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Violência no desembarque do Metrô de SP muda rotina de pai e filha

Dupla de bandidos armados está roubando passageiros todos os dias na saída da estação Sumaré, da linha 2-verde, denunciam vítimas

atualizado

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Reprodução/Redes Sociais
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1 de 1 baixa_sumare_1 - Foto: Reprodução/Redes Sociais

São Paulo – Uma tentativa de roubo na quinta-feira (9/3) traumatizou pai e filha, que foram perseguidos por dois criminosos armados na saída da estação Sumaré, da linha 2-verde do Metrô, na zona oeste da capital paulista. Segundo as vítimas, os roubos de passageiros são diários e ocorrem a qualquer horário do dia, por causa da ausência de policiamento ostensivo.

A secretária Juliana Ponciano da Silva, de 27 anos, precisa usar o transporte público para ir trabalhar, de segunda a sexta-feira. Moradora da região de Perdizes, também na zona oeste, ela é levada de carro pelo pai, o zelador Jefferson Mansano da Silva, de 49 anos, à estação Sumaré, de onde parte para a Ana Rosa, na mesma linha. No fim do dia, ela retorna pelo mesmo trajeto, encontrando-se com o pai ao lado da estação da zona oeste.

Essa pelo menos era a rotina de ambos até o fim da tarde de quinta-feira.

“Não vou mais conseguir voltar do trabalho, não tenho mais coragem de voltar, pela Sumaré, com medo de alguém tentar matar a gente. Vou mudar o caminho para o trabalho, porque falta segurança ali”, afirmou a jovem ao Metrópoles nesse domingo (12/3).

Ela tomou essa decisão após ser ameaçada de morte por bandidos armados, quando retornava do trabalho, por volta das 18h30 da última quinta-feira. Antes de ela ser abordada, quem foi alvo dos criminosos foi o pai dela, que aguardava a filha chegar, dentro de seu carro.

“Eu prefiro chegar antes que minha filha, para que ela não precise ficar esperando, se expondo a riscos. Parei meu carro perto de um ponto de táxi, ao lado da saída da estação. Aí, eu vi dos dois ladrões, vindo em minha direção. Um deles falou ‘aqui é do comando’ [referência ao Primeiro Comando da Capital] e me pediu dinheiro. Falei que não tinha. Aí o outro falou para [o comparsa] atirar em mim, porque eu era policial, mas isso não é verdade. Quando vi que um deles ia pegar a arma, liguei o carro e saí dali.”

Mesmo com o carro já em movimento, pela Avenida Doutor Arnaldo, o zelador afirmou ter visto os criminosos perseguindo-o a pé e empunhando uma arma. Alguns metros adiante, os bandidos aparentemente desistiram.

Jefferson ficou preocupado, pois a abordagem ocorreu no exato momento que a filha costuma chegar no local. Ele tentou telefonar para ela, mas o sinal de celular estava ruim. “Decidi então ligar para a Polícia Militar, enquanto dava a volta no quarteirão, para tentar avistar se minha filha tinha já chegado.”

Enquanto Jefferson fazia o contorno da quadra, a filha dele chegou e foi abordada pelos mesmos bandidos.

Plataforma de embarque e desembarque da estação Sumaré, da linha 2-verde

“Apontou a arma em minha direção”

Juliana saiu da estação e estranhou não avistar o carro do pai. De repente, ela testemunhou uma mulher, a poucos metros ao seu lado, sendo assaltada.

“Um bandido apontou a arma para ela e pediu tudo que tinha. O outro apontou a arma em minha direção também, ele estava a alguns metros de distância. Não pensei, fiquei com medo, e saí correndo. Ele veio atrás de mim falando que eu ia morrer, que ia atirar em mim. Só consegui fechar o olho e correr o máximo que pude, achando que seria morta ali mesmo”, relembra a secretária.

O criminoso também desistiu de persegui-la e retornou à saída da estação, de acordo com a jovem.

Ela tentou pedir ajuda para motoristas que passavam, em vão. Por isso, decidiu correr para um lugar mais seguro, mas acabou caindo no meio da rua. “Dois homens vieram me ajudar e meu pai passou por mim, quase me atropelando. Depois ele percebeu que era eu e parou.”

Com a filha dentro do carro, o zelador retornou para a estação Sumaré, onde ambos constataram que os criminosos já haviam fugido.

Jefferson disse que os assaltos começaram a se tornar diários, na saída da estação, desde outubro do ano passado, quando viaturas da polícia que permaneciam nas imediações, o dia todo, foram retiradas do local. Ele mora no bairro há 25 anos.

“Ali na saída da estação tá virando um cenário de violência e crime, porque o que mais têm são roubos. Todo dia ouço algum relato de gente sendo assaltada a mão armada, na luz do dia. Não tem mais hora para acontecer, porque sabem [bandidos] que não tem polícia ali”, afirmou Juliana.

Uma viatura da PM chegou até a estação cerca de 20 minutos após a tentativa de assalto de filha e pai, além do roubo testemunhado pela secretária.

Um roubo a cada quatro horas

Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo foram registrados 210 roubos em geral na região de Perdizes, em janeiro deste ano. Isso representa um crime a cada quatro horas. Comparando com os 111 assaltos no mesmo mês de 2019, ano pré-pandemia, houve aumento de 89%.

Em 2022 foram registrados 3.162 roubos na área, aumento de 52,3% em relação aos 2.075 casos, de 2019, e de 73,3% ante os 1.824 de 2021.

A tentativa de assalto sofrida pela filha e seu pai foi registrado por meio da delegacia eletrônica. O caso é investigado pelo 23º DP (Perdizes).

Segundo a SSP, o distrito trabalha para “identificar e prender os autores”. A pasta acrescentou realizar ações para “melhorar a segurança em todo o estado.”

Metrô

O Metrô afirmou que após tratativas com o Conselho de Segurança do bairro instalou “recentemente” uma câmera de monitoramento no entorno da estação Sumaré.

A companhia acrescentou que “não há registros recentes” de roubo “na área interna desta estação.”

“Os agentes de segurança do Metrô realizam rondas em todas as áreas das estações e atuam de imediato após serem acionados”, diz trecho de nota.

Denúncias podem ser feitas por SMS no número (11)97333-2252, ou pelo aplicativo Metrô Conecta.

 

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