Bolsonaro e Xixo: quem são policiais que faziam videochamada da prisão
Policiais civis presos por receberem propina de traficante, Valmir Pinheiro, o Bolsonaro, e Valdenir Paulo, o Xixo, foram alvo de operação
atualizado
Compartilhar notícia

São Paulo — Os policiais civis Valmir Pinheiro, conhecido como Bolsonaro (à esquerda na imagem), e Valdenir Paulo de Almeida, apelidado de Xixo (à direita), são suspeitos de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Eles são acusados de receber propina para arquivar investigações sobre tráfico de drogas.
Ambos estão presos preventivamente desde setembro passado. Nesta terça-feira (4/2), os investigadores foram alvo de busca e apreensão em uma operação deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Corregedoria da Polícia Civil.
Segundo as investigações, os policiais usavam celulares dentro do presídio para se comunicar com comparsas por meio de videochamadas e pressioná-los a omitir informações em depoimento. O MPSP afirma que os celulares entraram na cadeia com ajuda de dois familiares dos suspeitos.
Relembre o caso
- Os policiais foram indiciados por crimes contra a administração pública, usura, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Eles são acusados pelo MPSP de receber R$ 800 mil do narcotraficante João Carlos Camisa Nova Júnior para livrá-lo de uma investigação sobre envio de toneladas de cocaína para a Europa.
- As investigações indicam que o pagamento de propina aos policiais era feito mensalmente por advogados do PCC entre 2020 e junho de 2021. A propina resultou no arquivamento de apurações e na interrupção de um inquérito policial realizado pelo Departamento de Narcóticos (Denarc).
- O delator do PCC Vinícius Gritzbach, morto com 10 tiros de fuzil no Aeroporto de Guarulhos em 8 de novembro, teria informado a Bolsonaro e Xixo a localização de 15 casas cofre da facção, onde ficavam escondidos milhões de reais em espécie.
- Os policiais teriam ido aos locais, sem mandado, e se apropriado dos valores, causando prejuízo de R$ 90 milhões para os criminosos. Bolsonaro e Xixo foram citados por um integrante do PCC identificado como Tacitus em mensagens enviadas ao próprio Gritzbach e a delegados.
- “O Vinícius passou informações das ‘casas cofre’ para o Xixo e o Pinheiro, esses policiais invadiram as casas ‘cofre’ sem mandado judicial, roubando milhões de reais em espécie da ’empresa’”, afirma o faccionado.
Em 2015, Xixo trabalhava na 6ª Delegacia de Investigações Sobre Facções Criminosas e Lavagem de Dinheiro, ligada ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Já Bolsonaro era investigador da polícia e passou a ser investigado por suspeita de cobrar suborno para interromper apurações sobre o PCC e desviar drogas apreendidas com a quadrilha.