Zelensky rejeita cessar-fogo anunciado por Putin: “Disfarce”
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky afirmou que cessar-fogo é somente uma desculpa de Putin para avançar tropas russas
atualizado
Compartilhar notícia

Após o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar um cessar-fogo entre esta sexta-feira (6/1) e o sábado (7/1), o mandatário da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, rejeitou qualquer processo nesse sentido e afirmou se tratar de um truque. O cessar-fogo foi pedido do líder espiritual da Igreja Ortodoxa da Rússia, patriarca Kiril, por causa do Natal da religião.
A pauta começaria ao meio-dia de sexta-feira e terminaria à meia-noite de sábado.
“Eles agora querem usar o Natal como disfarce, ainda que brevemente, para deter os avanços de nossos meninos em Donbass e trazer equipamentos, munições e tropas mobilizadas para mais perto de nossas posições”, disparou Zelensky, em vídeo. “O que isso vai dar a eles? Apenas mais um aumento em suas perdas totais”, continuou.

A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra Anastasia Vlasova/Getty Images

A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito Agustavop/ Getty Images

A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local Pawel.gaul/ Getty Images

Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km Getty Images

Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia Andre Borges/Esp. Metrópoles

Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país Poca/Getty Images

A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro Kutay Tanir/Getty Images

Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta OTAN/Divulgação

Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território AFP

Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images

Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado Will & Deni McIntyre/ Getty Images

O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles Vostok/ Getty Images

Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo Vinícius Schmidt/Metrópoles
Um detalhe importante: Zelensky discursou em russo. E ele estava falando diretamente ao Kremlin, ao disparar a última frase: “A guerra terminará quando seus soldados partirem ou nós os expulsarmos”.
Putin anunciou na quinta-feira o cessar-fogo contra Kiev. A justificativa é a comemoração do Natal ortodoxo nos dois países.
Apesar de o pedido ter vindo da própria Igreja Ortodoxa, o governo ucraniano, contudo, reforça que a instituição contribuiu com o “assassinato em massa” de inúmeros cidadãos da Ucrânia e, constantemente, se portou como uma “propagandista de guerra”.