Na 3ª queda seguida, setor de serviços recua 0,6% em outubro, diz IBGE

O volume de serviços no Brasil recuou 0,6% em outubro deste ano, na comparação com setembro, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (13/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já na comparação anual, em relação a outubro do ano passado, os serviços recuaram 0,4%, a segunda taxa negativa consecutiva nessa base de comparação.

Com o resultado de outubro, o setor está 10,2% acima do nível registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia de Covid-19, e 3,2% abaixo de dezembro de 2022 (o ponto mais alto da série histórica).

No acumulado do ano, a alta dos serviços é de 3,1% em relação ao mesmo período de 2022. Nos últimos 12 meses até outubro, a variação é de 3,6% – o pior resultado desde julho de 2021.

O resultado mensal veio pior do que as estimativas do mercado – a maioria dos analistas esperava variação nula (0%) na base mensal. Na comparação anual, a expectativa era crescimento de 0,4%.

Em setembro, o volume de serviços no país caiu 0,3%, na comparação mensal, e 1,2%, na base anual.

2 das 5 atividades tiveram queda

O setor de serviços registrou queda em duas das cinco atividades pesquisadas em outubro: transportes (-2%) e serviços prestados às famílias (-2,1%).

Em direção contrária, os serviços profissionais, administrativos e complementares (+1%) e os de informação e comunicação (+0,3%) foram os responsáveis pelas únicas altas do mês.

Recuo em 12 das 27 unidades da Federação

De acordo com o levantamento do IBGE, houve queda no volume de serviços em 12 das 27 unidades da Federação, na comparação com o mês anterior.

Os recuos mais importantes foram de Mato Grosso (-7%), Rio de Janeiro (-2,9%) e Paraná (-2,1%).

Entre os resultados positivos do mês, destaque para São Paulo (+0,4%), Minas Gerais (+1,2%), Rio Grande do Sul (+1,9%) e Distrito Federal (+2,5%).

Turismo em baixa

Segundo o IBGE, o índice de atividades turísticas registrou variação negativa de 1,1% em outubro, na comparação com setembro. Com isso, o segmento se encontra 5% acima do patamar de fevereiro de 2020 (antes do início da pandemia de Covid-19) e 2,4% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.

O IBGE mostra ainda que sete dos 12 locais pesquisados acompanharam esse movimento de retração. As influências negativas mais relevantes foram de Rio de Janeiro (-9%), seguido por Santa Catarina (-5,1%) e Bahia (-2,6%).

As maiores altas foram de Distrito Federal (+3,5%), Pernambuco (+4,2%) e São Paulo (+1,9%).

Análise

Segundo Igor Cadilhac, economista do PicPay, “a intensidade da desaceleração de um setor importante da atividade econômica, o de maior peso e cuja dinâmica tende a ser mais inercial, tem sido maior que o esperado”.

“De toda forma, ainda mantemos uma visão relativamente positiva para o último semestre, que deve flertar com variações do PIB próximas a zero. Para 2023, projetamos um avanço de 2,3% da Pesquisa Mensal de Serviços”, diz o economista.

Para Maykon Douglas, economista da Highpar, “o destaque negativo foi novamente o setor de transportes, que contraiu 2%, baixa ligada ao momento de ajuste da agropecuária diante da expectativa menor da próxima safra, mas também pela timidez da produção industrial”.

“Embora venha de patamares muito elevados, fruto da enorme expansão vivenciada durante e após a pandemia, e apesar da expansão da renda média no mercado de trabalho, nos últimos meses o setor está passando por uma correção mais forte do que se esperava”, conclui Maykon.