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Com queda de 57%, investimento em startup tem pior resultado em 5 anos

No ano passado, volume de investimentos recebidos por startups foi de US$ 1,9 bilhão, o que representa uma queda de 56,8% em relação a 2022

atualizado

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1 de 1 startup - Foto: Unsplash

Dados divulgados nesta quarta-feira (10/1) pela plataforma Distrito mostram que os investimentos em startups brasileiras recuaram pelo segundo ano consecutivo em 2023.

No ano passado, o volume de investimentos recebidos por essas empresas foi de US$ 1,9 bilhão, o que representa uma queda de 56,8% em relação a 2022. Trata-se do mais baixo nível de aportes em cinco anos, desde 2018.

Segundo os números da Distrito, a quantidade de negociações também caiu entre 2022 e 2023, de 931 para 455 (-51%). Neste momento, o setor enfrenta dificuldades, depois de ter atingido o pico em 2021, com US$ 9,9 bilhões em aportes.

Na América Latina, o total de investimentos em startups foi de US$ 3,1 bilhões no ano passado, um tombo anual de 60,4%.

“Tivemos um ciclo de crescimento muito forte impulsionado pelo cenário macroeconômico bom, com taxas de juros baixas e com um momento que impulsionava a transformação digital das empresas. Desde então, entramos em ciclo de correções”, afirma o diretor de pesquisa do Distrito, Eduardo Fuentes.

“Tudo indica que vamos ter um ano de 2024 melhor do que o ano passado. Mas será uma retomada mais racional. Os investidores passam a analisar mais a capacidade das empresas se tornarem lucrativas e saudáveis financeiramente”, avalia.

O “inverno” das startups

Reportagem publicada pelo Metrópoles no ano passado mostrou que, depois de um período de forte expansão no auge da pandemia de Covid-19, em 2020 e 2021, com grande liquidez do mercado, dinheiro farto e sucessivos recordes de captação, o inverno chegou para as startups.

Em 2022, uma série de empresas emergentes, recém-criadas ou em fase de desenvolvimento, tiveram de enfrentar uma maré adversa, que levou à queda no volume de aportes e demissões em massa em companhias como Loft, Quinto Andar, 99, Facily e Buser.

Segundo dados da plataforma de dados de inovação Sling Hub, os investimentos em startups no Brasil somaram US$ 5,2 bilhões (cerca de R$ 26,5 bilhões) em 2022, um recuo de 50% em relação ao montante registrado no ano anterior (US$ 10,5 bilhões). Em toda a América Latina, a retração foi de 35%, caindo de US$ 18,4 bilhões para US$ 12 bilhões em aportes.

Ainda de acordo com o relatório, as rodadas de investimentos superiores a US$ 50 milhões despencaram em 2022. No Brasil, foram 26, ante 47 de 2021; na América Latina, o total caiu de 93 para 62 de um ano para o outro.

O empreendedor Paulo Veras, cofundador da 99 (primeira startup do país a alcançar o posto de unicórnio) e longe da companhia há cinco anos, quando vendeu sua participação, afirma que muitas startups cresceram além do que poderiam no período de bonança. “O acesso a capital muito fácil e barato levou muitas startups a gastarem mal. Levantaram mais dinheiro do que precisavam e gastaram muito mais rápido. Vivemos um ciclo de exageros e agora estamos vivendo uma correção. Essa conta um dia chegaria – e chegou”, diz.

Entre os fatores apontados como responsáveis por esse novo quadro, está o cenário político-econômico global conturbado, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, a desorganização das cadeias produtivas, inflação e juros altos.

“Grande parte dessa redução de capital para investimentos em startups está ligada ao cenário econômico mundial. Alguns dos principais fundos de investimento vêm cortando investimento diante das incertezas econômicas”, constata Marcos Pedroso, gerente de Parcerias e Plataformas Abertas na TecBan, empresa especializada em gestão de redes de autoatendimento bancário. “Nesse contexto, muitas empresas que tinham feito captações e estavam esperando crescer ainda mais acabaram sendo impactadas.”

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