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Após morte de paciente, gripe aviária pode se tornar uma pandemia?

Uma mulher de 56 anos morreu no sul da China cerca de dois meses depois de apresentar os primeiros sintomas da gripe aviária A (H3N8)

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Nessa quarta (12/4), a Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmou a primeira morte humana pelo vírus da gripe aviária A (H3N8), acendendo um novo alerta entre as autoridades de saúde. Infectologistas afirmam que a vigilância precisa ser reforçada para evitar a transmissão do vírus para humanos: o temor é que o surto, até então concentrado entre animais, ganhe maiores proporções. Mas afinal, a gripe aviária tem potencial para ser a próxima pandemia?

O infectologista José David Urbaez Brito, presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, avalia que sim. Ele explica que tudo depende das mutações que o vírus influenza sofrerá no futuro: uma modificação na estrutura que possibilite a transmissão entre humanos poderia resultar em mais pessoas infectadas.

“Todos esses vírus podem ter potencial para se tornar uma pandemia se adquirirem uma mutação capaz de mudar a chave para a transmissão entre humanos. É o que aconteceu com a Covid-19 e a influenza na gripe espanhola”, afirma Urbaez.

O professor do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB) Bergmann Ribeiro explica que a transmissão do vírus H3N8 de pessoa para pessoa não é tão eficiente porque ele está adaptado a infectar mais aves do que seres humanos. Entretanto, enquanto é transmitido entre os animais, ele pode trocar fragmentos do genoma e gerar novos subtipos de vírus mutantes com potencial para infectar pessoas e espalhar a doença mais facilmente.

“A probabilidade de um vírus influenza no futuro causar uma pandemia é relativamente alta”, afirma Ribeiro. “Ele pode vir a ter uma modificação para infectar mais seres humanos e começar a ser transmitido mais facilmente. Mas esse subtipo (H3N8) ainda é adaptado para infecções a aves e não a seres humanos. Por isso, é raro detectar casos entre pessoas”, explica.

Três casos e uma morte

O vírus influenza A (H3N8) é um dos subtipos mais comumente encontrados em aves, causando pouco ou nenhum sinal de doença. A transmissão entre espécies já foi relatada em mamíferos, mas é muito rara entre humanos.

Até o momento foram identificados apenas três casos entre pessoas, todos eles na China. De acordo com a OMS, dois casos foram registrados entre abril e maio de 2022 – um dos pacientes desenvolveu um quadro crítico e o outro permaneceu leve –, e uma mulher de 56 faleceu em 16 de março deste ano.

A paciente da província de Guangdong, no sul da China, tinha várias comorbidades, desenvolveu os primeiros sintomas no fim de fevereiro e foi hospitalizada por pneumonia grave em 3 de março. Ela não resistiu e faleceu 13 dias depois.

A mulher tinha um histórico de contato com aves vivas e tinha pássaros selvagens em casa. Amostras ambientais coletadas em sua residência e em um mercado de animais vivos onde ela passou algum tempo antes do início da doença confirmaram a presença do vírus influenza A (H3N8).

“Risco baixo”

Embora a doença tenha resultado no óbito da paciente de Guangdong, a OMS considera que o risco de espalhamento do vírus ainda é baixo. “Com base nas informações disponíveis, parece que esse vírus não tem capacidade de se transmitir facilmente de pessoa para pessoa e, portanto, o risco de se espalhar entre humanos nos níveis nacional, regional e internacional é considerado baixo”, afirma a entidade, em comunicado.

No entanto, devido à natureza dos vírus influenza, em constante evolução, a OMS enfatiza a importância da vigilância global para detectar alterações virológicas, epidemiológicas e clínicas associadas aos vírus em circulação que podem afetar a saúde humana ou animal.

A OMS informou, em março, que tem consultado fornecedores de vacinas para entender a capacidade de produção delas caso a gripe aviária se torne uma emergência de saúde pública. A discussão ganhou maior força depois de um aumento global de casos relacionados à cepa H5N1 entre animais.

Em coletiva de imprensa realizada em 3 de março, a chefe do programa de influenza da OMS, Wenqing Zhang, informou que existem cerca de 20 vacinas licenciadas para uso em pandemia que têm como alvo o vírus H5N1, mas ainda não é possível definir qual funcionaria. Por esse motivo, a OMS está criando um banco de imunizantes candidatos para acelerar a resposta de prevenção.

“Cada uma dessas cepas tem potencial pandêmico. Não sabemos qual poderá levar a uma próxima pandemia. Precisamos monitorar todas”, afirmou Wenqing.

Prevenção

A principal forma de prevenção contra a gripe aviária é evitar o contato com ambientes de alto risco, como mercados e fazendas de animais vivos, aves vivas ou superfícies que possam estar contaminadas por aves ou fezes de aves.

Mas há uma série de outras medidas recomendadas pela OMS que podem ser adotadas pelas autoridades e pela população para minimizar o risco de infecção e conter a transmissão do vírus, incluindo:

  • Manter a boa higiene das mãos, lavando-as com frequência ou usando álcool em gel;
  • Usar proteção respiratória quando estiver em um ambiente de risco;
  • Evitar o contato com animais doentes ou mortos de causas desconhecidas;
  • Viajantes indo para países com surtos conhecidos de influenza animal devem evitar fazendas, contato com animais em mercados vivos, entrar em áreas onde animais podem ser abatidos ou ter contato com qualquer superfície que pareça estar contaminada com fezes de animais ou outros fluidos corporais;
  • Os viajantes também devem lavar as mãos frequentemente com água e sabão e seguir as boas práticas de segurança alimentar e higiene alimentar.

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