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Precisamos aprender a ser um pouco mais parecidos com os millennials

Estudo mostra que 86% dos jovens afirmam abraçar suas particularidades e não querem fingir ser algo que não são

Autor Mari Saes

atualizado

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young stylish friends using digital devices while standing near brick wall
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Segundo o estudo global da Viacom, chamado de Youth in Flux, 95% dos jovens de 16 a 24 anos sentem que sua geração acredita em inclusão e igualdade. Esse dado mostra como os millennials defendem suas bandeiras.

Para quem é de outra década, isso pode parecer apenas moda ou comportamento politicamente correto. No entanto, quando entendemos o que está por trás dessas causas levantadas com tanto orgulho por essa juventude, fica evidente como isso afeta o modo como nos comunicamos com ela.

Para além do politicamente correto, a luta pela igualdade e pela inclusão vêm de uma necessidade mais profunda da própria aceitação na sociedade.

Quem tem hoje entre 16 e 24 anos já nasceu no mundo conectado e chegou à adolescência com o boom das redes sociais e do mundo on-line. Essas foram as pessoas que descobriram o bullying digital, se sentiram inseguras com as comparações constantes trazidas pelos perfis perfeitos e bem-sucedidos do Instagram e deram vida ao termo “fomo” (fear of missing out).

É somente entendendo o poder do contexto na formação dessa geração que conseguimos compreender o motivo pelo qual a luta para mudar as percepções retrógradas de gênero, raça, religião e diferenças socioeconômicas ocupou um lugar tão importante na vida do jovem. Na realidade, ele quer se sentir confortável com sua própria forma, mesmo quando ela não é, exatamente, a esperada.

Essa necessidade de aceitação, própria e coletiva, move essa geração e dá o tom para sua vida. Por meio desse tom, conseguimos estabelecer uma comunicação efetiva com os millennials. De que forma? Representando-os como eles são, de fato, e fazendo a diferença ao lado deles em suas lutas.

Sobre o primeiro ponto, não é de se admirar que os programas de maior audiência da MTV sejam reality shows, como “Geordie Shore” e “De Férias com o Ex Brasil”. Por meio dos realities, com jovens brigando, brincando, chorando, indo à balada, bebendo, se relacionando, vivendo triângulos amorosos, passando férias com os ex’s, a MTV consegue chegar mais perto dessa geração.

O jovem está cansado de filtros. Ele quer ser visto e amado pelo que ele verdadeiramente é. Na verdade, prefere ser odiado por ser autêntico do que amado por ser falso.

Descobrimos no nosso estudo Youth in Flux que, na busca por menos julgamentos e mais aceitação, a juventude de hoje adotou uma postura “sem remorso”, ou seja, ela não quer ser obrigada a pedir desculpas por não seguir padrões. Alguns dados mostram bem isso: 86% afirmam abraçar suas particularidades e não querem fingir ser algo que não são, e 73% admiram pessoas sem medo de mostrar seu lado mais feio e vulnerável.

Ok. Mas e as bandeiras? Por meio delas, chegamos ao nosso segundo ponto de comunicação efetiva com os millennials. Eles esperam mais das marcas do que das instituições públicas e políticas, ações que façam a diferença e os ajudem na luta por uma sociedade menos preconceituosa.

Nesse sentido, a MTV também tem uma série de exemplos: a semana LGBT, quando o logo ficou colorido e a programação trouxe documentários e histórias emocionantes sobre jovens que se identificam com a sigla; o Out in 60, no qual pessoas dão depoimentos de 60 segundos sobre como foi “sair do armário”; e o #PqMulher, uma campanha que defende o lugar da mulher como sendo onde ela quiser.

Mas sabe o que os jovens de hoje têm de mais bonito? Corações elásticos, além de não acreditarem que mudar de postura ou de estratégia diante de diferentes situações seja perder a autenticidade. Por isso, mais do que nos comunicar com essa geração, precisamos aprender a ser um pouco mais parecidos com eles.

*Mari Saes é socióloga, formada pela Universidade de São Paulo. Tem 12 anos de experiência em pesquisa. Sete anos em Instituto (IBOPE Inteligência), com atuação no atendimento, análise e apresentação de estudos ad-hoc sobre os mais variados temas, desde pesquisas de intenção de voto a avaliação de telenovelas. Desde 2011, atua na área de Pesquisa e Insights de veículos – dois anos na antiga MTV Brasil do Grupo Abril, e, desde Agosto de 2013, na Viacom Networks Brasil.

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