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Projeto tira área do Parque Ezechias Heringer

Pulmão do Guará pode perder espaço que fica próximo ao ParkShopping, denunciam ambientalistas

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
1 de 1 Daniel Ferreira/Metrópoles - Foto: null

Muitas árvores, capivaras, orquídeas e casais de idosos passeando na pista de cooper. Quem olha para esse cenário bucólico mal sabe a turbulência pela qual o Parque Ecológico do Guará Ezechias Heringer  vem passando nos últimos tempos. São problemas para todos os lados. Moradias irregulares e falta de segurança estão entre as principais reclamações. Mas, agora, o que tira o sono dos defensores do local é uma proposta que tramita na Câmara Legislativa que reduz a área do parque.

O Projeto de Lei Complementar (PLC) 24/2015, de autoria do Executivo, prevê que o parque ceda 23 dos 306 hectares para uso da Terracap. Essa área, próxima ao complexo residencial localizado ao lado ParkShopping, é a mesma que seria destinada a um parque aquático, iniciativa que nunca seguiu em frente por estar localizado dentro de uma reserva ecológica.

Desafetando a área, qualquer tipo de empreendimento poderia ser construído na região, tornando ainda mais difícil a preservação da flora local. Tido como o pulmão do Guará, os ambientalistas defendem que toda a área deve ser integralmente preservada.

Há muitas espécies nativas do cerrado por aqui e uma das poucas áreas verdes da cidade. Temos que cuidar para que ela se mantenha assim.

diz Amarildo Castro, frequentador do parque
Cerca de 80 chacareiros ocupam áreas no parque*Fotos: Daniel Ferreira/Metrópoles**

Em defesa da proposta, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) afirma que, ao mesmo tempo que o parque perderia 23 hectares, seriam adicionados a outros 81 hectares ao local. Essa nova área compreende solos hidromórficos e campos de murundus, um dos ambientes mais ameaçados do cerrado.

O órgão afirmou, em nota, que essa área desafetada se encontra “bastante degradada e sem características ambientais”.

Chacareiros
Atualmente, o parque é uma reserva ecológica, o que torna proibida a moradia de qualquer pessoa dentro do espaço. Porém, isso não parece intimidar os 80 chacareiros que vivem na região – que começou a ser ocupada há cerca de 30 anos. “A situação é tão ruim que uma das casas impede o acesso do público ao rio que corta o parque”, afirma George Marques, 25 anos, relações públicas na Câmara dos Deputados e frequentador do espaço.

A Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) já foi alertada sobre isso e mesmo após mapear as invasões e oferecer indenização para que essa pessoas se mudem para outra região eles permanecem por lá – e nenhum órgão agiu contra isso.

Enquanto o embate não se resolve, os frequentadores sofrem com mais um problema: a falta de segurança. Como a poligonal do parque não está definida, muitos pontos do local não contam com cercas e nem seguranças. “Não tem fiscalização em lugar nenhum. Estamos abandonados”, desabafa Luciano Lima, representante do movimento Amigos do Parque do Guará.

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