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MPSP vai apurar possível presença de menores em festa de coaches

MPSP vai ouvir mulheres presentes em festa promovida por coaches de conquista para apurar possível presença de menores de idade no evento

atualizado

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Por que a festa organizada por coaches de namoro em SP pode ser crime?
1 de 1 Por que a festa organizada por coaches de namoro em SP pode ser crime? - Foto: Reprodução/Youtube

São Paulo – O Ministério Público de São Paulo (MPSP) vai ouvir mulheres que estiveram presentes na festa em uma mansão no Morumbi, na zona sul da capital, organizada por dois coaches americanos no dia 26 de fevereiro, para averiguar a possível presença de menores de idade no evento.

A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso após denúncias de que a festa serviu como uma espécie de “aula prática” de um curso de conquista. A festa foi promovida pelo grupo “Millionaire Social Club”, dos EUA.

O promotor de Justiça Rogério Sanches Cunha, do Centro de Apoio Criminal do MPSP, afirmou ao Metrópoles que o objetivo é oferecer um canal paralelo de escuta das vítimas, que também serão ouvidas pela polícia. O objetivo é deixá-las mais à vontade para relatar o que ocorreu na festa.

“Se você cria esse ambiente seguro para as vítimas revelarem o que sabe, de repente elas vão ter a segurança necessária para revelar, inclusive, a presença de adolescentes no ambiente”, diz o promotor, que informou que o MP está fazendo o contato com as vítimas.

O teor desses depoimentos será encaminhado à Polícia Civil, responsável pela investigação. “O nosso núcleo de atendimento receberá as vítimas para ouví-las como sujeitos de direitos, mas também como importante fonte de prova. Ao colher elementos importantes, nós vamos compartilhar com a autoridade policial”, afirma Sanches.

A polícia abriu o inquérito na semana passada após uma das mulheres presentes na festa registrar um boletim de ocorrência. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou nesta segunda-feira (20/3) que busca ouvir formalmente os responsáveis pela festa e também as mulheres convidadas, “inclusive eventuais menores de idade”.

Em entrevista à Rede Globo, o pai de uma adolescente afirmou que a filha esteve presente na festa após conhecer um dos coaches.

Segundo juristas ouvidas pelo Metrópoles, a depender do andar das investigações, o caso pode configurar crime de exploração sexual mediante fraude, tráfico de pessoas, favorecimento da prostituição e registro não autorizado da intimidade sexual.

Conteúdos apagados

Após a repercussão do caso e a abertura do inquérito pela Polícia Civil, os coaches David Bond e Mike Pickupalpha apagaram boa parte do conteúdo disponível no site do Millionaire Social Circle e nas redes sociais do grupo.

A dupla havia publicado diversos vídeos em que falavam sobre a viagem ao Brasil e os motivos de terem escolhido o país como parte do “roteiro” do programa em que ensinam homens ricos a conquistarem mulheres.

Além disso, o grupo publicou na semana passada um vídeo em seu página no Youtube no qual mostrava cenas da festa no Morumbi e, ao final, apresentava uma nota justificando que o evento não trazia nada de ilegal e que tudo foi feito com consentimento das pessoas presentes. Esse conteúdo também foi apagado, assim como os perfis do grupo no Instagram e no TikTok.

Para o promotor Rogério Sanches Cunha, o fato de os vídeos terem sido apagados não deve atrapalhar as investigações, uma vez que há cópias dos conteúdos. Ele afirma, no entanto, que isso revela indícios de uma “má justificação” por parte dos coaches.

“Esse crime você investiga ouvindo pessoas, indo até o local, conversando com testemunhas. Não vejo grande malefício dos coaches terem suprimido os conteúdos, porque eles estão na imprensa. O que me chama a atenção é que eles usavam esses vídeos inclusive para defenderem a legitimidade, a licitude da festa. A partir do momento que você apaga, é porque eles compreenderam que aqueles vídeos estavam despertando indícios de má justificação”, diz o promotor.

O que dizem os acusados

Os organizadores do curso de conquista alegam que as pessoas que estavam na festa na mansão do Morumbi eram adultas “que escolheram estar lá por livre e espontânea vontade”.

David Bond e Mike Pickupalpha também gravaram uma live pelo Instagram na qual dizem que sofreram cancelamento no Brasil e que estão sendo acusados falsamente de turismo sexual. Ele ainda chamou as mulheres que denunciaram o caso de “feministas” e “estúpidas”.

Procurado pelo Metrópoles pelas redes sociais, o MSC enviou uma mensagem dizendo que o “programa” envolve “palestras”, “sessões de fotos” e “eventos sociais” e que “tudo foi 100% consensual”.

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