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Selic: ritmo de corte deve se manter no início do ano, dizem analistas

Economistas acreditam que Banco Central fará pelo menos mais duas reduções de 0,5 ponto percentual na taxa de juros, em janeiro e março

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Fachada do prédio do Banco Central do Brasil em Brasília - Metrópoles
1 de 1 Fachada do prédio do Banco Central do Brasil em Brasília - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de reduzir novamente a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, desta vez para 11,75% ao ano, confirmou o que o mercado já esperava e deve ser repetida nas primeiras reuniões do colegiado em 2024.

Segundo economistas, analistas e agentes do mercado ouvidos pela reportagem do Metrópoles, o teor do comunicado divulgado pela autoridade monetária deixa claro que o ritmo de cortes da Selic deve ser mantido pelo menos nas reuniões programadas para janeiro e março do ano que vem.

“O parágrafo mais esperado do comunicado não sofreu mudanças. Os membros do Copom anteevem cortes de mesma magnitude nas próximas reuniões, no plural. Eles mantiveram exatamente o mesmo texto, o que sinaliza para mais um corte de 0,5 ponto percentual em janeiro e outro corte de 0,5 na segunda reunião de 2024, em março”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master e mestre, doutor e professor de economia na Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, “o alívio registrado no cenário internacional desde a última reunião, com a queda das taxas de juros de mercado nos EUA e o enfraquecimento global do dólar, e a continuação da queda da inflação doméstica dão ao comitê para continuar sinalizando cortes de juros nas próximas reuniões”.

“Acreditamos, por ora, que o BC deve manter o ritmo de corte de juros de 50 pontos-base ao longo da primeira metade do ano que vem. Projetamos Selic em 11,75% ao final de 2023 e em 9,25% ao final de 2024”, afirma Salles.

Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, avalia que “o tom (do comunicado) veio bem positivo e com uma expectativa de mais reduções futuras, no plural e não no singular, o que anima o mercado”.

“O comitê defende a manutenção desse ritmo de 0,50 ponto percentual. E, para as decisões futuras, mais uma vez menciona as expectativas de quanto aos dados de inflação futura, de acordo, principalmente, com a questão do movimento fiscal no Brasil. Afirma que a ancoragem das metas fiscais para as expectativas são necessárias para que a gente mantenha esse ritmo. Veio uma ata bem prudente para o momento atual”, afirma Moura.

Segundo Marco Caruso, economista-chefe do PicPay, o Copom deu uma clara mensagem de “manutenção dessa sequência de cortes nas próximas reuniões”. “A opção deles foi por não embarcar em nenhuma sinalização muito diferente disso. O Copom muda muito pouco o texto de um comunicado para o outro. Não abriu nem uma fresta para uma discussão sobre aceleração do ritmo de cortes”, observa.

Caio Schettino, head de alocações da Criteria, tem a mesma avaliação e projeta reduções da Selic na mesma magnitude no início de 2024. “Temos um certo grau de confiança na sequência de cortes de 50 pontos-base nas próximas duas reuniões, em janeiro e março de 2024. Acreditamos que cortes de 0,75 ponto percentual só serão possíveis quando os Estados Unidos e a Europa começarem a flexibilizar suas políticas. Esperamos que, no segundo semestre de 2024, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) e o Banco Central Europeu (BCE) iniciem o afrouxamento monetário para aliviar as condições financeiras”, diz.

Inflação não mudou “plano de voo” do BC

Segundo João Coutinho, economista e diretor da RJ+ Asset, nem mesmo os dados de inflação no Brasil, que vieram abaixo das projeções, foram suficientes para que o Copom mudasse o “plano de voo”.

“Os dados do PIB no terceiro trimestre, que vieram acima do consenso, além da revisão do PIB do segundo trimestre, também para cima, não ajudaram a pressionar o Banco Central a acelerar o ritmo. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de novembro veio abaixo do consenso. Mesmo assim, o dado não foi suficiente para mudar a magnitude do corte definido pelo Copom”, afirma Coutinho.

“De forma geral, a inflação no mundo tem se mostrado controlada e a preocupação com o crescimento das economias deverá dar o tom ao ritmo dos cortes para 2024. Em breve, também teremos uma noção de quando esses cortes irão parar aqui no Brasil.”

Foi o quarto corte dos juros desde agosto, quando o Copom interrompeu o ciclo de aperto monetário e baixou a Selic em 0,5 ponto percentual, de 13,75% para 13,25% ao ano. Em setembro, a taxa caiu mais 50 pontos-base, para 12,75% e, em novembro, baixou para 12,25%.

O novo patamar da Selic é o menor desde a reunião do Copom de março de 2022, quando os juros estavam em 11,75% ao ano.

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