de anticorpos após segunda dose das vacinas da Pfizer e AstraZeneca e sugere reforço em determinados casos clínicos

atualizado

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Pete Bannan/MediaNews Group/Daily Local News via Getty Images
Vacina Pfizer coronavírus
1 de 1 Vacina Pfizer coronavírus - Foto: Pete Bannan/MediaNews Group/Daily Local News via Getty Images

Cientistas da Universidade College London, na Inglaterra, acompanharam os níveis de anticorpos contra o coronavírus após a vacinação completa com imunizantes da Oxford/AstraZeneca e da Pfizer/BioNTech voluntários da Inglaterra e do País de Gales. Eles observaram que a imunidade contra o vírus começa a cair cerca de três semanas após a segunda dose e a redução se mantém até a 10ª semana, com diferenças de acordo com idade, sexo e condições clínicas dos participantes.

A pesquisa é vinculada ao projeto Virus Watch, o mais abrangente estudo sobre Covid-19 realizado no Reino Unido. De acordo com os autores, esse estudo ajuda a esclarecer lacunas sobre o tempo de proteção da vacina em diferentes pessoas e dá suporte para a discussão sobre a necessidade das doses de reforço contra a Covid-19.

No artigo, que foi publicado recentemente na revista científica The Lancet, os cientistas constataram que a queda no número de anticorpos é mais preocupante entre pessoas clinicamente vulneráveis, tais como pacientes transplantados, que possuem doenças respiratórias, aqueles em terapia contra o câncer, entre outros.

Segundo os pesquisadores, é necessário que a ciência estabeleça os níveis mínimos de anticorpos suficientes para proteger o organismo contra a Covid-19.

Para estimar quando esses níveis começam a cair após a vacinação completa, o time realizou testes sorológicos em 605 adultos em junho deste ano.

Foram realizados dois tipos de testes, um que detecta o total de anticorpos para a proteína usada pelo coronavírus para entrar na célula humana e outro que identifica os anticorpos totais para uma determinada proteína, o nucleocapsídeo de comprimento total, responsável por indicar se houve infecção anterior pelo Sars-CoV-2.

As amostras foram coletadas entre 14 e 154 dias após a segunda dose das duas vacinas, sendo 67% dos participantes imunizados com a AstraZeneca e 33% coma Pfizer.

A partir desses testes, eles notaram que 70 dias após a vacinação completa, aqueles que tinham sido imunizados com a AstraZeneca apresentaram um quinto dos anticorpos registrados entre 21 e 40 dias após a segunda dose. Com relação à Pfizer, a redução caiu pela metade.

Queda da imunidade

Embora todos os grupos tenham indicado redução, em ambos os tipos de vacinas as mulheres registraram níveis mais elevados do que os homens até 42 dias após a imunização completa e, no geral, apresentaram níveis mais altos a partir de 70 dias após a segunda dose.

Entre os participantes com idade entre 18 e 64 anos também foram observados níveis mais altos de anticorpos nos dois intervalos, quando comparados aos de 65 anos ou mais.

Os resultados foram mais preocupantes entre os participantes clinicamente vulneráveis que se imunizaram com a AstraZeneca, pois o estudo demonstra que os níveis de anticorpos são consideravelmente mais baixos nesse grupo 70 dias após a segunda dose.

Questão ética

Nas conclusões do estudo, os pesquisadores ressalvam que a discussão sobre doses de reforço para manter a população imunizada contra o coronavírus por mais tempo levanta questões éticas.

“A distribuição universal da dose de reforço em países de alta renda deve ser cuidadosamente considerada no contexto do aumento da desigualdade global de vacinas. Dados sobre disparidades nos níveis de pico de anticorpos e taxas de declínio podem, portanto, informar a implantação de reforço direcionada e equitativa”, escreveram os autores.

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