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Não se reprima: deixe a risada rolar solta

O ato pode demonstrar uma vontade de dar novos significados a situações interpretadas originalmente como negativas

atualizado

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Cheerful woman with vivid eye makeup
1 de 1 Cheerful woman with vivid eye makeup - Foto: Istock

“Um coração alegre faz tão bem quanto remédio, mas uma alma abatida seca os ossos.” Os dizeres, reproduzidos do Livro dos Provérbios, sinalizam para algo que nem sempre cultivamos com o rigor e a seriedade devida: rir faz bem.

A própria metáfora indica o poder de uma risada: achar graça nas coisas. Ou seja, reconhecer algo de dadivoso, de divinal. A imagem de alguém melancólico, taciturno, remete à ausência do espírito – como se a alma tivesse partido para um lugar distante.

E é esse o semblante que muitas vezes vemos estampados por aí: riso sem sabor, posado, para não brigar com o cenário ou o figurino. Há diversas técnicas para construir um sorriso fotogênico. Busque no YouTube.

Vivemos um paradoxo no que tange aos humores: apesar de temermos profundamente o sofrimento, temos um certo constrangimento em praticarmos o riso solto, livre de constrangimento. O riso alegre tornou-se uma espécie de agressão.

Exagero? Pergunte a quem tem uma sonora gargalhada. Certamente, ouvirá histórias de censura. Se você não é essa pessoa, sente-se ao lado dela, na exibição de uma cena cômica no teatro ou no cinema. Viverá a impagável experiência de contágio imediato do bom humor.

Esse é o propósito de algumas modalidades terapêuticas que adotam a risada como forma de cura para a alma. As primeiras risadas são forçadas, teatrais. Mas logo, todos estarão entregues a mais sincera alegria, desmanchando com ela a raiva, o rancor e o estresse.

O riso é uma forma de aliviarmos as tensões impostas pela vida. Disso, nasceu a comédia: aprendemos a zombar das nossas misérias como forma de aceitá-las com mais facilidade, aliviando o peso das limitações da existência.

Rir de si não é necessariamente autodepreciação, mas pode demonstrar uma vontade de dar novos significados a situações interpretadas originalmente como negativas.

Inclusive, esse é o indicativo de superação, adotado por muitos quando atravessam uma situação difícil na vida: conseguir sorrir daquilo que gerou tanto mal aponta termos conseguido ir além do problema.

Pode ser também a expressão do triunfo sobre o outro, no sarcasmo, no deboche e na ironia. É o riso não derivado da graça, e, sim, da sombra – do conteúdo que não aceitamos em nós e apontamos no outro. Aos praticantes, um alerta: “quem ri por último, ri melhor”.

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