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Dono de clínica de reabilitação é preso após mortes de pacientes

Ueder Santos é investigado pela morte de um paciente em setembro; cinco funcionários da clínica foram presos acusados de tortura e sequestro

atualizado

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Reprodução/TV Globo
Imagem colorida na qual o pátio de uma clínica é visto de cima, com os dizeres "Kairós" - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida na qual o pátio de uma clínica é visto de cima, com os dizeres "Kairós" - Metrópoles - Foto: Reprodução/TV Globo

São Paulo — O dono do Centro Terapêutico Kairós, Ueder Santos de Melo, de 40 anos, foi preso na manhã desta quinta-feira (19/10), em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo. A Polícia Civil cumpriu mandado de prisão temporária durante a investigação que apura a responsabilidade do empresário na morte de um paciente dentro da clínica de reabilitação em setembro deste ano.

No dia 25 do mês passado, Onésio Ribeiro, de 38 anos, que estava internado na clínica Kairós Prime, deu entrada em um hospital já sem vida, com sinais de violência pelo corpo. Cinco funcionários foram presos em flagrante acusados de agredir o paciente até a morte.

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O caso é a segunda morte registrada em 2023 na clínica de reabilitação de Embu-Guaçu. No primeiro episódio, que teria ocorrido no início do ano, outros três funcionários foram presos por envolvimento na morte de um paciente de 27 anos, também encontrado com marcas de violência.

“A operação para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão está em andamento e os detalhes serão passados ao término”, informou a Secretaria da Segurança Pública (SSP), em nota.

Denúncias

O Centro Terapêutico Kairós, que possui unidades em Juquitiba e Embu-Guaçu, ambas na Grande São Paulo, entrou na mira da polícia após as mortes dos pacientes e denúncias de maus-tratos por parte dos funcionários.

O depoimento de um ex-funcionário indica que o tratamento dado pelos funcionários na unidade de Juquitiba, conhecida como “matriz”, é ainda pior.

“A matriz é onde o ‘pau canta’. A Prime é o céu comparada à matriz”, disse um ex-funcionário da matriz, à TV Globo.

Um vídeo mostra funcionários da unidade de Juquitiba imobilizando um paciente dentro de uma van. Em certo momento, o interno cospe em um dos funcionários. Os homens tiram o paciente do veículo imediatamente e o jogam no chão.

Em seguida, quatro funcionários aparecem chutando e socando o paciente, que está deitado, sem reação. Um dos homens começa a agredi-lo com um pedaço de madeira. Em seguida, os funcionários carregam o interno para fora do local e dão ordem a um cachorro que assiste à cena para atacá-lo: “Pega, pega”.

Morte de Onésio

Onésio Ribeiro Pereira Júnior era dependente químico e estava na clínica desde o dia 28 de agosto — essa seria a terceira internação no Kairós Prime. Nos tratamentos anteriores, ele teria fugido da clínica.

Pacientes afirmaram que Onésio cogitou fugir mais uma vez. Os funcionários da clínica souberam do “plano” do paciente e, por essa razão, teriam levado o interno a uma sala privada, durante o horário de almoço.

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De acordo com as denúncias, os homens teriam amarrado Onésio e o agredido com tacos de sinuca e pedaços de madeira por cerca de uma hora.

“Foi no horário do almoço. A comida já estava sendo servida. Só que ele [Onésio] não voltou. A gente ficou preocupado. Nesse meio-tempo, a gente escutou os gritos dele apanhando. A gente viu quando colocaram [o corpo] no carro sem vida”, disse uma testemunha.

Segundo essa mesma testemunha, que é paciente na clínica, as agressões eram frequentes dentro da instituição. “Essa foi a única situação que deixaram [um paciente] amarrado. Nas outras vezes, eles simplesmente espancavam mesmo. Eu apanhei também, assim que cheguei, porque reclamei da comida”, afirmou.

Outro interno denunciou uma suposta ocultação de provas que os funcionários teriam feito na sala após as agressões.

“A sala estava bem limpa, com cheiro de cândida, foi toda lavada. Os funcionários trocaram de roupa. Foram retiradas as câmeras, tanto do escritório, onde ele ficou no primeiro momento, quanto da enfermaria. Tinha câmera de segurança, porém foi retirada. Eu, inclusive, entrei com o policial na enfermaria e achamos um pedaço de madeira quebrado, que eles esqueceram de tirar”, disse.

De acordo com as testemunhas, Onésio foi levado inconsciente para o hospital pelos próprios funcionários que o agrediram.

Prisão de funcionários

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), no dia do crime contra Onésio, guardas civis foram acionados para a Unidade Mista de Saúde Municipal, onde um interno teria dado entrada já sem vida e com sinais de violência pelo corpo.

Os indiciados disseram à polícia que a vítima teria fugido da clínica e que, após ter sido capturada, começou a se sentir mal e, por isso, foi levada até o hospital. Porém, segundo a pasta, os médicos informaram que o homem já estava morto quando chegou ao local.

Diante das contradições apresentadas, policiais civis foram ao centro de treinamento Kairós Prime, localizado no Jardim Valflor. Testemunhas relataram que a vítima teria sido agredida na clínica e que o local havia sido lavado para dificultar o trabalho da equipe de perícia.

O caso foi registrado como homicídio, tortura, sequestro e cárcere privado na Delegacia de Embu-Guaçu.

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