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SP: Moradores reagem à desapropriação de vila por piscinão em Moema

Moradores de uma vila em Moema foram notificados de que a prefeitura estuda desapropriação dos imóveis para construir um piscinão no local

atualizado

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Arquivo Pessoal/Cleo Silva
Imagem mostra pátio cercado de sobrados coloridos, com carros, e prédio ao fundo - Metrópoles
1 de 1 Imagem mostra pátio cercado de sobrados coloridos, com carros, e prédio ao fundo - Metrópoles - Foto: Arquivo Pessoal/Cleo Silva

São Paulo — A Prefeitura de São Paulo surpreendeu moradores e comerciantes de uma vila na Alameda Jauaperi, em Moema, na zona sul, ao anunciar que estuda a desapropriação de 24 imóveis para a construção de um piscinão (como é conhecido na capital paulista o reservatório de água da chuva).

Após reunião com o prefeito Ricardo Nunes na segunda-feira (24/7), entretanto, a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) foi orientada a desenvolver alternativas à construção do reservatório na Alameda Jauaperi, para minimizar o impacto das desapropriações, que, segundo a administração municipal, seria uma solução de longo prazo. Apesar disso, a prefeitura diz que os estudos que incluem a possibilidade de remoção das casas prosseguem e devem levar seis meses.

 

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A vila fica próxima à Rua Gaivota, onde Nayde Pereira Cappellano, de 88 anos, morreu afogada após uma enchente em 8 de março deste ano. Na ocasião, um muro irregular construído por um condomínio de alto padrão na esquina com a Avenida Ibijaú foi apontado como um dos responsáveis pelo represamento da água.

O aviso de que os imóveis podem ser desapropriados para a construção de um “reservatório de contenção de cheias” chegou na tarde da última quinta-feira (20/7) e deixou apavorado quem vive na vila. Moradores e comerciantes se organizaram e lançaram, nesta terça-feira (25/7), um abaixo-assinado online contra a obra.

“É um absurdo, porque piscinão é algo ultrapassado, demanda muita manutenção. Provavelmente, isso vai virar um aterro sanitário. Isso se a prefeitura não vender a área para incorporadoras, que é nossa grande suspeita”, diz a advogada Alessandra Cláudia Correia, síndica da vila.

Alessandra conta que tanto que vive no local quantos moradores de prédios vizinhos pretende resistir ao projeto da prefeitura, considerado por eles como algo inadequado. “Li o laudo de um engenheiro civil, em uma [outra] ação que está tramitando, e há soluções menos impactantes, mais humanas, como aumentar as galerias, uma série de outras medidas”, diz.

Segundo a síndica, a proposta da prefeitura pode afetar principalmente os mais idosos. “Um casal de idoso, que mora há 70 anos na vila, vai perder, além da casa, a rotisserie que está na Jauaperi”, conta.

Tiro no peito

“Para a gente, é um tiro no peito. Todo mundo está aqui há muito tempo. Estamos nos sentindo lesados”, afirmou a cabeleireira Cleo Silva.

A cabeleireira é inquilina do imóvel onde está e diz que teme perder a clientela formada ao longo das últimas duas décadas, caso tenha que se mudar para outro lugar. Também se queixa da desapropriação, considerada uma medida drástica demais. “Teria outras estratégias, soluções mais baratas até”, afirma.

A biomédica Carles Milanesi trabalha e mora na vila há 22 anos. Ela também teme perder a clientela formada ao longo dos últimos anos e considera que a vila vai pagar um preço alto demais por um problema que não foi criado por seus moradores. “Aqui sempre teve alagamento. Mas foi aumentando muito a partir das construções dos prédios”, diz.

Estudos

A Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) disse que, para combater às enchentes em Moema, definiu medidas a serem adotadas.
Para curto prazo, houve a elaboração de estudo em conjunto com a Fundação Centro Tecnológico Hidráulica (FCTH), da USP, sobre a viabilidade de melhorias na vazão das águas por meio das vielas sanitárias, que mostrou que teria resultados muito limitados no encontro da Avenida Ibijaú com a Rua Gaivota e, além disso, aumentaria os alagamentos nos quarteirões abaixo, nas ruas Canário, Inhambú e Tuim.

Em médio prazo, a Siurb diz que trabalha no desenvolvimento de um projeto de reservatório de menor porte, com capacidade para armazenar 20.000 m³ de água (equivalente a 13 piscinas olímpicas), localizado sob as praças e vias, sem a necessidade de desapropriações.

A desapropriação para a construção do reservatório foi apontada como uma medida de longo de prazo, para a qual serão estudadas alternativas.

Apesar disso, a prefeitura afirma que, ainda assim, será realizado o levantamento topográfico dos imóveis, o que contempla a análise de todas as características, bem como as benfeitorias existentes. “O estudo é necessário para que a gestão municipal possa mensurar os valores dos imóveis para indenização das famílias com o valor de mercado. Com isso, será possível uma avaliação adequada das soluções”afirma, em nota. A previsão é que os estudos durem em torno de seis meses.

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