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À espera da decisão da prefeitura, Espaço Itaú Augusta segue aberto no Carnaval

Centenas de pessoas formaram filas para assistir àquela que seria última sessão do cinema; o espaço segue com programação até dia 22

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
imagem colorida Espaço Itaú Augusta
1 de 1 imagem colorida Espaço Itaú Augusta - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo — A fila para assistir àquela que seria a última sessão das salas 4 e 5 do Espaço Itaú de Cinema, na rua Augusta, zona central de São Paulo, dobrou a esquina com a rua Antônio Carlos. Todos ali queriam se despedir das duas pequenas salas que encerrariam as atividades nesta quinta-feira (16/2). Mas foram surpreendidos.

O próprio diretor de programação do espaço, Adhemar Oliveira, avisaou o público no café e na fila que o cinema ficaria aberto durante o Carnaval, com duas sessões gratuitas do documentário “A Última Floresta” (17h e 20h) até quarta-feira. Logo, quem ficou sem ingresso não precisaria se preocupar.

“Ficamos surpresos com essa adesão e, para atender as pessoas, abrimos mais sessões”, explica Adhemar ao Metrópoles. O futuro do cinema ainda está incerto e o diretor diz não estar pensando muito no que pode acontecer esperando a decisão da Justiça. “Vamos ficar aqui e projetar filmes até o último dia”, avisa.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) entrou com uma ação de tutela antecipada de urgência contra a prefeitura da capital e a construtora Vila 11. O objetivo é impedir que o Café Fellini e as salas 4 e 5 do Espaço Itaú de Cinema deixem o número 1470 da rua Augusta.

A ação, registrada segunda-feira (13/2), pede ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) a abertura de uma análise para enquadrar o endereço em uma Zona Especial de Preservação Cultural (Zepec/APC). A prefeitura deve se pronunciar sobre a decisão até esta sexta-feira (17).

De acordo com Adhemar, a rede Espaço Itaú de Cinema está gradualmente recuperando sua clientela. “Estamos com uma ocupação equivalente a 60% de 2019”, afirma.

Esgotado

Assim que a bilheteria abriu, em apenas 16 minutos todos os ingressos para as duas sessões gratuitas do documentário “A Última Floresta” foram distribuídos. Teve gente que ainda tentou comprar de quem conseguiu uma entrada, sem sorte. Todos que estavam ali queriam participar daquele momento. Até mesmo quem não ia àquele cinema havia algum tempo.

“Eu sempre achei esse cinema muito aconchegante. Mas, com a adesão aos serviços de streaming, havia parado de frequentar”, conta a psicóloga Gabriela Rozman, 39 anos. “Quando vi que ia fechar, me toquei: há quanto tempo eu não vou ao cinema! Porque virou um programa caro. Mas fiquei triste com a notícia, por esse cinema ser muito charmoso e ter uma programação fora do circuito comercial.”

Na fila, no entanto, havia outras pessoas que são frequentadoras assíduas das salas 4 e 5, como as amigas Isabela Madeira, 25 anos, e Laura Sakashita, 26 anos, que estão por ali pelo menos uma vez ao mês. “Aqui é o melhor cinema. Porque tem tudo perto: restaurante, centro cultural. Era o nosso rolê da tarde”, diz Isabela. “Tem outros cinemas por perto, mas não é igual”, completa Laura. “Mas esse é especial. O edifício é histórico e a pipoca tem lemon pepper.”

A psicóloga Sandra Palma, 54 anos, esteve no Espaço Itaú Augusta Anexo na semana anterior e resolveu voltar para se despedir. “Eu amo esse espaço”, afirma. “Tirar algo da cultura para construir mais um prédio em uma cidade como São Paulo é uma falta de sensibilidade.”

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