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BC fala em “esmorecimento” na questão fiscal e “incerteza” sobre meta

“Incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia”, diz ata do Copom

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Imagem aérea do Banco Central BC em Brasília Lula concurso focus - Metrópoles
1 de 1 Imagem aérea do Banco Central BC em Brasília Lula concurso focus - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Seis dias depois de reduzir novamente em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), de 12,75% para 12,25% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou, nesta terça-feira (7/11), a ata da última reunião do colegiado.

Foi o terceiro corte dos juros desde agosto, quando o Copom interrompeu o ciclo de aperto monetário e baixou a Selic em 0,5 ponto percentual, de 13,75% para 13,25% ao ano. Em setembro, a taxa caiu mais 50 pontos-base, para 12,75%.

Havia um consenso no mercado de que a Selic seria reduzida novamente em 0,5 ponto percentual, para 12,25% ao ano – o próprio Copom indicou, nos comunicados que acompanharam as últimas decisões, que seguiria esse caminho de cortes. A principal explicação é a desaceleração consistente da inflação no Brasil nos últimos meses.

Segundo a ata divulgada pelo Copom, aumentou a preocupação da autoridade monetária em relação ao cumprimento das metas fiscais por parte do governo. O comitê também chamou atenção para um cenário internacional “adverso”, com projeção de novas elevações da taxa de juros nos Estados Unidos.

“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, afirma o Copom.

“O Comitê vinha avaliando que a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas nota que, no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco. Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, diz a ata do BC.

Ainda no cenário doméstico, a autoridade monetária projeta uma desaceleração da economia nos próximos meses, destacando que esse processo já está em andamento.

“O conjunto de indicadores recentes de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração esperado pelo Comitê. Nota-se uma desaceleração nos dados de atividade referentes a agosto, em particular em serviços. Por outro lado, o mercado de trabalho segue aquecido, mas apresenta alguma moderação na margem”, afirma o Copom.

“No que se refere à atividade econômica doméstica, o Comitê segue antecipando uma desaceleração da atividade econômica ao longo do segundo semestre, após as surpresas no crescimento observadas no primeiro semestre. Em consonância com esse entendimento, os dados divulgados no período mais recente sugerem uma perda de dinamismo no setor de serviços após um crescimento maior do que o esperado ao longo do primeiro semestre”, prossegue o texto da ata.

Inflação e ritmo de cortes

Na ata divulgada pela autoridade monetária, o Copom diz que “a inflação ao consumidor segue a trajetória esperada de desinflação, com uma composição benigna, exibindo desaceleração tanto na inflação de serviços quanto nos núcleos de inflação”.

“Os indicadores que agregam os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que possuem maior inércia inflacionária, apresentaram menor inflação, mas mantêm-se acima da meta. As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,6%, 3,9% e 3,5%, respectivamente”, diz o texto.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, prossegue o Copom.

“O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.”

Conjuntura internacional “adversa”

Na ata divulgada nesta terça, o comitê voltou a alertar para o complicado cenário internacional. “O ambiente externo mostra-se adverso, em função da elevação das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos, da resiliência dos núcleos de inflação em níveis ainda elevados em diversos países e de novas tensões geopolíticas”, diz o BC.

“O Comitê avalia que a conjuntura internacional se mostra adversa. Passado o primeiro movimento de desinflação decorrente da normalização das cadeias produtivas, dos efeitos iniciais dos apertos de política monetária e do arrefecimento das pressões sobre commodities, o Comitê se deteve sobre as fontes de desinflação para os próximos trimestres”, afirma o Copom.

“Em um contexto geopolítico incerto, com um mercado de trabalho aquecido e um hiato do produto apertado nas economias avançadas, o Comitê avalia que a estratégia de aperto monetário prolongado tem sido fundamental para conter a inflação mundial, facilitando o controle inflacionário dos países emergentes. Por outro lado, o aperto monetário global pode trazer pressões sobre o câmbio e impactar o preço dos ativos domésticos, contribuindo para um processo desinflacionário interno mais lento no curto prazo.”

Segundo a ata do Copom, “os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho”. “O Comitê avalia que o cenário exige atenção e cautela por parte de países emergentes”, conclui a autoridade monetária.

Reunião do Copom

O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia de reuniões, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia no Brasil e no mundo, além do comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do comitê definem a taxa Selic.

A próxima reunião do comitê está marcada para os dias 12 e 13 de dezembro. Será o último encontro em 2023.

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