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Sacos de areia? Como litoral de SP tenta barrar avanço do mar

Avanço do mar é um risco em todo o litoral de SP. Confira as medidas que as prefeituras das cidades vêm tomando para frear a inundação

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Avanço do mar é um risco em todo o litoral de SP. Confira as medidas que as prefeituras das cidades vem tomando para frear a inundação - Metrópoles
1 de 1 Avanço do mar é um risco em todo o litoral de SP. Confira as medidas que as prefeituras das cidades vem tomando para frear a inundação - Metrópoles - Foto: Divulgação/ Fundação Florestal

São Paulo — Todas as cidades do litoral de São Paulo correm o risco de terem parte da área urbana invadida pelo mar caso as previsões de aumento da temperatura levantadas pela organização não-governamental norte-americana Climate Central se confirmem. Com este cenário, os municípios litorâneos têm recorrido a diferentes medidas para evitar a inundação dos territórios.

Peruíbe, por exemplo, estuda usar sacos de areia para conter o problema da erosão. A Fundação Florestal explicou que os “bags de areia” deverão ser usados para a contenção dos trechos mais afetados. Outra estratégia é a realocação de moradores.

Prefeituras de outras cidades do litoral paulista também têm atuado em diferentes frentes para conter o avanço do mar. A implementação de barreiras submersas e de muros, além da preservação da vegetação, estão entre as principais ações.

Geobags em Santos

Em levantamento feito pelo Metrópoles em janeiro, a Prefeitura de Santos informou que, em 2016, se tornou a primeira cidade brasileira a criar um Plano Municipal de Mudanças Climáticas e que foi escolhida, dois anos depois, para implantação de projeto-piloto em parceria com a Unicamp, com instalação de 49 geobags na Ponta da Praia.

As geobags são sacos em formato de “L” que formam uma barreira submersa com 275 metros de comprimento. O monitoramento aponta que já houve aumento de 8,9 centímetros de altura de areia na área onde elas foram instaladas.

A administração também diz que conta com uma série de parcerias e desenvolve projetos em outras áreas para evitar a inundação ao longo das próximas décadas.

Movimentação de areia no Guarujá

A vizinha Guarujá diz que desenvolve o projeto Areia Viva há dois anos e que os estudos, baseados na qualidade sanitária e na movimentação natural da areia de 10 praias, devem ser finalizados até dezembro.

A prefeitura também cita outros projetos, que incluem a preservação do jundu, vegetação típica das proximidades das praias.

Praia Grande e São Vicente

Já a Prefeitura de Praia Grande afirma que o sul da orla é mais impactado, mas que a geografia costeira faz com que a cidade não sofra ainda com a erosão porque recebe areia de outros locais.

Em São Vicente, a prefeitura diz que faz estudos desde o ano passado na Praia dos Milionários e que, a partir dos resultados, definirá o que pode ser adotado.

Entretanto, a construção de muros é vista como insatisfatória e soluções como a adotada em Balneário Camboriú também são vistas com cautela, segundo a administração municipal.

Muros em Mongaguá

A construção de muros para conter o avanço do mar tem sido adotada em Mongaguá, no litoral sul de São Paulo (foto de destaque). Segundo a prefeitura da cidade, está em curso a construção das novas muretas de contenção e vias de acesso às praias.

“As muretas contam com fundações mais profundas e enrocamento para auxiliar na proteção contra a erosão provocada pelas ondas. As obras visam aprimorar a resistência das estruturas contra a força das ressacas e marés”, explica a prefeitura, em nota.

Ubatuba

Em Ubatuba, a prefeitura afirma que está alinhada a uma série de projetos para monitorar e conter a erosão costeira. Também não descarta os muros na tentativa de evitar o avanço do mar.

Entre as ações, a administração municipal destaca a recuperação de um muro de arrimo na Praia do Itaguá, por R$ 1,9 milhão, ainda em processo de adequações do projeto.

Alargamento em Ilhabela

Projetos para alargamento da faixa de areia não são novidade no litoral paulista. Em Ilhabela, segundo a prefeitura, isso foi proposto ainda no início do século, em 2001, no bairro do Perequê, na região central, para evitar a erosão costeira, inundação das ruas e dar mais espaço para turistas.

Segundo a administração municipal, o projeto está suspenso por tempo indeterminado, já que houve queda de 50% na arrecadação com royalties do petróleo a partir de 2021 – mais de R$ 1 bilhão deixou de entrar no orçamento desde então.

Erosão costeira

A Fundação Florestal define a erosão costeira como um fenômeno natural que ocorre nas áreas costeiro-marinhas e no litoral sul do estado de São Paulo.

O avanço do mar provoca a perda de áreas de praia, impacta a vegetação de restinga e ameaça casas e edificações próximas. O fenômeno, intensificado por fatores humanos, afeta diretamente a biodiversidade e as comunidades locais.

Segundo o professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), Alexander Turra, cerca de 40% da região costeira brasileira está vivenciando um severo processo de erosão. Os dados estão em um documento publicado pelo Ministério do Meio Ambiente em 2018.

“A erosão costeira tem várias causas”, explica o professor, “desde a retirada de areia rio acima, a construção de barragens, o aumento ou a diminuição de chuva, as mudanças climáticas, o padrão de ocupação local”.

Na Barra do Una, em Peruíbe, um dos processos erosivos é o de ocupação da bacia hidrográfica da região, que vem fazendo com que haja alteração na desembocadura do rio. “Esse é um movimento natural que ocorre no passado geológico ou em momentos que não ocorria ocupação humana”, confirma o professor.

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