Norman Bates da vida real: o brasileiro que cresceu em um motel
Fabrício Ferreira já ganhou cerca de mil seguidores após contar sua história em thread no Twitter, no sábado (12/1). Entenda
atualizado
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Fabrício Ferreira, de 22 anos, viralizou na internet após contar sua experiência de crescer em um motel. No último sábado (12/1), ele usou as threads do Twitter para compartilhar suas histórias nada convencionais com o motel Holliday, em Ananindeua, no Pará. Depois da repercussão da história, que teve mais de 30 mil curtidas, o rapaz já ganhou cerca de mil seguidores no Twitter.
O Metrópoles entrou em contato com o paraense para saber mais sobre sua vida, que parece ter saído diretamente de um filme de terror. Durante sua infância no estabelecimento, Fabrício presenciou tentativas de assassinato (inclusive dele mesmo), mortes, traições e prostituição. “Enquanto alguns viam TV Globinho, meu programa favorito era Sexy Hot”, disse. O jovem já chegou a se deparar com o corpo de um cliente que sofreu um infarto durante o ato sexual, além de outro que passou 45 dias sem sair do motel (só lendo o relato, que está no fim da matéria, para se ter ideia do quão sujo tudo ficou).
O empreendimento nasceu a partir das dificuldades que a avó de Fabrício enfrentou na década de 60, no Paraná. Cleusa Ferreira era casada com um homem que a agredia constantemente e, por isso, começou a juntar dinheiro para se tornar independente do marido. Ela partiu para Belém, onde se prostituiu e atuou como modelo a fim de juntar recursos e montar seu negócio. Então, o Holliday foi construído no mesmo terreno de sua casa, na qual Fabrício cresceu e vive até hoje.
Ao contrário do que muitos pensam, Fabrício não teve sua infância prejudicada pelos gemidos que escutava entre quatro paredes ou pela pornografia que encontrou a partir da interferência de sinal na televisão de sua casa, com apenas cinco anos de idade.
“Não deixei de viver minha infância. Eu ajudava as camareiras, fazia piquenique com minhas primas, vivia livremente e quebrei o tabu de achar que não se pode falar sobre sexo. Viver lá era como uma diversão”, contou ele. Além disso, Fabrício diz que a experiência o ajudou a se descobrir homossexual: “Eu sempre via homens chegando juntos no motel e, com isso, percebi que ser gay era uma possibilidade, vi que era normal”.
Fabrício ainda desmentiu alguns mitos sobre motéis ao revelar que, mesmo quando um casal passa meia hora no apartamento, todo quarto é limpo como se tivesse sido usado por três horas. “Toda roupa de cama é super bem lavada, higienizada e passa por uma máquina de passar gigante para finalizar”, garantiu o jovem.
Confira a thread completa:
COMO FOI CRESCER E SER CRIADO EM UM MOTEL: a thread
desventuras em série: tentativa de assassinato, gemidos, morte e afins
nao importa like, vou relembrar mesmo assim
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
1. Saliência era o nome dado pela minha vó a sexo, sempre ouvi altos gemidos pelo corredor desde novinho, mas só descobri o que era sexo a partir da interferência do sinal dos canais pornos na tv de casa.
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
enquanto alguns via tv globinho, meu programa favorito era ver sexy hot quando nao tinha ninguém em casa, com uns 5 anos descobri o que eram os gemidos que eu ouvia e o que as pessoas faziam peladas. Reunia com minhas primas, e ficavamos bestializados na frente da tv
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
2. Com uns 8 anos de idade, estava na gerência enquanto minha mãe trabalhava, uma hospede tinha pedido um salgado e fui entregar pela porta da recepção. A mulher tava drogadona, puxou meu braço pela e ia me cortar com um gargalo de garrafa, pois ela queria dinheiro
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
Comecei a gritar, minha mae me puxou com tudo e começou a chorar abraçada comigo. Esta foi a única tentativa de assassinato que sofri no motel. Amém
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
3. Primeira morte da thread: um cara teve um avc no quarto do motel, ele era casado e estava acompanhado da comadre. A mulher implorou pra minha vó tirar ele de lá, para que não descobrissem o caso deles. Acompanhei minha vó levando esse cara ao hospital
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
Quando chegamos lá, ele ja estava morto. Vovó explicou o que tinha acontecido para o pessoal do hospital e saímos correndo de lá, para não sermos os acompanhantes. Se o caso foi descoberto pela esposa e família, não fazemos ideia
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
5. O Foragido da Polícia: havia um cara que entrou no motel e permaneceu 45 dias sem sair do motel. Ele entrou com a mesma roupa que saiu, com a barba e o cabelo grande demais e não deixava ninguém limpar ou entrar no quarto. Mas o realmente estranho ainda está por vir.
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
As prostitutas da BR passaram a negar o pedido de atende-lo, segundo elas, ele era macabro demais, imundo e não valia a pena o dinheiro que ele dava a elas, pois o medo delas era maior.
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
Após 30 dias de permanência, as camareiras convenceram ele a trocar de quarto. Haviam mais de 20 toalhas sujas, 15 lençóis. O banheiro estava só lixo, repleto de vermes (tapuru). As paredes estavam manchada de CUSPE, tiveram que ser lavadas com jatos d’água
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
Ele saiu correndo do motel após ser enquadrado por uma camareira curiosa que interrogou ele em busca de respostas. Não sabemos do que ele estava se escondendo, mas estava extremamente amendrontado e surtado
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
7. Papai: meu pai era cliente do motel e passou a dar em cima da mamãe que trabalhava na gerência até então. Ela cedeu e conheceu ele melhor, começaram a namorar e tudo. Só vim ao mundo por causa dos flertes do motel
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
8. O cliente favorito das funcionárias: um cara extremamente carente que ia quase todo dia ao motel. Ele dava 100 reais pra qualquer funcionária apenas conversar com ele, não tentava ou insinuava nada, era quase uma terapia. Todas amavam ele
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019
9. A melhor parte de morar no motel é eu poder comer quando eu quiser. Sempre posso pegar refigerante e afins, assim como, usar a cozinha do motel que é 24 hrs por dia, meu unico empecilho é a mamãe que fica atenta
— fabrício ? (@iamsoffab) 12 de janeiro de 2019