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Abrace o desconhecido. Ele pode apresentar novos e melhores caminhos

Rever procedimentos e abandonar hábitos pode sinalizar que estamos prontos para assumirmos nossa natureza mais profunda

atualizado

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Conheço algumas pessoas terrivelmente acostumadas com a vida que têm. Louvam o hábito como a um deus, a quem devem reverências e fidelidade. Entendem, na rotina, uma estratégia de segurança, de maior conforto.

A aversão a qualquer alteração faz com que afirmem, de antemão, não gostar de surpresas. Entendem-nas como prenúncio de perturbação, ou até mesmo de uma desgraça maior. “Do meu jeito parece mais seguro”. E assim se apequenam diante da realidade.

Usam como argumento velhas tentativas, muitas vezes isoladas. Referências de insucesso. Assumem uma postura fóbica: o pavor diante do que não domino.

Mal sabem que cada surpresa nos leva, a partir de si, a um profundo significado psíquico. Sendo ela uma maravilha ou um susto, não importa. Toda vez que algo me surpreende, minha consciência conseguiu se ampliar um pouco mais.

Quando um elemento novo nos chega, e a ele atribuímos algum significado, experimentamos um incremento em nossa capacidade de interpretação (de nós mesmos e do mundo que nos cerca). Muito desse movimento é uma questão de disponibilidade.

Podemos simplesmente cerrar as janelas para evitarmos o que o mundo tem a nos oferecer. Contentarmo-nos com uma visão estreita, curta, de uma realidade desgastada com o tempo.

Fazemos isso por acreditarmos que o novo pode ser avassalador: seja pela capacidade de subtrair nossas conquistas, ou por abrir as portas para o desejo – tão naturalmente perturbador. Tudo isso exige muito de nós. E, quase sempre, somos comodistas.

Até mesmo as ditas “surpresas ruins” trazem consigo a capacidade de reelaboração do nosso inventário de recursos. Sem elas, jamais saberíamos se já estamos prontos para o enfrentamento, ou se desenvolvemos a resignação necessária para lidar com o que está além dos nossos limites.

Numa casa sem janelas, perdemos referenciais importantes, que distorcem nossa noção de bem- estar. É como se o teto ficasse mais baixo a cada dia e, ao invés de reformá-lo, aprendêssemos a curvar a coluna para cabermos na estrutura. Chamam isso de crenças autolimitantes.

A vida se faz no inesperado. Nisso, todo o reforço às nossas resistências pode minar a possibilidade de manifestação de algo melhor em nosso interior. Sempre que nos deparamos com o desconhecido, e reagimos a ele, percebemos o quanto também nos desconhecemos.

Nosso espanto e nosso medo são chamamentos à imaginação. Ou seja, a colocar a imagem em ação: encontrar novos caminhos, novas possibilidades, novos personagens internos. A ideia de que estamos perdendo algo é uma ilusão infantil; reflexo do apego, do medo de não sermos capazes de vencer desafios.

Desacostumar-se, rever procedimentos, empreender no improvável… Tudo isso sinaliza estarmos mais habilitados para assumirmos nossa natureza mais profunda. É nela em quem devemos confiar quando algo nos surpreende. Não chegaria em nosso caminho aquilo que não pudesse nos melhorar.

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