metropoles.com

Washington Post critica reação misógina ao poder feminino e cita Dilma

Artigo publicado pelo jornal norte-americano por ocasião do Dia Internacional da Mulher e aponta as resistências o empoderamento feminino

atualizado

Compartilhar notícia

Um artigo publicado nesta terça-feira (8/3) pelo jornal norte-americano The Washington Post apontou as revezes experimentadas por mulheres que estiveram no poder e, por isso, desencadearam reações misóginas que acabaram por reverter os ganhos femininos na política.

O texto é assinado pela cientista política Farida Jalalzai, co-autora do livro “Empoderamento e desempoderamento das mulheres no Brasil: a ascensão e queda da presidente Dilma Rousseff”. Na obra, ela identifica o machismo preponderante no processo de cassação da ex-presidente, em 2016. Dilma, inclusive, é citada no artigo.

A autora destaca ainda o papel preponderante de várias mulheres que assumiram o poder durante a pandemia da Covid-19 e que tiveram como marca políticas mais eficientes e melhores resultados na gestão da pandemia. Ela cita como exemplo o papel desempenhado por Samia Suluhu Hassan, que assumiu a presidência da Tanzânia quando John Pombe Magufuli, um negacionista da pandemia, morreu.

“Ela rapidamente reverteu a abordagem de seu antecessor. Ao ser vacinada ao vivo na televisão, lançando uma campanha nacional de vacinação, ela afirmou: ‘Sou mãe de quatro filhos, avó de vários netos e esposa, mas acima de tudo sou presidente e comandante em chefe. Eu não me colocaria em perigo sabendo que tenho todas essas responsabilidades como pastor da nação'”, exemplificou.

“Durante a pandemia e outras crises políticas recentes, algumas líderes femininas tiveram a chance de mostrar diferentes tipos de políticas e estilos de liderança de seus colegas homens – e permitiram que os cidadãos avaliassem se eles oferecem melhores resultados. Mas as crises estão repletas de riscos, e os cidadãos podem examinar as líderes femininas com mais severidade, às vezes levando a uma reação de gênero”, destacou Jalalzai.

A cientista política aponta que, com o passar do tempo durante a pandemia, as respostas dos países variaram. Entreanto, alguns observadores concluíram que as mulheres líderes lidaram com o desafio com mais sucesso do que os homens.

“Seja isso verdade ou não, as mulheres líderes políticas geralmente são mais propensas do que os homens a apoiar uma variedade de medidas de saúde pública e aumentar os gastos com saúde, e isso foi visível em sua resposta à pandemia. Muitas líderes femininas responderam rapidamente às ameaças e elaboraram políticas para lidar com os efeitos desproporcionais que a pandemia teve sobre mulheres e meninas”, destaca o texto.

Compartilhar notícia