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O que pensa Galípolo, o futuro secretário-executivo da Fazenda

Economista foi sócio de Belluzzo, com que escreveu 3 livros, e publicou artigo com Haddad, defendendo a criação de uma moeda sul-americana

atualizado

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Reprodução/ ABJD
Gabriel Galípolo
1 de 1 Gabriel Galípolo - Foto: Reprodução/ ABJD

Gabriel Galípolo é conhecido no mercado pela participação em debates sobre os impasses do capitalismo e da sociedade no mundo contemporâneo. É coautor de “Manda quem pode, obedece quem tem prejuízo”, “A escassez na abundância capitalista” e “Dinheiro: o poder da abstração real”, todos escritos em parceria com o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, um conhecido conselheiro de Lula na área econômica. Galípolo e Belluzzo dividiram por um ano uma consultoria. A empresa foi desfeita quando Belluzzo assumiu a presidência do Palmeiras. Galípolo também é palmeirense – e fã de rock.

A proximidade de Galópolo com o pensamento de Belluzzo é, segundo agentes de mercado, um fator preocupante. Belluzzo é um dos defensores mais aguerridos da nova matriz econômica, uma teoria de caráter desenvolvimentista. Na prática, e em linhas gerais, seus defensores pregam a execução de gastos parrudos do governo, o uso de bancos públicos para estimular a demanda, assim como o controle de preços (combustíveis, por exemplo). O resultado pretendido com isso tudo seria o aquecimento da economia. Esta, uma vez nessas condições de temperatura, aceleraria o crescimento econômico.

Críticos do modelo, contudo, consideram que tal tese ignora um detalhe: o funcionamento de um sistema de preços no dia a dia da vida do país. E assim o que ocorre não é crescimento, mas inflação e descontrole fiscal. Ingredientes que, para esses técnicos, levaram à crise econômica entre 2015 e 2016, no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. A agravante é que a questão fiscal, a relação entre receitas e gastos do governo, voltou ao centro do debate após a elaboração da PEC da Transição, que prevê despesas que podem superar os R$ 200 bilhões, em 2023.

Galípolo também publicou um artigo no jornal Folha de S.Paulo, no dia 1º de abril deste ano, assinado em parceria com Fernando Haddad. No texto, o novo ministro e o futuro secretário-executivo da Fazenda defenderam a criação de uma moeda sul-americana, nos moldes do euro. Disseram que ela poderia impulsionar o processo de integração regional, “marcado pelo ritmo lento e por momentos de recuo”. Isso além de “fortalecer a soberania monetária dos países da América do Sul, que enfrentam limitações econômicas decorrentes da fragilidade internacional de suas moedas”.

Após a indicação, o nome Galípolo, formado pela PUC-SP, recebeu elogios pela capacidade de diálogo, mas críticas também. O economista Alexandre Schwartsman, consultor e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), comentou: “Foi o sujeito que proclamou que quem se preocupasse com inflação em 2021 precisava de camisa de força. Até poderíamos achar alguém pior, mas teríamos que nos esforçar”. No Twitter, Schwartsman postou um vídeo com comentários de Galípolo sobre a impossibilidade de surtos inflacionários no país no ano passado.

André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton, definiu como “bom” o nome de Galípolo para a secretaria-executiva do Ministério. “É uma pessoa extremamente hábil em promover pontes com o mercado”, disse. “Já foi presidente de uma instituição financeira, o Banco Fator, e tem um trato direto e muito franco com integrantes desse setor.”

Perfeito, porém, observa que “talvez o mercado preferisse alguém mais ortodoxo”. “Mas acho que o desafio de Haddad não é nem ortodoxo nem heterodoxo”, pontua. “Ele terá de criar uma equipe suficientemente heterogênea para conseguir suavizar a percepção ruim da trajetória fiscal.” Para Perfeito, um dos postos mais importantes do Ministério da Fazenda é a Secretaria de Política Econômica, que define como um “cargo-chave para articular essa questão”.

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