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Ucrânia: Anistia Internacional denuncia crimes de guerra

A secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, afirmou que há ataques intencionais contra infraestruturas civis

atualizado

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Joe Raedle/Getty Images
Ataque com mísseis russos em Lviv, na Ucrânia
1 de 1 Ataque com mísseis russos em Lviv, na Ucrânia - Foto: Joe Raedle/Getty Images

Após a negociação de um cessar-fogo parcial entre Rússia e Ucrânia, a Anistia Internacional denunciou crimes de guerra e acusou as tropas do presidente Vladimir Putin de criarem “armadilhas mortais” no conflito.

Nesta terça-feira (29/3), a entidade de defesa dos direitos humanos defendeu que a guerra na Ucrânia se assemelha à que ocorre na Síria — país que vive instabilidade política há mais de uma década.

A secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, afirmou que há ataques intencionais contra infraestruturas civis e residenciais e bombardeios de escolas. Ela acusou a Rússia de proporcionar corredores humanitários para transformá-los em “armadilhas mortais”.

Callamard comparou Mariupol, no leste da Ucrânia, com a cidade síria de Aleppo, devastada pelos combate do regime de Damasco, que é apoiado pela Rússia.

A prefeitura de Mariupol, no sul ucraniano, afirma que a invasão russa causou a morte de 5 mil civis. A região está sitiada há mais de 20 dias.

Na segunda-feira (28/3), o prefeito de Mariupol, Vadym Boichenko, afirmou que o Exército russo “prendeu”  milhares de moradores na cidade sem energia e com poucos suprimentos.

Segundo a prefeitura, 90% dos prédios foram danificados e 40% destruídos, incluindo hospitais, escolas, creches e fábricas. Cerca de 140 mil pessoas fugiram da cidade. “A situação continua difícil. As pessoas estão além da linha de catástrofe humanitária”, denunciou Boichenko.

Nos últimos dias, Mariupol se tornou um dos principais alvos de ataques. Segundo autoridades ucranianas, 100 mil pessoas estavam na região e não conseguiram fugir.

O conflito sírio

Na história recente, uma das guerras mais emblemáticas ocorre na Síria. Lá, o conflito civil armado teve início em 2011, depois que o governo do presidente Bashar al Assad reprimiu violentamente uma série de manifestações, inclusive com uso de armas químicas.

Quatro facções alimentam o conflito: os fiéis a Assad, uma série de grupos de oposição, as forças curdas e o Estado Islâmico. Ao todo, 5,6 milhões fugiram da guerra civil no país.

O Metrópoles publicou reportagem mostrando que outros 17 países estão em guerra, além da Ucrânia. Alguns conflitos, segundo dados do Conselho de Relações Exteriores, órgão internacional criado em 1921, ultrapassam 10 anos.

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Cessar-fogo

Depois de mais uma rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia para pactuar o cessar-fogo, o vice-ministro da Defesa russo, Alexander Fomin, informou que o país presidido por Vladimir Putin “reduzirá radicalmente a atividade militar”. A invasão russa ao território ucraniano teve início no dia 24 de fevereiro e já matou milhares de civis e militares.

“Ficou estabelecida a redução drástica da atividade militar nas proximidades de Kiev e Chernigov. Esperamos que decisões relevantes sejam tomadas em Kiev e que as condições para mais trabalho normal sejam criadas”, disse Fomin ao fim da reunião, que aconteceu em Istambul, na Turquia, nesta terça-feira.

O ministro expressou preocupação com a integridade dos soldados russos capturados pelos ucranianos e pediu para a Ucrânia “cumprir plenamente as Convenções de Genebra, inclusive no que diz respeito ao tratamento humano dos prisioneiros de guerra”.

Em entrevista à agência de notícias RT, o chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, declarou que o país “está dando dois passos para diminuir o conflito em direção à Ucrânia”.

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