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Venezuela: Maduro assume 3º mandato sob acusação de fraude eleitoral

Em cerimônia esvaziada de lideranças internacionais, Nicolás Maduro foi reempossado presidente da Venezuela e fica no poder até 2030

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Divulgação/Assembleia Nacional da Venezuela
Nicilás Maduro, presidente da Venezuela
1 de 1 Nicilás Maduro, presidente da Venezuela - Foto: Divulgação/Assembleia Nacional da Venezuela

Há 12 anos no poder, Nicolás Maduro conseguiu mais uma vez. Mesmo cercado de críticas quanto à legitimidade de sua vitória nas urnas, o herdeiro político de Hugo Chávez foi empossado para um terceiro mandato como presidente da Venezuela, podendo ficar no mais alto cargo do país até o final de 2030. O evento que marcou a manutenção do chavismo no poder aconteceu nesta sexta-feira (10/1).

O político, que adotou uma postura autoritária nos últimos anos, chegou à Assembleia Nacional da Venezuela por volta das 11h30 (10h30, no horário local) para prestar juramento e assumir a Presidência diante do Legislativo do país.

A cerimônia foi um reflexo do isolamento de Maduro perante o mundo: estava esvaziada de lideranças internacionais. O governo Lula, antigo aliado, mandou a embaixadora do Brasil na Venezuela, Gilvânia de Oliveira, ao evento.

A posse foi comandada por Jorge Rodríguez, chavista de primeira hora e presidente do Parlamento unicameral, que apenas recolocou em Maduro a faixa presidencial.

Maduro prometeu cumprir todas as obrigações constitucionais e afirmou que seu mandato será marcado por “paz, prosperidades, igualdade e a nova democracia”, numa clara contradição ao momento de crise pelo qual a Venezuela passa, em uma semana marcada pela perseguição e prisões de opositores ao regime.

Em seu discurso, Maduro voltou a recorrer à retórica anti-imperialista e disse que sua suposta vitória veio da “vontade popular”, mesmo em uma gestão marcada pela repressão política e desaprovação popular.

“Eu não fui eleito como presidente pelo governo dos Estados Unidos, nem pelos governos pró-imperialistas da direita latino-americana, não fui eleito pela oligarquia. Venho do povo, sou do povo e meu poder emana da história e do povo. E ao povo devo minha vida completa, em corpo e alma”, disse.

Apesar das críticas internacionais, e de acusações sobre uma interferência internacional na Venezuela, Maduro afirmou que seu governo prega o diálogo.

“Temos uma diplomacia de paz e seguirá uma diplomacia de paz. Queremos o diálogo e negociações”, declarou o líder chavista.

Porém, no mesmo discurso em que citou o “diálogo”, o presidente fez ameaças aos que chamou de “traidores da pátria”. “Digo-lhes: nós somos os redatores dessa Constituição. Ela nasceu apesar de vocês, oligarcas, e cumpriremos a Constituição”, ressaltou. Ele voltou a dizer que dará início a uma comissão para elaborar uma reforma constitucional no país.

Polêmicas

Desde o fim de julho de 2024, quando as eleições venezuelanas foram realizadas, a vitória de Nicolás Maduro tem sido contestada pela oposição e por grande parte da comunidade internacional.

A principal queixa é a de que autoridades da Venezuela, sob o domínio do chavismo, não apresentaram as atas eleitorais que poderiam comprovar a reeleição do atual presidente.

Com o aumento da pressão pela divulgação dos resultados das urnas, Maduro adotou a retórica de que a Venezuela estaria sendo alvo de um esforço internacional para interferir no país.

Por isso, ele tomou diversas medidas polêmicas, como o rompimento de relações diplomáticas com países que contestaram sua vitória, e também prendeu estrangeiros em território venezuelano, acusados de serem mercenários.

A oposição venezuelana viu a repressão aumentar na mesma medida em que a pressão contra o chavismo crescia.

Isso forçou Edmundo González, adversário político de Maduro nas últimas eleições, a deixar a Venezuela e buscar asilo político na Espanha, após ser alvo de uma ordem de prisão. A dias da posse presidencial, uma recompensa de US$ 100 mil foi oferecida pela captura do ex-embaixador.

De julho de 2024 a janeiro deste ano, os registros são de aumento na repressão e perseguição no país. Segundo a Missão Internacional Independente de Investigação de Fatos da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 1,8 mil pessoas estão presas na Venezuela por motivos políticos.

O último dos casos aconteceu a um dia da posse, nessa quinta-feira (9/1), quando a oposição denunciou a prisão de María Corina Machado na capital Caracas. Após ficar cerca de uma hora desaparecida, a opositora de Maduro foi solta. 

Opositor promete retornar

Mesmo com uma recompensa milionária por sua captura, Edmundo González prometeu retornar à Venezuela para assumir o Palácio de Miraflores nesta sexta, após se exilar na Espanha.

Até o momento, no entanto, não há informações sobre a presença do opositor de Maduro na Venezuela.

Sua última localização conhecida foi a República Dominicana, onde se reuniu com autoridades locais na esteira de um giro internacional pela América Latina e Caribe.

Briga com Lula

A contestada eleição de Maduro estremeceu a amizade com um amigo antigo: o presidente Lula. Em agosto do ano passado, o petista disse “ainda não” reconhecer o colega como presidente reeleito. Lula acrescentou, na ocasião, que o líder venezuelano estava “devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo”.

O brasileiro disse manter boa “relação com a Venezuela desde que tomei posse em 2002”, mas afirmou não ser seu papel dar “palpite” no “presidente de outro país”.

“Essa relação ficou deteriorada, porque a situação política está ficando deteriorada na Venezuela. Eu conversei pessoalmente com o Maduro antes das eleições, não conversei [depois], dizendo que a transparência e a legitimidade do resultado eram o que ia permitir continuar brigando para que fossem suspensas as sanções contra a Venezuela”, afirmou o petista.

Lula reiterou à época não ser possível declarar um vencedor, “porque não tenho dados”. “Não quero me comportar de forma apaixonada e precipitada. Maduro tem seis meses de mandato ainda, é presidente, independentemente das eleições”, argumentou.

A relação entre Lula e Maduro azedou de vez quando a Venezuela teve o pedido de ingresso como país parceiro do Brics vetado pelo Brasil.

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