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SP: chefe de presídio é investigado por vista grossa a tráfico

Secretaria da Administração Penitenciária apura denúncia feita contra diretor de carceragem por dois detentos de presídio em Guarulhos (SP)

atualizado

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Pablo Andrés Carvajal / EyeEm
Presos, presidiários, auxílio-reclusão
1 de 1 Presos, presidiários, auxílio-reclusão - Foto: Pablo Andrés Carvajal / EyeEm

São Paulo — A suposta vista grossa do diretor de carceragem de um presídio em Guarulhos, na Grande São Paulo, para cobranças de dívidas, agressões e tráfico de drogas entre presos, entrou na mira da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), responsável pela gestão das 181 unidades prisionais paulistas.

As denúncias foram feitas por dois presos do regime semiaberto do Presídio José Parada Neto, que enviaram um e-mail para a Vara de Execuções Criminais de Guarulhos, no dia 15 de março deste ano.

Segundo o e-mail, ao qual o Metrópoles teve acesso, o diretor de carceragem Israel Ferreira de Souza estaria sendo condescendente com “várias atitudes” criminosas dos presos.

“Eles [diretoria] aprovam a cobrança de preso para preso. Se um preso erra lá dentro, um pode agredir o outro, tudo fica normal. A diretoria fica sabendo, porém, se omite na hora de repreender”, diz trecho da denúncia.

O texto segue afirmando que a condescendência “virou rotina” dentro da unidade prisional da Grande São Paulo, do qual os traficantes deteriam “o poder”.

Na mensagem, os dois presos afirmam que já relataram “várias vezes” ao diretor o esquema de venda de drogas supostamente comandado por um detento chamado Eufrásio Silvério e um comparsa. Apesar disso, segundo o e-mail, nada foi feito.

A reportagem apurou que Eufrásio respondeu a processos por tráfico de drogas, furto e roubo desde 2011. Em março deste ano, ele impediu que agentes carcerários entrassem e fizessem uma revista em sua cela, intitulando-se “líder dos presos”.

Isso foi considerado uma “falta grave” pela SAP, como consta em registros do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

“Ninguém nos ouve”

No e-mail, a dupla de presos afirma ter feito as denúncias durante saídas temporárias, nas quais detentos do regime semiaberto podem permanecer fora do sistema prisional, com autorização judicial.

“Ninguém nos ouve. A Promotoria, que deveria inspecionar o local, nunca aparece. Não onde tem que verificar”, afirma outro trecho da denúncia.

Os presos acrescentam ainda que a ala de progressão, onde cumprem pena, “está parecendo uma ala de regressão”.

“É pra se pensar, senhor juiz. Por favor, nos ajude. Queremos ressocializar, mas, do jeito que está, fica difícil. Só Deus sabe o quanto nos esforçamos.”

De acordo com a SAP, cumprem pena no regime semiaberto do Presídio José Parada Neto 548 presos, superando em 52% a capacidade total de 360 vagas.  No regime fechado, são 1.561 presidiários para 1.059 vagas, uma superlotação de 47%.

Trâmites jurídicos

O Departamento Estadual de Execução Criminal (Deecrim) afirmou ao Metrópoles, no fim da tarde dessa quinta-feira (27/4), ter recebido a denúncia contra o diretor da carceragem do presídio de Guarulhos no último dia 23.

A “eventual irregularidade”, afirma em nota, foi encaminhada ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) no mesmo dia. O Deecrim acrescentou aguardar manifestação da SAP “para tomar eventuais providências.”

A Administração Penitenciária do Estado se negou a dar mais detalhes sobre o caso, alegando que isso poderia “atrapalhar as investigações.” O MPSP não havia se manifestado até a publicação desta reportagem.

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