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Delegado espera análise de imagens para saber se dono de Porsche bebeu

Polícia Civil pediu a prisão preventiva de empresário que bateu com Porsche em alta velocidade na traseira de outro carro, matando motorista

atualizado

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Foto colorida de Fernando Sastre de Andrade Filho, acusado de homicídio após provocar um acidente com seu Porsche em alta velocidade - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de Fernando Sastre de Andrade Filho, acusado de homicídio após provocar um acidente com seu Porsche em alta velocidade - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo — O delegado Carlos Henrique Ruiz, da 5ª Delegacia Seccional de São Paulo, afirmou neste sábado (6/4) que aguarda a análise das imagens das câmeras de dois estabelecimentos e dos equipamentos usados por policiais militares para concluir se o empresário Fernando Sastre Andrade Filho, de 24 anos, havia ingerido bebida alcoólica antes de bater com seu Porsche em alta velocidade na traseira de um Sandero, matando um motorista de aplicativo no último fim de semana, no Tatuapé, zona leste da capital paulista.

Segundo Ruiz, as imagens das câmeras de um restaurante e de uma casa de poker onde Fernando (foto em destaque) esteve com a namorada e um casal de amigos antes do acidente já foram enviadas para análise do Instituto de Criminalística (IC), enquanto que os registros feitos pelas câmeras corporais dos PMs que atenderam a ocorrência ainda não foram entregues. Os policiais são investigados pela corporação por terem liberado o empresário sem fazer o exame de bafômetro.

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O delegado afirma que, até o momento, não foi possível comprovar por imagem que Fernando bebeu antes de provocar o acidente. À polícia, o empresário negou ter ingerido bebida alcóolica. “Não conseguimos, em uma análise mais breve, verificar imagem do autor bebendo. Mas ainda estão em processo de análise”, disse. Ao menos duas testemunhas, porém, afirmam que ele havia bebido e apresentada sinais de embriaguez.

Uma delas é a namorada do amigo de Fernando que estava ao lado dele no Porsche — o rapaz de 22 anos precisou tirar o baço e está internado em coma na UTI.  À polícia, Juliana de Toledo Simões disse que eles tomaram drinks no restaurante antes de ir para a casa de poker e  que o empresário discutiu com a namorada porque ela não queria que ele dirigisse por estar “um pouco alterado”.

Prisão preventiva

Nessa sexta-feira, a Polícia Civil paulista pediu a prisão preventiva (por tempo indeterminado) de Fernando, por provocar a morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, ao bater com o Porsche na traseiro do carro dele em alta velocidade. O primeiro pedido de prisão (temporária) foi negado pela juíza plantonista Fernanda Helena Benevides Dias, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), na segunda-feira (1º/4), dia seguinte ao acidente.

Segundo Ruiz, há motivos suficientes para que a Justiça atenda ao pedido de prisão preventiva. Um deles é o fato de que Fernando pode ter consumido bebida alcóolica antes do acidente, tanto no restaurante quanto na casa de poker, onde o serviço era open bar. Isso, segundo o delegado, é uma agravante na conduta dele. “Há indícios de que ele estava embriagado. Testemunhas dizem que ele apresentava voz pastosa, andar cambaleante. Essa é uma questão relevante a ser considerada”, disse o delegado.

Ruiz destacou também que o motorista do carro de luxo teve a carta suspensa há pouco tempo por acúmulo de multas, incluindo uma por excesso de velocidade em Cascavel (PR), e apontou risco de fuga do país por conta do poder aquisitivo de Fernando — o Porsche era avaliado em R$ 1,2 milhão.

Também pesou no segundo pedido de prisão o fato de Fernando ter deixado o local do acidente com o auxílio da mãe sem fazer o exame toxicológico, alegando que iria ao hospital. Eles acabaram indo para a casa e o empresário só se apresentou à polícia 38 horas depois.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) se manifestou a favor da prisão preventiva. Segundo a promotora Monique Ratton, o empresário “teve atitude totalmente descompromissada com a vida própria, do amigo e de terceiros, colocando toda a sociedade em risco ao dirigir em péssimas condições e em alta velocidade com um carro de tamanha potência, mesmo após já ter sido punido administrativamente com a suspensão da CNH”.

Vídeos e depoimentos

Segundo depoimento de uma amiga que estava com Fernando na noite do acidente, o empresário ingeriu drinks no jantar e discutiu com a namorada porque ela não queria que ele dirigisse por estar “um pouco alterado”, logo após saírem de uma casa de pôquer que funciona no sistema de “open bar” — ou seja, o cliente paga uma taxa fixa de consumação e tem direito a beber o que quiser.

Vídeos mostram que o Porsche do empresário estava em alta velocidade (veja abaixo) quando atingiu o Renault Sandero de Ornaldo. O limite de velocidade na via é de 50 km/h. À Polícia Civil Fernando negou ter ingerido bebidas alcoólicas, mas admitiu que estava “um pouco acima do limite de velocidade”.

Em depoimento à polícia, a sócia-proprietária do clube de pôquer disse que Fernando Filho chegou ao local por volta de 23h30 de sábado e saiu aproximadamente 2h. Ela disse não ter visto o que ele bebeu, mas afirmou que todos os clientes podem comer e beber à vontade mediante pagamento da taxa de entrada, que é de R$ 300.

Imagens das câmeras de monitoramento externas mostram o momento em que o empresário deixa o local, com um amigo e, logo atrás, duas jovens (veja abaixo), por volta de 2h10.

O grupo conversa na rua por alguns minutos, até que o empresário e o amigo entram no carro de luxo, e as duas mulheres vão para outro veículo. O acidente aconteceria logo depois, às 2h25, segundo o registro da ocorrência.

De acordo com testemunhas, Fernando trafegava em “altíssima velocidade” e aparentava sinais de embriaguez, como “voz pastosa” e andar cambaleante. Uma delas relatou que havia garrafas verdes dentro do Porsche.

Fernando foi indiciado por homicídio com dolo eventual, lesão corporal e fuga de local de acidente. O pedido de prisão temporária feito pela polícia foi negado pela Justiça.

A mãe do empresário, como mostrado pelo Metrópoles, foi indiciada por fraude processual, porque ela inviabilizou que Fernando fosse submetido a exames toxicológicos.

Além disso, a conduta dos policiais militares que liberaram Fernando Filho será investigada. A Polícia Militar informou que instaurou investigação preliminar para apurar as circunstâncias.

O que diz a defesa

Em nota ao Metrópoles, a defesa do empresário afirma que ele deixou o local por receio de “linchamento”, além de precisar se “resguardar” após a notícia do falecimento do motorista de aplicativo.

“Fernando se apresentou espontaneamente na sede do 30º DP. Pôde, então, prestar depoimento, apresentando sua versão dos fatos”, diz a nota. “Todas as circunstâncias do acidente serão devidamente apuradas no curso da investigação, com a mais ampla colaboração de Fernando.”

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